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Aumento da liquidez na Bolsa: VVAR3 negocia mais que PETR4

1 de Setembro de 2020

Por Cassio Bariani, CEO da fintech SmartBrain, plataforma de controle e consolidação de investimentos

A Bolsa tem atraído cada vez mais investidores pessoas físicas. No período da pandemia, mais de 900 mil novos CPFs ingressaram no mercado e, hoje, já superam 2,8 milhões. O avanço no número de investidores foi de quase 130% em um ano.

Entre os fatores que justificam esse grande fluxo estão a taxa de juros da economia em patamar mais baixo, a queda nos retornos da renda fixa, a maior disponibilidade de conteúdo de educação financeira, discussões nas redes sociais, além do fácil acesso às plataformas de negociações. 

E nesse cenário, as ações e outros ativos como fundos imobiliários (FIIs), fundos de ações e ETFs ganharam mais importância na composição dos portfólios com estratégias diversificadas a fim de obter maiores ganhos. 

O fato é que o aumento do fluxo de investidores na Bolsa e em fundos de ações tem contribuído para o aumento da liquidez, isto é, a facilidade e a velocidade para comprar ou vender ações. 

Para se ter uma ideia o volume financeiro médio diário negociado na B3 cresceu cerca de seis vezes em cinco anos, saindo do patamar de R$ 5 bilhões para mais de R$ 30 bilhões. 

Evolução do volume médio negociado na B3

Liquidez: não somente das blue chips

Se em 2015, o volume diário no mercado acionário era no total de R$ 5 bilhões, hoje, há ações de várias empresas que individualmente chegam a negociar entre R$ 1 bi a R$ 2 bi, ou seja, representam sozinhas entre 20% a 40% de tudo o que girava na Bolsa cinco anos atrás. 

Historicamente, a liquidez é uma característica ligada às ações de empresas tradicionais, as chamadas blue chips – por exemplo, a Petrobras (PETR4), a Vale (VALE3) e as ações dos grandes bancos, porém, atualmente, além delas, diversas outras companhias passaram a ser bastante negociadas.

Por exemplo, o giro financeiro diário da Via Varejo (VVAR3), dona das redes Casas Bahia e Ponto Frio, ultrapassou R$ 2 bilhões no final julho deste ano, ficando acima do volume de R$ 1,6 bilhão da Vale, de R$ 1,3 bi da Petro e de R$ 870 milhões do Itaú (ITUB4). 

Em cinco anos, o volume médio negociado da WEG (WEGE3), empresa especializada na fabricação e comercialização de motores elétricos, soluções e tecnologias de energia fotovoltaica, saltou 26,6 vezes para R$ 427 milhões (registrados no início de agosto de 2020). 

Evolução do volume médio negociado na B3 comparado com algumas ações

Mas, o que o aumento de liquidez na Bolsa significa? 

Em primeiro lugar, a facilidade de as empresas realizarem novas captações ou abrirem seu capital através dos IPOs, ou seja, mais investimentos injetados no setor produtivo. 

Um mercado de ações ativo, funcionando bem e líquido permite que as companhias financiem a expansão das suas atividades, seus projetos, pesquisas e inovações, de forma competitiva, sem depender exclusivamente de bancos ou de linhas do governo. 

Para os investidores, a maior liquidez na Bolsa significa maior possibilidade de diversificação dos investimentos e flexibilidade para promover mudanças nas carteiras ao longo do tempo. 

E os investidores podem escolher diversas formas de obter ganhos. Entre as estratégias que podem ser adotadas, podemos elencar os investimentos de longo prazo, os investimentos buscando ganhos com carteiras mensais, day trader, as opções e as ações a termo. 

Por sua vez, vemos o aumento dos investimentos em fundos de ações. Não muito tempo atrás, no período da maior recessão do país entre 2015 e 2016, os fundos de ações chegaram a representar somente 5% do total da patrimônio da indústria de fundos. Hoje, já têm uma participação de 9% e o potencial de crescimento ainda é enorme. Existem fundos bem diversificados, com variadas estratégias e técnicas de gestão, justamente porque há um número maior de ações de qualidade com maiores volumes negociados. 

Diante do aumento do maior giro dos papéis negociados na Bolsa, é possível que os fundos passem também a rever suas políticas de resgate, diminuindo os prazos, por exemplo, de D+90 para D+60 ou de D+60 para D+30. Portanto, a tendência é que os fundos ofereçam cada vez mais produtos diferenciados e alternativas de mais liquidez aos cotistas. 

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