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Um a cada 100 nascidos vivos sofre de cardiopatia congênita

16 de Junho de 2021

Evento on-line realizado por profissionais de Ribeirão Preto debateu sobre a doença, que pode levar a óbito sem diagnóstico precoce e tratamento

Nesta terça-feira, 15 de junho, a cardiologista pediátrica Patrícia M. V. Pessoa de Mello, responsável pelo serviço de Cardiologia Pediátrica do Sinhá Hospital Materno Infantil, que faz parte do Sistema Hapvida em Ribeirão Preto, comandou um evento on-line com cardiologistas de todo o Brasil. Os profissionais discutiram novas práticas e tendências relacionados ao tema e repercutiram as propostas de ampliação do tratamento às crianças portadoras desta doença que foram apresentadas no Fórum Digital realizado no último sábado (12/06) por diversas sociedades médicas, que teve a participação do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga (veja fórum na íntegra: http://makadu.live/dcccp).

Patrícia Pessoa de Mello, cardiologista e responsável pelo Serviço de Cardiologia Infantil do Sinhá Hospital Materno Infantil
Foto: Divulgação

No interior do Estado de São Paulo, o Sinhá se tornou referência neste tipo de procedimento na rede privada. Desde 2005, já realizou mais de 800 procedimentos de todos os tipos de cardiopatias congênitas. A infraestrutura da UTI Neonatal e pediátrica de alta complexidade e tecnologia de ponta dão a segurança necessária para a equipe especializada realizar as cirurgias.

De acordo com Patrícia, a cirurgia cardíaca infantil é bem diferente das realizadas em adultos. “É muito importante que o atendimento seja feito em hospital com equipes especializadas, pois as necessidades de cuidados são bem específicas. Outro fator fundamental é o suporte de UTI Neonatal e pediátrica bem equipada, com equipe qualificada para monitorização e atendimento intensivo de casos de alta complexidade”, explica. A cardiologista também enfatiza que o apoio às famílias neste momento é fundamental para auxiliar na recuperação da criança.

Segundo o Ministério da Sáude, a cada 100 crianças nascidas, aproximadamente uma acaba por precisar da atenção de um cardiologista pediátrico, embora não necessariamente de uma cirurgia no coração. Algumas doenças podem ser diagnosticadas ainda intra-útero, outras podem se manifestar logo após o nascimento e precisar de tratamento e até de uma cirurgia nos primeiros dias de vida. Outras ainda podem ter manifestações mais discretas e serem diagnosticadas apenas mais tarde.

Além das cirurgias realizadas, existe um número considerável de crianças que vêm para avaliação, não necessitam de cirurgia e acabam sendo acompanhadas ambulatorialmente no serviço. Todos os tipos de cardiopatias já foram tratados com sucesso neste hospital, incluindo as mais complexas e raras como ventrículo único, transposição das grandes artérias, atresia tricúspide, interrupção do arco aórtico, defeito do septo AV e hipoplasia do coração esquerdo.

Doenças mais frequentes

Permeabilidade do canal arterial (PCA): muito comum em prematuros, é o defeito extracardíaco mais comum. Representa a comunicação da aorta com a artéria pulmonar. Geralmente seu diagnóstico leva à cirurgia.
Coarctação da aorta: é um estreitamento da aorta após a saída do coração que pode precisar de cirurgia de emergência. As crianças com esta condição podem apresentar hipertensão arterial e geralmente têm uma diminuição dos pulsos dos pés em comparação com as mãos.
Forame oval patente: muito comum, geralmente não há indicação de tratamento cirúrgico, apenas em casos de derrames (AVC) com origem embólica.

Comunicação inter-atrial (CIA): Consiste em uma falha na divisão dos átrios, permitindo a passagem do sangue de um lado para outro, é a cardiopatia congênita mais comum do adulto, pois geralmente dá poucos sintomas atrasando seu diagnóstico. A cirurgia geralmente deve ser feita na idade pré-escolar e sua indicação depende da repercussão da doença, determinado pelo ecocardiograma.

Comunicação inter-ventricular (CIV): consiste na comunicação entre os dois ventrículos, o sangue passa do lado esquerdo para o direito pela diferença de pressão e, se não tratado, pode levar a hipertensão pulmonar. Uma parcela dos casos pode ter cura espontânea, é comum ouvir que determinada pessoa tinha sopro que sumiu após alguns anos. A cirurgia é indicada conforme a localização da lesão no coração e sua repercussão determinada pelo ecocardiograma.

Defeito do Septo AV: é uma doença complexa, que geralmente ocorre na Síndrome de Down, consiste na presença de uma falha entre os átrios e os ventrículos e a presença de uma válvula única entre eles, no lugar de duas. As crianças com esta doença devem realizar a cirurgia até os seis meses de idade, pelo risco maior de hipertensão pulmonar.

Tetralogia de Fallot: consiste em um estreitamento da saída do ventrículo direito e uma abertura entre os ventrículos (CIV), desta maneira o sangue sem oxigenação passa para a circulação do corpo, deixando a criança cianótica (azulada). Em alguns casos a cirurgia tem que ser feita logo ao nascimento. Em outras pode ser feita mais tarde, conforme a gravidade dos sintomas.

Transposição das Grandes Artérias: diagnóstico implica em cirurgia nas primeiras semanas de vida. Consiste na troca da posição dos vasos que saem do coração. A cirurgia promove a realocação na posição adequada (cirurgia de Jatene). Crianças com este diagnóstico precisam de atendimento em centro especializado, uso de medicações especiais, às vezes de cateterismo e de cirurgia.

Hipoplasia do Coração Esquerdo: é a cardiopatia mais grave, necessita de tratamento logo após o nascimento em uma unidade especializada, com administração de medicações especiais. É o desenvolvimento inadequado de toda parte esquerda do coração, seu tratamento inicial pode ser uma cirurgia para transformar o lado direito na bomba principal do coração (cirurgia de Norwood). Mas é uma cardiopatia que exige várias cirurgias para correção adequada.

Ventrículo único: nome genérico para várias situações onde apenas um ventrículo deverá manter toda a função cardíaca, podendo corresponder a casos de hipoplasia do coração esquerdo, transposição com estenose pulmonar, dupla via de entrada de ventrículo esquerdo, defeito de septo desbalanceado, etc.

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