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A indústria 4.0 e o futuro das organizações: impactos possíveis

1 de Novembro de 2019

Por Dr. Rubens Zampieri Filardi

As mudanças oriundas da revolução 4.0, ou da nova era industrial, onde robôs e máquinas associadas à inteligência artificial (IA) assumem grande papel nas atividades; onde a comunicação ocorre em velocidades altíssimas, onde a dinâmica de como os negócios surgem (e somem) são impensáveis, e especialmente frente à erupção de uma nova geração que está a se alimentar no dia a dia desta nova realidade, sem dúvida provocará mudanças organizacionais complexas.

Analisando separadamente os principais elementos organizacionais (estrutura, cultura, estratégia) podemos vislumbrar desde já uma necessidade no ajuste estrutural e estratégico do negócio, por questões bem evidentes. A introdução de máquinas inteligentes (robôs de automação) e IA na cadeia de produção, seja de produtos ou serviços, altera substancialmente os modelos de negócios, e isto se evidenciará no novo equilíbrio que se fará importante no estoque de recursos da empresa (humano x tecnológico). Se mostrará nos canais de vendas, que serão impulsionados por tecnológica de vendas e uso de inteligência de dados (algoritmos de predição). Ficará mais clara nas formas de relacionamento com clientes e parceiros estratégicos, com maior interatividade virtual e digital. Exigirá ajustes orçamentários, revisão de preços, pois investimentos mudarão, e custos se alterarão. Fará surgir diferentes concorrentes, de segmentos e origens não imaginadas. Ou seja, os principais componentes da estrutura e do plano de negócio deverão ser reajustados; logo, a estratégia e os próprios objetivos do negócio precisarão ser remodelados.

Pensando-se no ambiente organizacional podemos vislumbrar também um cenário de novas regulamentações legais, de novos valores sociais. Uma evidência relevante disso podemos ter pela nova Lei Geral de Proteção aos Dados. Esta lei exigirá das corporações uma adaptação e revisão total de seus processos, pois a abrangência das normas ali contidas mudará não só os canais de vendas, e TI, mas até mesmo RH e financeiro estarão subordinados às regras de tratamento de dados.

Uma nova sociedade sempre traz consigo novas demandas, novas leis, novos comportamentos, novos valores. Demandas, leis, comportamentos e valores afetam as pessoas, e mudam a cultura das corporações. Numa realidade onde máquinas inteligentes dividem ambiente de trabalho com pessoas, onde câmeras e sensores registram tudo em áudio e vídeo, onde hábitos viram padrões através de algoritmos, onde distâncias tornam-se insignificantes, e o que sonhamos pode se tornar realidade em segundos (impressões 3D de alta qualidade), os padrões culturais das organizações de hoje serão implodidos e reconstruídos, e não haverá cargo ou poder hierárquico que faça resistência a isso. As organizações terão de se redescobrir e inventar novas culturas, que preservem a eficiência do negócio, respeitando uma dinâmica absolutamente nova.

Um novo modelo de negócio que surja dos abalos acima explanados impactará certamente na proposta de valor do negócio; e, uma nova estrutura, e uma nova proposta de valor, com novos parceiros, novos concorrentes, novos clientes, novos preços, novos custos, nova velocidade, nova legislação, nova cultura, impõe haja uma nova estratégia. Muitas empresas descobrirão neste redesenho estratégico que os impactos foram tantos, que seu próprio produto/serviço acabará na linha final por ser diferente, e então novos objetivos terão de ser pensados, novos propósitos serão descobertos, e precisarão de estratégias e planos de ação totalmente alinhados com o “novo”.

Dizer como estas mudanças afetarão os elementos organizacionais exige certa elaboração idealística, pois cada negócio será atingido de forma e em intensidade diferente. Mas seguramente é possível concluir que o plano de negócio da grande maioria das empresas terá de ser significativamente revisado em basicamente todos os elementos. Podemos também dizer que os personagens que estarão à frente desta nova indústria 4.0 (e serão colaboradores/parceiros das corporações) deverão ter visão diferente de negócio, propósito, objetivos, valores, e as culturas organizacionais deverão ser afetadas. Logo, para concluir, como serão os planos estratégicos de cada empresário do futuro, não sabemos, mas que não serão os mesmos de hoje, certamente não serão!

Sobre o autor:

Rubens Zampieri Filardi, advogado, formado em Direito pela Unesp Franca, especialista em Direito Tributário pelo IBET, especializando em Gestão de Negócios pela FDC, responsável pelas áreas de contencioso de massa e recuperação de crédito e sócio da Sanchez e Sanchez Sociedade de Advogados.

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