Por Heródoto Barbeiro *
É preciso pôr um ponto final em publicações ofensivas ao Estado brasileiro. A conjuntura que vive o país hoje não pode arcar com a disseminação de notícias que ajudam a desestabilizar a sociedade e o chefe do poder executivo de pôr em prática seu plano de governo. As empresas privadas de comunicação alegam que o presidente quer que quebrem, uma vez que são responsáveis por notícias que atacam sistematicamente o governo. Este controla cada tostão investido nessas empresas. As mais amigas certamente recebem mais verbas federais. O Estado tem uma estrutura adequada para divulgar as notícias do seu interesse, uma vez que tem canais próprios de mídia e um verdadeiro batalhão de jornalistas para produzir noticiários que alcancem a população brasileira esteja ela onde estiver. Para isso o governo investe em novos e modernos equipamentos.
O presidente inaugura uma nova era na comunicação. Não depende mais da intermediação dos jornalistas e veículos e opta por uma comunicação direta com a população. A isso os sociólogos chamam de populismo, uma vez que fala tanto para a burguesia como para o proletariado e o tom é que as classes sociais devem viver em harmonia. É um anticomunista convicto, e não admite a luta de classes, a expropriação das propriedades privadas, especialmente as rurais, e a formação de conselhos populares, ou sovietes. Com habilidade mistura questões políticas com família e religião quando acusa os oposicionistas de ateísmo e contrários a uma família tradicional. O setor de comunicação assume uma feição de superministério, ou seja a base de sustentação do poder presidencial. Os discursos constantes incitam a população a não aceitar o que chama de infiltração nos ideais da tradicional família brasileira. Mais uma vez o chefe do poder executivo tem a sua imagem enquadrada no mito do salvador da pátria, o super homem que vai salvar a todos dos perigos internos e externos.
A radicalização política é alimentada pelos ataques da direita e da esquerda. Fascistas, racistas, exploradores, misóginos, aliados das ditaduras nazifascistas, apoiadores da elite, são os carimbos da esquerda contra a direita. Esta por sua vez responde pichando os comunistas de ateus, contra religião, contra a família, favoráveis à tomada dos meios de produção pelo povo e instalação de uma ditadura do proletariado. O governo cria um órgão especial, o Departamento de Imprensa e Propaganda, que tem como missão, além de exaltar a figura e o governo do ditador, é responsável pela censura do todas as publicações. Diz o decreto : fazer a censura do teatro, do cinema, de funções recreativas e esportivas de qualquer natureza, de radiodifusão, da literatura social e política, e da imprensa, quando a esta forem cominadas as penalidades previstas por lei. É a lei, quando é aplicada. Pior quando o autor da notícia é raptado pela polícia política, enterrado em uma masmorra e submetido à tortura. No pé do decreto está assinatura de Getúlio Vargas.