A Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto organizou nesta semana várias atividades sobre educação e literatura, pautando especialmente a força da literatura e da cultura negra em comemoração ao mês da Consciência Negra
A Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto apresenta a programação da 40tena Cultural desta semana em comemoração ao mês da Consciência Negra. Nos dias 18 (quarta-feira), 20 (sexta-feira) e 21 (sábado), a instituição realiza atividades em diferentes formatos com discussões sobre educação, literatura e pautas sociais. Os encontros acontecem pelo aplicativo Zoom, YouTube, Instagram e também pela nova plataforma oficial da instituição. As atividades são gratuitas e têm o objetivo de promover cultura, literatura e reflexão.
O primeiro bate-papo da semana traz o tema “Dororidade, Feminismo e Lutas por Direitos”, nesta quarta-feira (18), às 19h, no Instagram da Fundação. A escritora e professora Vilma Piedade discute o conceito “dororidade”, termo criado por ela, e que batiza o seu livro lançado pela editora Nós, de 2017. Com parceria e colaboração do Centro Cultural Orunmila, a Fundação convidou Paula Oyarinu para mediar o encontro.
Pós-graduada em Ciência da Literatura pela UFRJ, Vilma Piedade explica que o conceito dororidade surgiu de sua inquietude em relação à sororidade – que, apesar de ser também importante para todas as mulheres, não contemplava a sua totalidade. “A dor provocada pelo machismo une todas as mulheres, mas, no nosso caso, jovens e mulheres negras temos, para além do machismo, a dor provocada pelo racismo. Dororidade veio pra dialogar com sororidade”, afirma.
A escritora explica que, enquanto sororidade tem sua origem etimológica em “soror” (irmã), dororidade vem do prefixo latino “dolor” (dor). “O que chamamos de resistência, desde que fomos escravizadas, é a dor provocada pelo racismo em potência, em arte, música e literatura". Ela cita um trecho de seu próprio livro para explicar as raízes do conceito: “Dororidade fala das sombras, da nossa ausência histórica, do Ser não Sendo. Dororidade tem a ver com a dor e a nem sempre delícia de se saber quem é."
Desde que, no Brasil, Lélia Gonzalez, Beatriz Nascimento e outras Mulheres Negras fundaram NZINGA (1ª organização de Mulheres Negras no Rio de Janeiro de 1983), as questões concernentes a gênero, raça e classe passaram a fazer parte do movimento feminista. É assim que o Feminismo Negro nasce no Brasil, segundo Piedade, e o conceito Dororidade está bastante atrelado a ele.
Cunhado desde 2017, Vilma Piedade conta que o termo foi recebido muito bem pela população, principalmente na área do Direito e entre a juventude. “O conceito consta em várias teses de Mestrado e Doutorado. Dororidade me levou até a programas nacionais e para palestrar (antes da pandemia) em Universidades e Defensorias em outros estados”, conta. Contudo, a professora diz que para acessar dororidade no Google, apesar de o conceito já ter sido registrado, é necessário acrescentar o seu nome ao lado. “O que acho mais interessante, como sou da área da Teoria Literária, é ver o conceito batendo asas e sendo ressignificado”. Ela conta que, recentemente, abriu sua conta do Instagram e deu de cara com um grupo de jovens negras em uma foto com o título "Dororidade Capilar". “Eu amei, falei com elas e me explicaram que é o nome que deram à transição capilar” - transição é o processo de deixar de alisar o cabelo para que ele volte ao seu crespo natural, e que sempre mexe com a estima.
Programa Escola na TV || Sexta-feira (20/11)
Em sua segunda edição, a Fundação realiza mais um encontro no Programa Escola na TV: dessa vez na sexta-feira (20), em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Ribeirão Preto. O evento acontecerá das 11h às 11h50 e das 13h10 às 14h e será transmitido pelo Youtube e site oficial da instituição. Foi convidada para a conversa a autora Kiusam de Oliveira.
Para o encontro no dia 20, Kiusam de Oliveira comenta que alguns de seus assuntos favoritos serão abordados. “Vamos falar sobre literatura, leitura, mediação de leitura, empoderamento de crianças: focados nos direitos humanos”, adianta. A conversa vai conciliar essas pautas com o Programa Escola na TV, debatendo sobre como isso pode ser aplicado às aulas em si.
Transmitidas também pelo canal do Youtube, bem como pelo Facebook, as aulas têm tido uma participação muito grande dos alunos, que têm a possibilidade de interagir diretamente com os professores, mandando mensagens por WhatsApp, Facebook e Youtube.
