CEO e fundador da V-Lab, startup com foco em vídeo para saúde diagnóstica, explica como a tecnologia está ajudando o setor da saúde a se estruturar para o futuro
A tecnologia vem causando uma revolução em diversas áreas da vida humana, e com a chegada da pandemia, tem sido uma facilitadora e verdadeira protagonista na área médica. Segundo o relatório da plataforma Distrito, só esse ano foram investidos, aproximadamente, 580 milhões de reais nas healthtechs brasileiras, startups que desenvolvem novas soluções tecnológicas para o setor da saúde.
O que podemos observar é que elas surfaram na onda da pandemia mundial de Covid-19, crescendo, rapidamente, e acompanhando o fluxo do aumento do uso de dispositivos digitais para o cuidado à saúde, encabeçado principalmente pela telemedicina. De acordo com o Saúde Digital Brasil (Associação Brasileira de Empresas de Telemedicina e Saúde Digital), o teleatendimento cresceu em 316% durante esse período de crise sanitária.
Para o Thiago Lima, CEO e fundador da V-Lab, healthtech que oferece soluções de tecnologia com foco em vídeo para saúde diagnóstica e telemedicina, a telessaúde permite elevar os padrões do cuidado. "A telemedicina tem evoluído muito nas últimas décadas em vários domínios da assistência médica, permitindo cuidados de alta qualidade que transcendem os obstáculos da distância geográfica, falta de acesso a profissionais de saúde e custos. Com a pandemia, ela ganhou ainda mais força, mostrando que é uma classe de soluções cuja aplicabilidade só tende a crescer e se manter", diz.
A V-Lab desenvolve tecnologia que permite às clínicas gravarem exames de ultrassonografia na nuvem, além de fazer a transmissão ao vivo do processo, podendo ser compartilhado com outros profissionais da área ou com familiares, no caso do ultrassom obstétrico. Thiago relata que a ultrassonografia é um método diagnóstico extremamente eficiente e de uso diversificado na medicina. No entanto, há uma defasagem na hora de armazenar o material coletado.
"Hoje, mais de 80% das clínicas de diagnóstico por imagem no Brasil não gravam os exames de ultrassom obstétrico em vídeo. Dos 20% que gravam, mais de 70% gravam em DVD, uma mídia completamente obsoleta para os tempos atuais. E quando falamos da ultrassonografia geral (não obstétrica), praticamente a totalidade das clínicas não gravam o exame em vídeo, limitando-se a documentação apenas por foto", explica.
Conforme levantamento do Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS), em 2018 foram realizados cerca de 15,7 milhões de exames de ultrassom no Brasil, em regime ambulatorial, somente em serviços públicos. Além disso, de acordo com o CEO o desbalanceamento na distribuição geográfica de profissionais especializados para a realização destes exames também pode ser corrigido com a telemedicina. E com isso, reduz a necessidade de deslocamento de pacientes de uma cidade para a outra, somente para realização de ultrassonografias especializadas.
Fora isso, a solução também tem um grande impacto social reduzindo os transtornos e desgaste das famílias de locais remotos na medida que diminuirá a quantidade dessas locomoções desnecessárias. "Uma paciente com gestação de alto risco numa cidadezinha remota do país, por exemplo, poderá fazer seu acompanhamento ultrassonográfico semanal no último trimestre da gravidez na sua cidade, com o ultrassonografista geral sendo orientado por médicos especializados em imagem de gestação de alto risco de uma clínica renomada em São Paulo. A telessaúde democratiza o acesso", finaliza Thiago.
Com suas soluções e por meio da Inteligência Artificial, a V-Lab adiciona, em média, 22 mil exames de ultrassom obstétricos por mês, transacionando, ao longo de sua trajetória, mais de 800 mil exames e 2.500 consultas por mês, resultado de um crescimento maior que 100% em 2020 e mantendo o mesmo ritmo neste ano.