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Elvis não morreu. Ao menos na publicidade ele está mais vivo do que nunca

29 de Outubro de 2020

Técnicas avançadas de computação gráfica permitem que artistas e personalidades falecidas possam “voltar à vida” e fazer parte de comerciais. Diretor de arte explica que isto é possível graças ao Deepfake

Um comercial recente de uma montadora de carros chamou a atenção pelo personagem que lá participava. Sim, ele mesmo, o rei do Rock, Elvis Presley. Mas, como será que foi possível a participação do astro da música após mais de 40 anos de sua morte? Simples, a resposta está em uma técnica que chegou recentemente ao Brasil chamada Deepfake.

Segundo o diretor de arte, Fernando 3D, a tecnologia do Deepfake, aliada ao CGI (Imagem em Computação Gráfica), permite que “a Inteligência Artificial entenda em vários ângulos possíveis, imagináveis e inimagináveis sobre a cobertura facial de um personagem. Juntando com motion capture, esses movimentos ficam mais reais ainda”. O benefício desta novidade é tanto que o diretor de arte se entusiasma e conta que para criar um conteúdo essa tecnologia permite fazer uma espécie de viagem no tempo. “Se antes era necessário contratar um ator mais novo, um mais jovem e outro de mais idade para interpretarem as três fases da vida de um mesmo personagem, agora com essa ferramenta é possível fazer estas fases da vida da pessoa com o mesmo ator”, explica.

Fernando 3D destaca que esta tendência de usar estas técnicas em filmes publicitários veio para ficar: “Assim como filmes evoluíram com o uso da tecnologia, com certeza a publicidade tem meio e caminhos a perseguir com o Deepfake. Lembrando que não só o Deepfake em si, mas também com a inteligência artificial em meio ao áudio visual como um todo”. O diretor de arte explica como esta técnica pode “trazer a vida” as personalidades: “Isso pode ser feito de diversas formas. Ou se usa vários vídeos antigos da personalidade como ’biblioteca' de imagens da celebridade, ou por foto ou até mesmo com modelagem 3D realista do rosto da personalidade”.

          No entanto, é importante entender que o uso dessas imagens precisa de autorização dos representantes dos artistas falecidos. Fernando 3D lembra que, nestas situações, “é o mesmo processo que é feito para o uso de imagem de qualquer pessoa”, explica. Além disso, ele acredita que esta novidade pode trazer ainda para as telas a “ressurreição” de muitas celebridades: “Ainda mais se tiverem um banco de imagens e vídeos grande dessas pessoas para que possam usar esses algoritmos”, detalha.

       Mas não é uma tarefa fácil. O diretor de arte explica as diferenças técnicas entre as imagens antigas e atuais, e como elas podem influir no processo de criação: “Uma coisa que influencia muito é a qualidade (ou a definição) da imagem. Na década de 90 e no início dos anos 2000 elas ainda eram feitas em SD (Secure Digital Card), o que ainda assim é de qualidade baixa. Pior é quando se achava arquivo na internet que muitas vezes possui qualidade até pior. Então tentamos achar uma versão melhorada em algumas formas, como pegando os arquivos diretamente com emissoras de televisão ou produtoras de filmes, pegando a fita beta deles para converter em meio digital”. Certamente, ele completa, “é uma das partes mais trabalhosas dessa linha de produção”, detalha. Encontrando as imagens, Fernando 3D explica que o próximo passo é tratar o conteúdo melhorando a qualidade com a Inteligência Artificial. “Este processo todo demora até duas semanas para ficar pronto, dependendo do caso”, ressalta.

            Sobre a propaganda que utilizou a imagem de Elvis Presley, Fernando 3D apresenta as técnicas utilizadas: “É um comercial bem rápido. Mas usaram o Deepfake do Elvis, ainda mais que existem diversos materiais dele que podem ser usados, inclusive muitos deles remasterizados em HD. A meu ver foi algo bem trabalhoso e merece parabenizar toda à agência e produtora que realizou este projeto”, completa.

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