Estudo desenvolvido por especialista da Faculdade São Leopoldo Mandic traz que mulheres tiveram associadas a maiores níveis de ansiedade, depressão e sono ruim
As mulheres estiveram mais ligadas com níveis altos de ansiedade, depressão e sono ruim durante a pandemia de Covid-19 do que homens. É o que mostra o estudo "Impacto da Covid-19 no sono e na saúde mental dos brasileiros", desenvolvido pelo professor Paulo Afonso Mei, da Faculdade São Leopoldo Mandic e alunos da graduação de Medicina da instituição. A pesquisa foi realizada com 2.695 participantes, maiores de 17 anos, que estavam vivendo no Brasil no período da quarentena. Somente no quesito ansiedade, mulheres tiveram o dobro de chances de se encontrarem ansiosas, na comparação aos homens.
De acordo com o Prof. Mei, o sono ruim é caracterizado por qualquer distúrbio como insônia ou dificuldades para respirar à noite e para ficar parado na cama. "Quem tem insônia tem mais probabilidade de desenvolver depressão e ansiedade. E o contrário também vale, quem é depressivo ou ansioso também tem mais chance de apresentar insônia."
Em geral, as situações de estresse, em nível pessoal ou comunitário, devem resultar no aumento de prevalência de sintomas de ansiedade, depressão e má qualidade do sono. Assim, a pandemia de Covid-19 deve predispor a população ao aumento desses distúrbios. No entanto, essas alterações não acontecem de forma homogênea, havendo provavelmente grupos mais sensíveis.
A pesquisa também trouxe um recorte por classe social, evidenciando maiores taxas de transtornos nas faixas com menor renda familiar. Entre a população com renda familiar até R$ 1.200, 75,5% se sentiram ansiosos, 60,8% deprimidos e 54,9% tiveram sono ruim. Já na faixa de renda familiar entre R$ 1.200 e R$ 3 mil, os níveis ficaram em 64,3% ansiosos, 57,8% deprimidos e 55,4% com sono ruim. Entre pessoas com renda familiar superior a R$ 10 mil mensais, 47% estavam ansiosos, 47% deprimidos e 44,7% com prejuízo no sono.
Com o foco por localidade, o Sudeste foi a região com menor incidência de depressão, 43,7%, enquanto o Nordeste foi a região com os maiores índices: 61,5% de ansiedade, 56,5% de depressão e 48,4% de maus dormidores.
Em relação ao acompanhamento de notícias sobre a Covid-19, 55% dos participantes responderam que viam até 1 hora por dia. Já 28% disseram que acompanhavam de 1 a 3 horas e 11% mais de 3 horas por dia. O grupo que teve mais contato com as informações sobre a pandemia teve as taxas mais altas de ansiedade, depressão e sono ruim.
No quesito de hábitos de consumo, tabagistas estiveram significativamente mais ansiosos, deprimidos e com sono ruim que não-tabagistas. Já quanto ao consumo de álcool, embora os índices de ansiedade e sono ruim não diferiram significativamente entre consumidores e não-consumidores, quem não teve contato com a bebida teve uma porcentagem maior de depressão, 49,6%, enquanto quem fez o consumo moderado de álcool, até duas vezes na semana, teve um resultado menor, 41,6%. "Esse foi o ponto mais curioso, ainda que com um grau de associação fraco, pois foge à regra, já que o álcool é um grande prejudicador do sono, ainda mais deletério quando consumido à noite", conclui o Profº Mei.
Sobre a São Leopoldo Mandic
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