De acordo com o Ministério da Saúde, o número de acidentes domésticos cresceu 112% em crianças e adolescentes e, segundo a Organização Mundial da Saúde, a alta foi de 30% na população em geral. Esse aumento se explica por conta da pandemia, que obrigou as famílias a ficarem em casa, com crianças em aulas on-line e pais em home office.
Entre um dos impactos mais comuns nesses casos são os da região do rosto, podendo levar a traumatismos dentários, em que o dente pode ficar com mobilidade, mas ainda preso às estruturas bucais, a chamada luxação, ou em casos mais graves em que o mesmo acaba se soltando totalmente, chamado de avulsão dentária.
Passar por uma situação como essa pode ser bastante estressante para pais e familiares, principalmente por não saberem como lidar de imediato com esse tipo de urgência. Além disso, se não for realizado um tratamento adequado, a chance de sucesso em relação a salvação desse dente diminui. Como todos podemos passar por situações como essa, o Dr. Fábio Ricardo Loureiro Sato, cirurgião bucomaxilofacial especializado em atendimento de pacientes com traumatismo facial, procurou sistematizar as etapas no atendimento inicial nessa situação:
1ª - Manter a calma
O trauma em face é uma situação que causa susto e estresse em todas as pessoas envolvidas, é preciso acalmar a vítima, principalmente se ela for criança, para uma melhor avaliação do que está acontecendo. Se a mesma permanece chorando, aumenta o sangramento local e caso o dente tenha se desprendido dos tecidos, a criança pode engolir ou mesmo broncoaspirar (dente ir para as vias aéreas), o que inviabiliza a sua reimplantação, além do risco à vida.
2ª - Limpar a região do trauma
Passado o susto inicial, é preciso limpar a região com uma gaze limpa e identificar o que aconteceu com o dente, caso ele ainda esteja preso aos tecidos, solicitar que o paciente morda a gaze e levar de forma imediata ao cirurgião-dentista para a conduta correta.
3ª - Armazenamento do Dente
No caso do dente ter se desprendido dos tecidos, inteiro ou uma parte dele, a orientação é que ele deve ser colocado em um recipiente com soro, leite ou saliva e o paciente precisa ser levado de imediato junto com o dente a um profissional para realizar a sua reimplantação ou cimentação. "A taxa de sucesso do reimplante é proporcional à rapidez que é feito o procedimento, caso não seja feito de imediato, é até contraindicado a sua reimplantação", comenta o Dr. Fábio Sato.
4ª - Procurar de imediato um atendimento
O cirurgião-dentista ao receber um paciente vítima de traumatismo dentário vai fazer uma avaliação minuciosa, incluindo exame radiográfico para ter um diagnóstico exato da situação e determinar qual a melhor forma de contenção dentária ou cimentação do fragmento fraturado, que é o tratamento inicial a ser realizado nessas situações.
5º - Acompanhamento
Após o atendimento inicial, que normalmente envolve a reimplantação do dente e contenção, é necessário o acompanhamento de longo prazo, que pode variar de 6 meses para a dentição decídua, até 5 anos para a permanente, pois em alguns casos ocorre a necessidade de tratamento endodôntico, quando ocorre a necrose da polpa do dente, ou mesmo a reabilitação com implante, em casos que ocorre, por exemplo, a reabsorção da raiz do dente.
Em resumo, o Dr. Fabio Sato ressalta que nesses casos de traumatismo dentário o importante é o correto armazenamento do dente logo após o acidente e a procura imediata por um profissional qualificado para realizar o tratamento inicial que são os fatores determinantes para o sucesso do caso.
Sobre o Dr. Fábio Sato
Formado pela Odontologia na USP, é mestre e doutor em Cirurgia Bucomaxilofacial pela Unicamp. Sua atuação é principalmente no tratamento da Disfunção Temporomandibular, Trauma Facial, Cirurgia Ortognática e Implantes Dentários.