Colaboradores - Tânia Voss

Entrevista Exclusiva - Rodrigo José canta o Brega-Chique e grava com Baleiro

29 de Maio de 2020

Ousado e extravagante, assim ele aparece cantando as músicas que o povo gosta, com muita classe e rreverência. O cantor e compositor paulista refina seu brega-chique mesclando ótimas composições próprias e releituras inusitadas de hits alheios Novo álbum traz parcerias inéditas com Zeca Baleiro e Nil Bernardes.  “Histórias de amor são imperfeitas, e é sobre isso que eu canto”, comenta o artista. “Rodrigo José Volume 3” teve pré-lançamento para os fãs mais fiéis no dia 23 de maio em uma plataforma digital.  

Durante muitos anos, as músicas mais populares eram encaradas como bregas ou cafonas, e desprezadas pelos formadores de opinião. A partir dos anos 1980, no entanto, isso começou a mudar, com essas canções com mensagens diretas e próximas do dia-a-dia de todos ganhando mais respeito e, também, maior qualidade técnica ao serem gravadas.

O cantor e compositor Rodrigo José é um fruto dessa evolução, um legítimo representante do chamado “brega-chique”, ou “chic 10”, expressão essa popularizada por ele e que dá nome à banda de apoio que o acompanha em sua trajetória musical.

Nos últimos anos, Rodrigo viu sua fama se expandir muito, graças a uma inusitada e inteligente releitura de clássicos da música brega como “Sorria, Sorria” (Evaldo Braga) e “Tenho” (Sidney Magal) com arranjos fortemente influenciados pelo soul, blues e rock da década de 1970.

Com um vozeirão e forte presença cênica, ele lançou dois álbuns e um DVD gravado ao vivo cuja ótima repercussão o levou a participar com destaque de programas de TV de alta popularidade como Domingão do Faustão, Altas Horas, Encontro com Fátima Bernardes, The Noite, Raul Gil, Domingo Espetacular e vários outros. O artista ainda protagonizou matérias de importantes revistas, jornais e portais de internet.

Além disso, a canção “Eu Te Amo” foi incluída na trilha sonora do filme “Jeitosinha” (2017), de Sérgio Lacerda e Johil Carvalho. De quebra, nada menos do que 12 gravações suas entraram na trilha da série global “Eu, A Vó e o Boi” (2019), de Miguel Falabella.
É nesse clima de enorme ascensão que Rodrigo José nos oferece seu novo lançamento, Rodrigo José Volume 3, já disponível em todas as plataformas digitais. 

Logo de cara, chama a atenção o fato de ele trazer canções próprias escritas com feras da música brasileira. Com forte clima de blues, “Desde Que Te Vi” foi composta por Rodrigo em parceria com Zeca Baleiro, grande expoente da nova MPB e um fã confesso da música de artistas como Odair José, Bartô Galeno e outros dessa praia sonora.

A agitada “Sheila Minha Amada” tem como coautor ninguém menos do que Nil Bernardes, compositor das músicas de abertura das novelas “O Rei do Gado” e “Esperança” e também de hits gravados por estrelas como Zezé di Camargo & Luciano, Chitãozinho & Xororó, Leandro & Leonardo, Laura Pausini, Daniel e muitos outros.

“Volta Amor” tem pinta de música que pode entrar com força em alguma trilha de novela, tal o seu romantismo, enquanto a direta “Mariana” e a sacudida “Amor de Cabaré” (que tem um delicioso clipe para divulga-la) são outras composições próprias certeiras.

Como de praxe, Rodrigo escolheu a dedo cinco hits alheios para reler do seu jeitão, que lembra um pouco o do Elvis dos anos 1970. “Doida Demais”, um dos maiores sucessos de Lindomar Castilho, aparece aqui com swing de soul music.

“Feiticeira”, o maior hit do saudoso Carlos Alexandre, virou uma espécie de rockabilly com sotaque blueseiro, enquanto “Meu Ex-Amor”, um dos maiores êxitos de Amado Batista, mergulha de vez na vocação roqueira que já demonstrava na gravação original do autor.

A maior surpresa fica por conta de “A Dois Passos do Paraíso”, da Blitz, que ficou tão boa a ponto de merecer a aprovação de seu autor e vocalista da consagrada banda carioca, Evandro Mesquita.

