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Bruno Maciel explica o por que do crescimento do aplicativo chinês TIK TOK incomoda tanto os EUA

29 de Outubro de 2020

A rede social do momento é figura central da disputa judicial entre o governo americano e a ByteDance 

Uma mistura entre música, coreografias virais e dublagens engraçadas. O aplicativo Tik Tok se tornou uma febre mundial, superando mais de 2 bilhões de downloads ao redor do mundo. Mas parece que sua popularidade está com os dias contados.

Nos Estados Unidos, um dos países que mais gera usuários para a rede social, o Tik Tok vem sendo alvo de um impasse. Nos últimos dias, a decisão do Governo Trump, que determinou que a rede social tem 90 dias para vender suas ações no território estadunidense, gerou indignação na empresa ByteDance, desenvolvedora do aplicativo, que recorreu à justiça. Mas qual o motivo de todo esse impasse?

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De acordo com o especialista em tecnologia e redes sociais Bruno Maciel, o aplicativo tem causado incômodo não apenas no governo, mas também em gigantes das redes como o Facebook, devido ao seu alto potencial de retenção de usuários. “É uma produção de conteúdo solta e leve, que é feita para ser vista, não importa por quem. Isso tira a potencial necessidade de aceitação que mídias como o Instagram causam e traduz inovação, mostrando como o modelo atual de redes sociais não gera mais tanto apelo quanto antes”, explica.  

Concorrência

Isso, por si só, já abre o tópico da concorrência. As maiores redes sociais do mundo, até então, eram do território americano. Inclusive, quando o Tik Tok ainda era Musical.ly, o Facebook tentou comprar o aplicativo, porém sem sucesso, relembra Bruno. “Prova desta concorrência é que pouco tempo depois do aplicativo estourar de vez, no final de 2019, o Instagram lançou as ferramentas Reels e Cenas, que imitam as funcionalidades do aplicativo chinês”, analisa.

Privacidade

A discussão também tem razões políticas segundo Bruno Maciel. Na Índia, onde era muito popular, o aplicativo foi banido sob o argumento de ser prejudicial a integridade, soberania e defesa do país. “Nos Estados Unidos, a coisa não muda muito de figura. A questão da privacidade é um ponto muito enfatizado pelos que defendem que o aplicativo seja banido. O argumento é que China poderia usar o Tik Tok como uma forma de espionagem, mesmo que os escândalos envolvendo vazamento de dados venham, na verdade, de gigantes em comunicação estadunidenses, tais quais Instagram e Facebook”.

Tensão comercial

Por último, Estados Unidos e China disputam o lugar de maior potência econômica mundial. A guerra comercial entre os dois países, não é, de longe, uma novidade. “Apenas ao notar a quantidade de embargos econômicos que os países adotaram um contra o outro no ano passado, é possível inferir porque o governo Trump tem tanta aversão a popularidade e rentabilidade do aplicativo chinês”, argumenta o especialista Bruno Maciel.

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