O governador João Doria anunciou nesta quarta-feira (27) o que chamou de "retomada consciente" da atividade econômica no estado de São Paulo em coletiva que está sendo realizada desde 12h no Palácio dos Bandeirantes, na zona sul da capital. Conforme já havia sido mencionado a flexibilização ocorrerá de forma gradual e heterogênea, de acordo com a evolução da pandemia em cada região.
"Hoje é um dia particularmente importante para São Paulo e para os 46 milhões de brasileiros de São Paulo. É o dia em que estamos anunciando a retomada consciente a partir do dia 1º de junho", afirmou o governador. "A partir de 1º de junho por 15 dias, manteremos a quarentena, porém, com uma retomada consciente de algumas atividades econômicas no estado de São Paulo."
O estado adotou a quarentena no dia 24 de março. A medida foi prorrogada duas vezes e estava prevista para ser encerrada no dia 1º de junho, mas seguirá em vigor no estado enquanto acontece a retomada econômica. "Quero alertar, no entanto, que a retomada consciente parte do princípio da colaboração de todos e da ajuda conjunta. Mas parte também do princípio de que nós estaremos monitorando dia a dia a evolução do processo e o respeito à ciência e à medicina", declarou Doria.
Doria agradeceu aos moradores do estado que aderiram ao isolamento social e e afirmou 65 mil vidas serão salvas no estado pela quarentena. "Tivemos êxito por conta desse esforço coletivo e principalmente pelo esforço da população do estado de São Paulo. Como exemplo, os feriados prolongados, foram seis dias de feriado prolongado aqui em São Paulo. [...] Conseguimos um isolamento social que, na média, subiu 2%. Pode parecer pouco, mas não é. 2% significam 880 mil pessoas que ficaram em suas casas em isolamento social". disse o governador.
Segundo Doria, a pandemia teve forte impacto na economia do estado e mesmo assim, foram mantidas 74% das atividades em funcionamento. "Temos consciência de que é com união e trabalho coletivo que estamos salvando vidas", afirmou.
O plano da chamada retomada consciente, disse o governador, será realizado em cinco fases, que ainda serão detalhadas durante a coletiva. "Não é um relaxamento aos cuidados à vigilância e à proteção da vida, mas um monitoramento, um ajuste fino voltado para as realidades regionais", disse o governador. "Ela será possível nas cidades que tiverem redução consistente do número de casos e tiverem também disponibilidade de leitos nos seus hospitais públicos e privados e também que estiverem obedecendo o distanciamento social nos ambientes públicos, além da disseminação e uso obrigatório de máscaras."
A definição da retomada das atividades é estabelecida pelo Plano São Paulo. O plano prevê cinco níveis de restrição, calculados com base em cinco critérios. Dois destes critérios são relacionados à capacidade do sistema de saúde: a taxa de ocupação dos leitos de UTI e o número de leitos de UTI a cada cem mil habitantes. Outros três critérios se referem à evolução da epidemia: número de casos, de internação e de óbitos.
As cinco para retomada de atividades consideradas pelo governo estadual são:
- Fase 1 (alerta máximo): fase de contaminação, com liberação apenas para serviços essenciais;
- Fase 2 (controle): fase de atenção, com eventuais liberações;
- Fase 3 (flexibilização): fase controlada, com maior liberação de atividades;
- Fase 4 (abertura parcial): fase decrescente, com menores restrições;
- Fase 5 (normal controlado): dase de controle da doença, liberação de todas as atividades com protocolos).
A Grande São Paulo está enquadrada na fase 1, que abrange também as regiões da Baixada Santista e de Registro. Nesses casos, só podem operar, além dos serviços considerados essenciais, atividades de construção civil e de indústria não essencial.
A cidade de São Paulo se encaixa na fase 2, assim como as cidades da região de Marília, Araçatuba, São José do Rio Preto, Franca, Ribeirão Preto, São João da Boa Vista, Piracicaba, Campinas, Taubaté e Sorocaba. Nesta fase, podem ser reabertos, porém com restrições, escritórios, concessionárias, atividades imobiliárias. shopping centers e comércio.
A fase 3 valerá para os municípios da região de Bauru, Presidente Prudente, Barretos e Araraquara/São Paulo. Neste estágio, podem operar, sem restrições, atividades imobiliárias, concessionárias e escritórios, e com restrições, bares, restaurantes e similares, comércio, shopping centers e salões de beleza.
Ainda não há municípios nas fases 4 e 5. Na fase 4, há apenas uma mudança em relação à fase 3, que é a abertura, com restrições de academias.
Na fase cinco, todas as atividades são retomadas sem restrições. Apenas neste estágio podem ser reabertos teatros, cinemas e espaços públicos. Também apenas na fase 5 podem ser promovidos eventos que provoquem aglomeração, como os esportivos.
Um dos critérios para definição das fases no estado de São Paulo, a taxa de isolamento social considerada ideal pelo governo é de 70% e a mínima, de 55%. O número leva em conta a capacidade do sistema de saúde de atender doentes com covid-19.
O índice mais alto alcançado em todo o estado foi de 59%, atingido nos dias 29 de março, 5, 12 e 19 de abril e 3 de maio - um domingo de feriadão.
Na cidade de São Paulo, a taxa máxima alcançada também foi de 59%, nos dias 29 de março e 5 de abril. A capital tentou adotar medidas para ampliar isolamento, como a realização de bloqueios no trânsito, até a adoção de um novo rodízio de veículos, de 24 horas, em toda a cidade, em dias alternados. A medida no entanto, não teve forte impacto na adesão ao isolamento e gerou diversos questionamentos na Justiça.
A última tentativa de ampliar o isolamento foi a antecipação de feriados. Foram antecipados os feriados de Corpus Christi, do Dia da Consciência Negra e de 9 de Julho, criando entre os dias 20 e 25 de maio um novo feriadão. A adesão ao isolamento aumentou e chegou a 57% no domingo (24), e de 53% no sábado (23) e na segunda (25).