Rodrigo José produziu esse álbum, que ele considera o mais bem realizado de sua carreira, ao lado de Bruno Brito, um dos integrantes da afiadíssima banda Chic 10. O cantor e compositor resume bem a essência de seu trabalho e das músicas que integram seu repertório:

 Mais detalhes sobre a vida e carreira de Rodrigo José:

CV -  Fale do carinho que tem pelas canções do chamado "Brega". E como fez desse estilo um brega refinado, nas suas apresentações.

R J - "Tem muita coisa boa no estilo. Além do que, acho que ele é o gênero que melhor representa a verdadeira música popular, no real sentido da palavra “popular”. Melodias e letras simples que revelam as historias, principalmente amorosas, do nosso povo, com a inocência própria do nosso povo.
Sobre refinar o estilo, creio que aconteceu de forma natural. Todos somos filtros e transformamos tudo o que absorvemos de acordo com nossa ótica ou influencias. As minhas são, além da própria música popular brasileira, também o Blues o Rock e o Soul americanos vindos da minha cidade natal, Americana - SP. No fim só transmiti aquilo que amo."

CV- Quais os artistas denominados bregas que você mais gosta e se inspira? Por que?

RJ - "Não seria elegante rotulá-los. Muitos não gostam e fogem dessa classificação ainda preconceituosa e mal compreendida. Por isso vou citar artistas da música popular brasileira como Evaldo Braga, Reginaldo Rossi, Odair José, Waldick Soriano. Eles conseguem transmitir, como poucos, o sentimento e as dores do amor."

CV - O olhar do público mudou, hoje em dia, para músicas assim, a que se deve essa mudança e esse novo ouvido, digamos assim?

RJ- "Antigamente a critica musical especializada assim como os veiculos de comunicação tinham mais força para influenciar o público e criaram verdadeiros boicotes e até mesmo perseguições a muitos destes artistas. Hoje com o advento da internet os filtros preconceituosos estão deixando de existir fazendo transparecer o verdadeiro valor que há nesse estilo de fazer música tão autêntico e importante para a nossa cultura."

CV- Compor ou interpretar? Fale da sua amizade com o grande poeta Zeca Baleiro?

RJ - "Adoro fazer ambos. Confesso ser mais complicado interpretar as próprias músicas. Há menos referencias de outros cantores pra seguir. Tudo é essencialmente criação. Por isso é fascinante também.
Conheci o Zeca por intermedio de um amigo comum. Desde o inicio ele foi muito generoso e respeitoso comigo. Sei que ele é fã desse estilo, tendo inclusive produzido discos de artistas do gênero. Além disso Zeca também compoe e canta as historias reais do nosso povo simples. Por isso foi instantâneo nosso entendimento"   

CV- “Desde Que Te Vi” foi composta por você em parceria com Zeca Baleiro. Comente essa canção.

RJ- "Eu tinha o tema da história e a melodia na cabeça. Quando o Zeca ouviu ele quis participar da brincadeira e colaborou muito. Ele é muito bom. Tem a língua solta, no bom sentido, e é muito rápido.
A música fala de uma paixão arrebatadora e paralisante surgida num boteco em alguma esquina da vida."

CV- Histórias de amor são imperfeitas?

RJ- "Ainda bem que sim. Senão essa vida seria uma chatisse e não haveria a boa música brega.", concluiu o cantor.

Agora conheça As músicas de “Rodrigo José Volume 3”:


01- Sheila Minha Amada (Rodrigo José/Nil Bernardes)

02- Doida Demais (Ronaldo Adriano/Lindomar Castilho)

03- Volta Amor (Rodrigo José)

04- Boate Azul (Tomaz/Benedito Seviero)

05- Desde Que Te Vi (Rodrigo José/Zeca Baleiro)

06- Feiticeira (Otávio Garcia/Carlos Alexandre)

07- Mariana (Rodrigo José)

08- A Dois Passos do Paraíso (Ricardo Barreto/Evandro Mesquita)

09- Amor de Cabaré (Hélio Vieira/Vandrin Rodrigues/Rodrigo José)

10- Meu Ex Amor (Amado Batista/Reginaldo Sodré)  


Veja o clipe de “Amor de Cabaré”:

https://www.youtube.com/watch?v=croJKQSF3ls

Veja o making of do álbum:

https://www.youtube.com/watch?v=-yCznr1DssA

Ouça “Rodrigo José Volume 3” em streaming:

https://tratore.ffm.to/volume3

Comentários
Assista ao vídeo