Para entender melhor sobre o tema, Guilherme Ammirabile, assessor de investimentos da iHUB Investimentos, responde seis perguntas sobre como a volatilidade é compreendida pelos investidores e de que modo ela pode ser favorável para os portifólios deles. Confira:
Guilherme Ammirabile é assessor de investimentos da iHUB |
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1)Como podemos definir o termo volatilidade para as pessoas que estão iniciando no mercado financeiro?
R: Os investidores que estão no início associam a volatilidade com o percentual de retorno, afinal quanto mais risco maior é o retorno esperado. É importante ressaltar, no entanto, que volatilidade representa o risco da operação. Muitas vezes esses investidores aceitam colocar o seu dinheiro em uma categoria de investimento que tende a ser mais volátil, olhando apenas pela ótica de expectativa de retorno, porém, não se sentem confortáveis com a oscilação negativa.
Em outras palavras, a volatilidade representa a oscilação do preço de um ativo em um determinado período de tempo, como uma ação, podemos definir quanto o preço desse ativo varia para cima ou no caminho inverso. Quanto maior a variação, maior é a volatilidade do ativo.
2) Em momentos de volatilidade no mercado financeiro, quais são as primeiras ações que os investidores querem tomar junto ao assessor de investimentos?
R: A primeira reação dos investidores, em geral, é querer vender as ações com prejuízo para tentar estancar a sangria, vale ressaltar que não é fácil atravessar momentos conturbados, como ver o preço dos ativos despencando e ficar em um estado de tranquilidade, mais complicado ainda é aportar novos recursos para aproveitar uma eventual oportunidade.
É necessário ter muita maturidade e conhecimento para dissociar o desespero da oportunidade, por isso, é importante ter um profissional certificado que ajude o investidor a identificar a situação.
3) Há métodos para prever a volatilidade do mercado?
Em um mercado volátil as oportunidades de tradings são mais frequentes, porém, temos que deter nossa atenção em não criar uma utopia de que é fácil comprar na baixa e vender na alta, pois não existe um padrão na renda variável.
Prever a volatilidade é uma das situações mais difíceis do mercado, mas podemos ter uma noção por meio do índice Vix, conhecido como o índice do medo, que mede a volatilidade implícita do S&P 500, outro índice que é composto por quinhentos ativos cotados nas bolsas de NYSE ou NASDAQ.
Quando esse índice está alto significa que os investidores estão esperando a turbulência no mercado e tendem a ir para algo mais seguro. Agora, quando o índice está baixo os investidores sentem mais segurança em tomar risco, como ele é ligado aos Estados Unidos tem, necessariamente, conexão com o mercado global, e pode afetar positivamente ou não.
Existem eventos que são conhecidos por trazer a volatilidade ao mercado, a eleição presidencial, por exemplo. No entanto, há situações que são imprevisíveis, como o ataque às torres gêmeas e a pandemia do novo coronavírus.
Por isso, é importante ficar atento aos acontecimentos no mundo que podem dar embasamento para tomar decisões mais rápidas. Ninguém esperava que o Ibovespa sofreria tanto com a pandemia, mas os sinais começaram a aparecer em dezembro na China, depois na Europa, e por fim nos EUA.
4) Como a volatilidade impacta nos investimentos e quais cuidados devem ser tomados?
R: Caso uma carteira/portifólio estiver concentrada ou mal diversificada uma onda de volatilidade pode causar grande estrago nela. Para ilustrar esse cenário pense no que a pandemia provocou: quase todos os ativos da bolsa sofreram. Se um investidor alocou 100% em renda variável, provavelmente sofreu uma bela dor de cabeça. Porém, se outro investidor fez a diversificação e alocou em renda fixa, dólar e ouro, por exemplo, o impacto foi diferente do lado positivo, pois são ativos descorrelacionados.
5) A volatilidade por ser usada a favor dos investimentos que já foram feitos?
R: Com certeza, podemos considerar que com a volatilidade vêm as oportunidades, em momentos de grande oscilação do preço dos ativos a racionalidade acaba ficando um pouco de lado. Em alguns casos o preço de uma ação chegou a ficar muito abaixo do considerado justo, nesses momentos, quem tem conhecimento aproveita as oportunidades que surgem.
6) Quais cases podemos destacar de volatilidade?
R: Em janeiro, o caso recente mais falado foi da americana Game Stop, o papel saiu de um patamar de US$ 18,00 para US$ 347,00, nesse caso um grupo de investidores resolveu agir de forma coordenada para aumentar a procura pelo papel, elevando seu preço.
Já em fevereiro, as ações da Petrobras sofreram forte impacto, chegando a cair mais de 20% em um único dia após a troca no comando da companhia. A intervenção do governo na gestão da empresa, trouxe uma onda de insegurança junto aos investidores, principalmente os estrangeiros.
O receio de novas intervenções do governo federal em empresas estatais fez com que o preço dessas ações se desvalorizasse. O Banco do Brasil, por exemplo, chegou a cair mais de 10%.
Sobre Guilherme Ammirabile
Guilherme Ammirabile é assessor de investimentos e sócio da iHUB Investimentos, um escritório de assessoria de investimentos credenciado à XP, a maior plataforma de investimentos da América Latina. Possui 10 anos de experiência profissional no mercado financeiro com passagem nos maiores bancos nacionais e seguradoras. Além disso, é graduado em Administração de Empresas pela Mackenzie e pós-graduado em Financial Markets pelo Instituto Saint Paul.