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Você sabia que a frequência urinária pode ser um dos sintomas do coronavírus?

14 de Setembro de 2020

Pesquisadores apontam que aqueles que já apresentam prognóstico de doenças renais, podem apresentar complicações referentes ao COVID-19

Os estudos sobre o novo coronavírus não param de ser publicados, diariamente nós temos uma informação nova. São diversos tipos, como, por exemplo, andamento da produção de vacinas, terapias para melhorar o quadro clínico dos pacientes, e, também, a detecção de novos sintomas. Recentemente, um estudo publicado pela Revista Europeia de Urologia apresentou mais um indício para as pessoas ficarem alertas.

Além dos sintomas mais conhecidos, como, por exemplo, tosse seca, febre, falta de ar, coriza, dor de garganta, perda de olfato e paladar, cansaço, o aumento da frequência urinária entrou para a lista dos sintomas que podem indicar a contaminação pela COVID-19. O aumento da frequência urinária pode ser desencadeado pela cistite.

Segundo o Dr. Marcos Dall'Oglio, Urologista e Professor Livre-Docente da Faculdade de Medicina da USP, a cistite é infecção causada por fungo ou bactéria que atinge a bexiga. "Pacientes infectados pelo COVID 19 podem desencadear uma inflamação sistêmica, inclusive na bexiga provocando uma cistite viral. Desta maneira, o agente infeccioso compromete o revestimento celular do sistema urinário provocando sintomas irritativos. Nestes casos, o principal sintoma é o aumento da frequência urinária e isto deve ser acompanhado e monitorado porque há relatos de ocorrência de sepse urinária, explica o Urologista.

Apesar de a maioria dos casos ser de infecção leve e atingir os pulmões, existem pacientes que apresentam diagnósticos graves e complicações em outros sistemas, podendo ser cardiovasculares, nervoso, digestivo e urinário.

O estudo da Revista Europeia identificou que a frequência urinária atrelada a infecção pelo coronavírus independe de lesão renal prévia, ou seja, o paciente pode ou não ter apresentado complicações no órgão anteriormente. Mas, alerta que casos severos de COVID-19 estão ligados a um maior risco de insuficiência renal aguda e pode acontecer, com mais frequência, naqueles que já têm condições pré-existentes que comprometem o trato urinário.

"Pacientes infectados pelo COVID 19 podem apresentar alguma repercussão sobre o aparelho urinário, um dos sinais mais preocupantes é a presença de sangue na urina, conhecido como hematúria. A hematúria ocorre principalmente naqueles com alguma condição pré-existente e pode se relacionar ao crescimento da próstata ou a tumores das vias urinárias. Importante ressaltar que nesses casos de sangramento, deve ser realizada investigação mais criteriosa", afirma Dall'Oglio.

Por conta da descoberta desse novo sintoma e, também, porque muitos pacientes renais estão adiando consultas e exames por causa das medidas de distanciamento social e o medo de contaminação, é esperado por muitos médicos, inclusive pelo Dr. Marcos Dall'Oglio que a demanda por cuidados e tratamentos renais aumentem depois da pandemia, pois a doença não pode esperar.

Sobre o Dr. Marcos Dall'Oglio

Possui graduação em Medicina pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1993) e doutorado em Medicina (Urologia) pela Universidade Federal de São Paulo (2000). Professor Livre-Docente da Faculdade de Medicina da USP desde 2008. Tem certificação para atuar em cirurgia robótica (Urologia) pela Intuitive Da Vinci Surgical System Training. Atuou como Diretor Médico Oncocirúrgico e Chefe do Setor de Uro-Oncologia do Instituto de Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) e como Chefe do Setor de Uro-Oncologia da Divisão de Clínica Urológica do Hospital das Clínicas (HCFMUSP). Professor Associado da Faculdade de Medicina da USP desde 2012. Atua em Cirurgia Robótica Urológica, com linhas de pesquisa principalmente nos seguintes temas: fatores prognósticos do carcinoma de células renais, câncer de bexiga, de próstata e testículo, neoplasias malignas do trato genitourinário, técnicas cirúrgicas em urooncologia.

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