O comércio da capital não abriu as portas nos feriados e fins de semana e funcionou em horários restritos nos dias úteis de janeiro para cumprir a determinação do Governo Estadual que colocou várias cidades paulistas, incluindo a capital, na fase vermelha do Plano São Paulo de flexibilização econômica da pandemia.
As medidas impactaram negativamente no bolso dos comerciantes segundo apontou o Balanço de Vendas da Associação Comercial de São Paulo, baseado nos dados fornecidos pela Boa Vista S/A.
A queda média registrada na movimentação do varejo foi de 11,1% comparada ao primeiro mês de 2020. Em relação a dezembro, as vendas caíram 38,7%. As lojas na capital tiveram de fechar as portas por vários dias em janeiro.
Outros dois fatores que contribuíram para que números tão baixos fossem registrados relacionam-se à alta da inflação de produtos de primeira necessidade, como arroz e leite, e o fim do Auxílio Emergencial. Ambos deixaram a população com menos poder de consumo no varejo.
“Venda perdida nunca mais pode ser recuperada”, disse Marcel Solimeo, economista da ACSP. “O consumidor já está com mais dificuldade para comprar pelo atual cenário econômico e para piorar tudo ainda vivenciamos o fechamento do comércio em cumprimento às medidas determinadas pelo Estado, por causa da pandemia”, complementou.
E essa queda poderia ser ainda mais representativa, caso não houvesse a Sampa Week, o período de promoções do varejo criado pela entidade, com apoio do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), da Secretaria Municipal de Desenvolvimento, Trabalho e Turismo e de outras instituições para ajudar a impulsionar a economia paulistana. As promoções dos lojistas que terminariam em 31 de janeiro foram prorrogadas até 12 de fevereiro. “A Sampa Week ajudou a amenizar esta queda nas vendas”, afirmou. “Tudo teria sido pior sem ela.”
O Balanço de Vendas de janeiro representa um baque econômico para o varejo porque havia a sinalização de que a economia do setor estivesse se recuperando desde o fim do primeiro ápice da desaceleração na movimentação do comércio, ocorrido em junho do ano passado. Naquele momento, quando as medidas de flexibilização começaram a valer para o comércio, registrou-se retração de 54,9% em relação ao mês de maio último, o auge do prejuízo nas vendas.
Desde então, as perdas se diluíram ainda negativas em 47,7%, 33,6%, 14,6%, 9,2% e 5% (julho, agosto, setembro, outubro e novembro, respectivamente). Chegou dezembro e a variação foi positiva em 18,4%, mas já houve queda de 6,3% em relação a dezembro de 2019, o que indicava que a linha gráfica que apontava recuperação na economia do setor já estava em queda.
Vale lembrar que no mês do último Natal o comércio também teve dias de portas fechadas. “A gente acredita e espera que essas medidas de flexibilização permitam o funcionamento do comércio todos os dias a partir de agora”, disse Solimeo.
Nesta última quarta-feira (dia 3), o Governo de São Paulo suspendeu as restrições de fase vermelha para todo o estado aos fins de semana, o que impedia a abertura das lojas. O Estado anunciou também a criação de um pacote de apoio ao comércio, bares e restaurantes com facilitação de acesso a crédito, parcelamento de débitos e proibição do corte de água e gás. “Essas medidas vão ajudar bastante, mas o que mais contribui é quando há a permissão para que o comerciante possa trabalhar, empregar as pessoas e ajudar a impulsionar a economia”, concluiu.
Sobre a ACSP: A Associação Comercial de São Paulo (ACSP)
Em seus 126 anos de história, é considerada a voz do empreendedor paulistano. A instituição atua diretamente na defesa da livre iniciativa e, ao longo de sua trajetória, esteve sempre ao lado da pequena e média empresa e dos profissionais liberais, contribuindo para o desenvolvimento do comércio, da indústria e da prestação de serviços. Além do seu prédio central, a ACSP dispõe de 15 Sedes Distritais, que mantêm os associados informados sobre assuntos do seu interesse, promovem palestras e buscam soluções para os problemas de cada região.