O objetivo do projeto iniciado no período de quarentena é viabilizar a transmissão, em formato audiovisual, de conteúdos educacionais para alunos da rede municipal de ensino, possibilitando que eles tenham acesso às aulas remotas. Para isso, as aulas têm sido transmitidas a partir do estúdio da TV Câmara, canal aberto, ao vivo e com acessibilidade (tradução em Libras). O programa vai ao ar das 8 às 14 horas, de segunda à sexta-feira, com programação atendendo todas as faixas etárias.
Clube do Livro | Sábado (21/11)
Para encerrar a semana, no sábado (21), às 16 horas, acontece mais um encontro mensal do Clube do Livro, atividade tradicional da Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto. Neste sábado, a obra discutida será “As brasas”, de um dos maiores escritores de língua húngara: Sándor Márai. O encontro, organizado pela bibliotecária Gabriela Bazan Pedrão, acontecerá pela plataforma Zoom e pelo site oficial da Fundação. A participação é aberta ao público e gratuita.
O romance em discussão foi selecionado tanto pela curadora Gabriela, quanto pelos próprios leitores e participantes do Clube no ano passado. “As brasas” foi o primeiro livro do escritor Márai lançado no Brasil e conta a história de dois homens que eram amigos de infância e tiveram seu relacionamento interrompido pelo desaparecimento de um deles. 41 anos depois, encontram-se novamente e além de decifrar o mistério desse sumiço, também passam a disputar pelo fantasma de uma mulher, Kriztina: primeiro pela esgrima e depois pelas palavras. O livro foi lançado no país em 1999 pela Companhia das Letras, mas Sándor morreu 10 anos antes.
SERVIÇO:
Bate-papo: DORORIDADE, FEMINISMO E LUTAS POR DIREITOS - Parceria e colaboração Centro Cultural Orunmila
Data: 18/11 (quarta-feira)
Horário: 19h às 20h
Plataforma: https://www.
Participantes: Vilma Piedade, com mediação de Paula Oyarinu
Programa Escola na TV
Data: 20/11 (sexta-feira)
Horário: 11h às 11h50 e 13h10 às 14h
Plataforma: Transmissão pelo Youtube e site oficial da Fundação (https://www.
Participantes: Kiusam de Oliveira
Clube do Livro: As brasas, de Sándor Márai
Data: 21/11 (sábado)
Horário: 16h às 18h
Plataforma: plataforma Zoom e site da Fundação https://www.
Participantes: Gabriela Bazan Pedrão
40tena Cultural
Durante mais de sete meses de programação consecutiva, a 40tena Cultural já realizou mais de 70 atividades e interagiu com mais de 25 mil pessoas. O projeto realizado pela Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto tem como proposta incentivar as pessoas a ficarem em casa durante o período de isolamento social, em virtude da pandemia do coronavírus (Covid-19). Semanalmente, são divulgadas atividades que abrangem desde as transmissões ao vivo com artistas e convidados até contação de histórias para crianças, shows, dicas e discussões de livros. Para acompanhar a programação semanal, basta acessar as redes sociais da Fundação do Livro e Leitura:
Instagram (@fundacaolivrorp)
Facebook (facebook.com/
Linkedin (fundacaolivrorp)
Twitter (@FundacaoLivroRP)
Youtube (FeiraDoLivroRibeirao)
Plataforma www.
Sobre a Fundação
A Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto é uma entidade de direito privado, sem fins lucrativos. Trata-se de uma evolução da antiga Fundação Feira do Livro, criada em 2004, especialmente para realizar a Feira Nacional do Livro da cidade. Hoje, é considerada a segunda maior feira a céu aberto do país. Em 2020, a Feira tornou-se internacional e entraria na 20ª edição. Por isso, recebeu recentemente nova identidade, apresentando-se como FIL (Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto), mas a realização da 20ª edição foi remarcada para agosto de 2021, devido à pandemia do novo Coronavírus.
Com uma trajetória sólida e projeção nacional e agora internacional, ao longo de seus 20 anos, a entidade ganhou experiência e, atualmente, além da Feira, realiza muitos outros projetos ligados ao universo do livro e da leitura, com calendário de atividades durante todo o ano. A Fundação se mantém com o apoio de mantenedores e patrocinadores, com recursos diretos e advindos das leis de incentivo, em especial do Pronac e do ProAc.