No mundo globalizado onde todas as pessoas se conectam nos quatro do mundo 24 horas por dia, em redes sociais, internet, vídeo-chamadas e outros, todos nós, independente da vida profissional, temos uma vida social e pessoal, com nossos desejos, nossas vontades e acima de tudo nosso modus operandi do dia a dia. Por falar em rede social e internet, com toda certeza você já ouviu falar que a medicina vive em constante evolução, revendo conceitos e quebrando paradigmas, principalmente na forma de se comunicar com nossos pacientes. Logicamente a rede social nos deixa expostos de uma forma a ser amados, seguidos, julgados e até odiados, mas ela trás esse legado da facilidade da conexão com alguém que seria a principio distante. Porém este alguém tem a obrigação de saber que do outro lado não se trata de uma “Pessoa Jurídica”ou marca, e sim de um ser humano com todos os anseios dele.
Contudo, não foi isso que apontou o estudo conduzido por os pesquisadores americanos, e publicado no respeitável Journal of Vascular Surgery, o qual abordou sobre impacto do "conteúdo de mídia social disponível ao público" e como ele poderia afetar as escolhas médicas de futuros pacientes.
Segundo o site americano Insider, após a análise das redes sociais de mais 235 profissionais da saúde, a pesquisa intitulou como “um comportamento antiprofissional” as fotos publicadas por mulheres em trajes de banho, como biquinis e maiôs e fotos que demonstravam o consumo de álcool.
O citado estudo, totalmente agregado a militância da discriminação de gênero, colocou em questionamento a capacidade intelectual, dignidade e decência, não só das médicas americanas, mas também de médicas brasileiras e das demais profissionais da saúde, que se viram vítima do machismo médico e da misoginia que tanto combatemos.
Associar a postura, seriedade, capacidade e competência intelectual de qualquer profissional a fotos postadas em rede sociais no gozo de momentos de lazer entre famílias e amigos, é um pensamento antiquado, que não condiz com a evolução que a medicina e principalmente o mundo devem ter. Fotos de biquinis, maiôs ou com copos de bebidas alcoólicas não desabonam a conduta ética e profissional de médicas e milhares de profissões exercidas por mulheres.
O antiquado estudo americano, torna esta uma ocasião favorável para chamar a atenção à luta de igualdade de direitos entre homens e mulheres. Sob a onda de empoderamento feminino e da sororidade entre as mulheres, fatos machistas são fatores fundamentais para que elas possam lutar pelos seus direitos.
Mesmo com a retratação da revista, ocasionada apenas por uma enxurrada de criticas e postagens com hashtag #medbikini pelo mundo, ficam algumas brechas que devemos lutar para que sejam enterradas, ainda existe sim desigualdade e principalmente julgamento alheio com o infeliz machismo encrustado na sociedade e acima de tudo lembrar que o fato de ser médico, homem ou mulher, não nos faz diferentes socialmente do restante da população. Adoencemos, festejamos, viajamos, bebemos, confraternizamos e temos a obrigação de aproveitar nossas vidas pessoais em paralelo ao crescimento profissional. O fato de julgarmos uns aos outros mostra mais quem somos do que o próprio julgado em questão.
Autor:
Dr. Thiago Melo
Cirurgião Vascular – RQE 12084
Membro da diretoria de marketing da
Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular
@drthiagomelo