Sarau Virtual é atração da 40tena Cultural da Fundação do Livro e Leitura nesta quinta-feira (6/8), a partir das 19h, pela plataforma Zoom
Elas se juntaram em maio de 2018 para formar uma frente cultural de mulheres capazes de se expressar artisticamente e promoverem a conscientização e reflexões sobre temas variados. O objetivo central da criação deste movimento coletivo, desde o início, foi criar representatividade feminina na cena do hip hop. No início eram nove jovens, que levaram sua arte para a Praça XV de Novembro, em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo e, aos poucos, suas vozes fizeram eco por escolas, universidades, comunidades e outros espaços públicos, desenvolvendo ideias e projetos que ganharam corpo e reconhecimento. Hoje, formam a Coletiva de Rua Sarau DisseMinas – conhecida pelo tradicional encontro na praça, sempre às quintas-feiras e também por oficinas, rodas de conversas em seus canais pelas redes sociais.
O coletivo estará ao vivo nesta quinta-feira (6/8), a partir das 19h, na agenda da 40tena Cultural da Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto para realizar o Sarau DisseMinas junto com Thata Alves, poetisa convidada. A transmissão será pela plataforma ZOOM e a participação é aberta e gratuita.
Atualmente, a DisseMinas é formada por cinco integrantes: Brenda Falcão, Ellis Schmidt, Fernanda Terreri, Letícia Andreolli e Marcela Pavam: mulheres na faixa entre 17 a 27 anos. Todas produzem poesia ou prosa, algumas compõem músicas, desenhos e outras manifestações artísticas, como slam, grafite e dança.
De um encontro informal, o projeto foi ganhando adeptos, fãs e conquistando espaços da cidade que registraram suas vozes e performances. A arte é uma forma singular que elas encontraram para se expressar e definir seu lugar no mundo. As principais ferramentas que utilizam é a arte de rua, produção local, literatura marginal, educação informal, cultura hip hop e a coletividade. “Nós cinco estamos na gestão do coletivo, mas o espaço sempre é livre e dá possibilidade para quem quer participar nos saraus, além de que temos alunos e estamos sempre criando projetos para disseminar nossa arte”, diz Brenda Falcão, artista, designer, arte educadora e tatuadora.
Com a pandemia do novo Coronavírus, os encontros presenciais do DisseMinas na praça foram suspensos, bem como em outros espaços públicos, mas elas não se calaram e continuaram levando sua força expressiva, manifestos e reflexões pelas redes sociais no Instagram @saraudisseminas e https://www.facebook.com/
Nestes canais virtuais, elas oferecem rodas de conversas sobre temas variados, oficinas de modalidades como consciência corporal, construção de vime, mandala, entre outras. “Felizmente, neste novo formato, conseguimos chegar a muitas cidades e até capitais como de São Paulo e Minas Gerais”.
Esse crescimento de público tem trazido novas percepções para o grupo e uma constatação importante: o poder do coletivo. “Antes não éramos ambiciosas. A gente tinha o desejo de fazer uma transformação, mas conforme a DisseMinas foi se desenvolvendo, percebemos que podíamos fazer mais”. Hoje, as integrantes têm consciência de que se tornaram comunicadoras em potencial, algumas arteeducadoras e têm planos mais ousados, entre eles, lançar um livro de Antologias, se possível, em maio de 2021, quando o grupo completará três anos.
Nesta quinta (6/8), o Sarau DisseMinas vai dividir a tela com uma convidada especial para elas: a poetisa Thata Alves, artista multimídia, que transita entre vídeo, performance e poesia. Thata é conhecido pelo bailar nas palavras que já lhe permitiu ousadias como ser a precursora do Sarau da Ponte pra Cá há cinco anos. Ela é quem articula, produz e organiza este evento. “A Thata Alves é maravilhosa, uma mulher negra fortíssima, que nos inspira muito”, afirma Brenda.
