O presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou nesta quarta-feira (9) que poderá disponibilizar, até maio de 2021, 100 milhões de doses da CoronaVac, vacina contra o coronavírus desenvolvida em parceria com a chinesa Sinovac Biotech.
"Em dezembro, o Butantan terá 46 milhões de doses disponíveis para o nosso Ministério da Saúde. O Ministério da Saúde poderá iniciar o seu programa de imunização."
Dimas Covas ressaltou que esta quantidade não é suficiente, já que cada pessoa recebe duas doses. Mas afirmou que há capacidade de produção.
"Temos condições de fornecer, até maio do ano que vem, se houver manifestação nesse sentido, até 100 milhões de doses."
O instituto, ligado ao governo de São Paulo, é o responsável pela terceira fase de testes da CoronaVac, realizados em 12 centros de pesquisa em todo o país.
O governo paulista pediu ao Ministério da Saúde a liberação de R$ 1,9 bilhão para a produção da CoronaVac. As conversas entre estado e governo federal continuam para viabilizar o recurso.
A expectativa é que os primeiros resultados comecem a ser analisados a partir de 15 de outubro, segundo Covas.
"Um organismo internacional que controla o estudo, ele que vê os dados dos voluntários e vai lá concluir se há ou não demonstração da eficácia. Havendo demonstração da eficácia, a vacina poderá ser registrada na Anvisa e disponibilizada ao Ministério da Saúde."
Na avaliação de Dimas Covas, houve um equívoco da imprensa ao divulgar que a CoronaVac era menos eficaz em idosos.
"Saiu uma notícia esses dias na mídia dizendo que a a vacina não protegia os idosos. Na realidade, a leitura foi feita de uma forma diferente dos dados. A notícia é muito boa. Os dados que nós oferecemos para a Anvisa mostram que a vacina tem uma boa resposta imunológica nos idosos."
Os testes, segundo ele, demonstraram que a vacina em dose intermediária criou anticorpos neutralizantes em 98% dos voluntários.
O diretor do Butantan também comentou a suspensão dos estudos da vacina desenvolvida pela AstraZeneca e pela Universidade de Oxford, que também são realizados no Brasil.
A farmacêutica decidiu pausar os ensaios, ontem, após um participante apresentar uma doença desconhecida.
"A AstraZeneca tinha compromissado com vários países do mundo mais de 1 bilhão de doses. Então, boa parte da esperança de início da vacinação no próximo ano está depositada na vacina da AstraZeneca, inclusive aqui no Brasil, que foi anunciado 100 milhões de doses", afirmou Covas.
Ele disse que não há como prever o impacto, mas garantiu que isto em nada afeta o cronograma dos estudos da CoronaVac.
Não houve relatos de qualquer efeito adverso na vacina estudada pelo Butantan até este momento.