A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), em pesquisa realizada em 2020, revelou que 13,5% dos urologistas brasileiros entrevistados afirmaram terem sido infectados pela C ovid-19.
Dr. Marco Lipay |
A COVID-19 é uma doença causada pelo coronavírus, denominado SARS-CoV-2 e que pode apresentar desde infecções assintomáticas até quadros gravíssimos e óbitos. Em aproximadamente 20% dos casos faz-se necessário atendimento hospitalar por apresentarem dificuldade respiratória, dos quais aproximadamente 5% podem necessitar de suporte ventilatório.
Em um ano, três variantes do coronavírus SARS-COV 2 (mutações) no mundo foram identificadas, que justifica a manutenção de todos os cuidados sanitários recomendados. A situação atual é preocupante como foi demonstrada em recente pesquisa promovida pela Coalizão Covid Brasil (Hospitais: Albert Einstein, HCor, Sírio-Libanês, Moinhos de Vento, Oswaldo Cruz e Beneficência Portuguesa, além do Brazilian Clinical Research Institute e da Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva) revelando que 25% dos pacientes entubados por COVID -19 morreram em um período de 6 meses após alta hospitalar. Outro dado identificado foi de que a mortalidade é de 2% para pacientes internados que não precisaram de ventilação mecânica, além de outras complicações como: ansiedade (22%), depressão (19%) e estresse pós-traumático (11%).
A doença não se restringe apenas ao sistema respiratório, ela é considerada sistêmica e pode comprometer outros órgãos como rins, pênis e testículos, resultando em insuficiência renal, disfunção erétil e talvez até infertilidade.
Algumas teorias sugerem que essas complicações sejam resultado de alterações enzimáticas e lesões do endotélio vascular, desencadeado pelo vírus, desencadeando processos inflamatórios e fenômenos tromboembólicos (obstrução do fluxo sanguíneo).
A disfunção erétil, pode ser desencadeada a partir do comprometimento do sistema circulatório e cardiorrespiratório somada a questões emocionais, que pode levar a insegurança e piora da performance sexual. Em trabalho, publicado este mês, pesquisadores brasileiros da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, mostraram que pacientes com COVID 19 podem evoluir com processo inflamatório incidental no epidídimo, complicação que pode interferir na fertilidade.
Diante de inúmeros problemas na esfera urológica desencadeado pela COVID-19 a Sociedade Brasileira de Urologia, em seu portal lembra que medida de isolamento social são necessárias, mas diante de algumas doenças urológicas como por exemplo: infecções, cálculos renais, e canceres, uma rápida intervenção médica, faz-se necessário, mas por medo da infecção pela COVID-19, muitos pacientes têm adiado procura médica, que pode resultar em danos à saúde, as vezes irreversível.
Em outra pesquisa, a SBU avaliou junto aos seus associados o impacto da pandemia COVID-19 na saúde Urológica Brasileira, identificando que cerca de 90% dos urologistas relataram uma redução igual ou maior que 50% nas cirurgias eletivas e 54,8% mencionaram a diminuição de pelo menos 50% no número de cirurgias de emergência.
Esta pesquisa sugere que boa parte dos pacientes com doenças urológicas (como cânceres, hiperplasia obstrutiva de próstata, incontinência urinária entre outros) possam ter postergado o tratamento pelo receio de contraírem o vírus. Fica evidente que algumas doenças urológicas não podem esperar o fim da pandemia para serem tratadas.
Desta forma quanto mais cedo forem diagnosticadas melhor será o prognóstico do tratamento. Visando a melhor prática médica, urologistas brasileiros publicaram artigo cientifico em revista de renome internacional, em junho de 2020. Abordou-se os cuidados a serem observados frente a pandemia no trabalho intitulado “Uma revisão sistemática das diretrizes e recomendações padrão de cuidado urológico durante a pandemia de COVID-19”.
Este estudo foi realizado a partir da análise de diretrizes, recomendações ou declarações das melhores práticas de organizações internacionais e centros de referência sobre cuidados urológicos em diferentes fases da pandemia COVID-19 e seu objetivo foi obter o modo prático e seguro de como acolher e tratar pacientes com patologias urológicas.
De modo resumido:
COVID-19 é uma doença sistêmica,
Outras doenças continuam existindo e precisam ser tratadas,
Doenças urológicas secundárias a COVID – 19, podem ser desencadeadas,
A vacina existe e está sendo disponibilizada, vacine-se assim que possível,
Medidas como lavar as mãos frequentemente com água e sabão, uso de álcool em gel, manter o distanciamento social e usar máscara são medidas de proteção e funcionam, inclusive contra as novas variantes identificadas até o momento.
Hospitais e consultórios seguem rigorosos protocolos de prevenção ao coronavírus, conforme orientações do Ministério da Saúde e Vigilância Sanitária, portanto, se precisar não tenha receio em procurar o seu Urologista (de modo presencial, telefone ou vídeo conferencia) ele vai saber lhe orientar.
Referências:
https://portaldaurologia.org.br/medicos/
https://www.eu-focus.europeanurology.com/article/S2405-4569(20)30155-3/fulltext
https://doi.org/10.1111/and.13973
https://www.gov.br/saude/pt-br
http://associacaopaulistamedicina.org.br/
OPAS e da OMS no Brasil - OPAS/OMS | Organização Pan-Americana da Saúde (paho.org)
Coronavírus - Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
ANVISA: (www.gov.br)
Sobre Dr. Marco Lipay
Doutor em Cirurgia (Urologia) pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo).Titular em Urologia pela Sociedade Brasileira de Urologia.
Membro Correspondente da Associação Americana e Latino Americano de Urologia. Autor do Livro Genética Oncológica Aplicada a Urologia.
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