A poetisa é autora e reuniu seus versos e os publicou de maneira independente em seu primeiro livro de poesias chamado “Em Reticências”, 2016. Em 2017 lançou seu segundo material literário “Troca”, e em 2018 apresentou ao mercado editorial o livro infantil baseado nas vivências de seus filhos gêmeos Bryan e Brenno denominado “Ibejis - Poesias do meu ventre”. Toda essa trilogia é lançada pelo selo Academia Periférica de Letras.
Thata Alves participa, propõe espaços de discussão e realiza trabalhos em parceria com os coletivos Praçarau, ala Guerreira, Sarau das Pretas, Slam das Minas, CITA (Cantinho de Integração de Todas as Artes) e a Casa de Cultura Candearte. Ela também está à frente do projeto Sarau da Ponte Pra Cá, que acontece desde setembro de 2014 e tem como principal objetivo dar continuidade a uma importante ação de difusão cultural e ressignificação do espaço público e acontece de forma voluntária no bairro do Campo Limpo, periferia sul da cidade de São Paulo.
O Sarau da Ponte Pra Cá promove intervenções de artes plásticas, descobertas de novos artistas e poetas, lançamentos de livros, shows de música e cultura popular, economia solidária, tudo isso em plena praça, na primeira segunda-feira de cada mês no período noturno com total acesso de crianças, jovens e adultos da comunidade local, estudantes do entorno e especialmente pessoas em situação de rua que vêm no sarau a possibilidade de se expressar e repensar suas existências neste território.
A poetisa também desenvolve a Oficina da Thatha, um espaço onde procura promover a troca e o despertar da consciência das participantes enquanto protagonistas de suas histórias, que por sua vez são as histórias de suas famílias e das comunidades em que estão inseridas. A proposta é realizar trocas literárias utilizando-se de oralidade, poesias, música, escrita de cartas e visita às memórias das participantes.
Segundo Thata Alves, a mulher tem uma presença e importância fundamental para o desenvolvimento dos espaços em que participa, não apenas no nicho familiar, mas também na formação política e social das comunidades. “A questão é que mesmo com os avanços nas discussões sobre igualdade de gênero, esse protagonismo da mulher muitas vezes acaba se tornando um peso, que não traz a elas benefícios profissionais ou mesmo reconhecimento histórico, pelo contrário, acabam por dar a ela um tanto mais de obrigações”.
SERVIÇO
Sarau DisseMinas com participação especial da poetisa Thata Alves
Data: 06/08/2020
Horário: 19 horas
Onde: plataforma Zoom. O link está disponível na Bio do Instagram da instituição: https://us02web.zoom.us/j/
40tena Cultural
Durante mais de três meses de programação consecutiva, a 40tena Cultural já realizou mais de 45 atividades e interagiu com mais de 15 mil pessoas. O projeto, realizado pela Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto, tem como proposta incentivar as pessoas a ficarem em casa durante o período de isolamento social, em virtude da pandemia do coronavírus (Covid-19). Semanalmente são divulgadas atividades que abrangem desde as transmissões ao vivo com artistas e convidados até contação de histórias para crianças, show, dicas e discussões de livros. Para acompanhar a programação semanal, basta acessar as redes sociais da Fundação do Livro e Leitura:
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Youtube (FeiraDoLivroRibeirao)
Sobre a Fundação
A Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto é uma entidade de direito privado, sem fins lucrativos. Trata-se de uma evolução da antiga Fundação Feira do Livro, criada em 2004, especialmente para realizar a Feira Nacional do Livro da cidade. Hoje, é considerada a segunda maior feira a céu aberto do país, realizada tradicionalmente no mês de junho. Em 2020, a Feira entraria na 20ª edição e se tornaria internacional. Por isso recebeu recentemente nova identidade, apresentando-se como FIL (Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto), mas foi remarcada para 2021, devido à pandemia de Coronavírus.
Com uma trajetória sólida e projeção nacional e agora internacional, ao longo de seus 20 anos, a entidade ganhou experiência e, atualmente, além da Feira, realiza muitos outros projetos ligados ao universo do livro e da leitura com calendário de atividade durante todo o ano. A Fundação se mantém com o apoio de mantenedores e patrocinadores, com recursos diretos e advindos das leis de incentivo, em especial do Pronac e do ProAc.