A crise de autoridade mobilizada pela inversão de papéis entre pais e filhos, assola o mundo. Muitos pais sentem dificuldade imperiosa de colocar limites em seus filhos e, o mesmo também acontece com o professor e seus alunos em sala de aula.
Ceder a todos os desejos dos filhos, os impedem de viver frustrações, tornando-os seres mimados e estúpidos em suas ações, destaca a Dra. Joana d’Arc Sakai, psicóloga, psicanalista, escritora e palestrante, especialista em crianças e adolescentes pela Universidade de São Paulo (USP).
Às vezes, me perguntam, por que temos visto tantas crianças e adolescentes sem limites de conduta? Por que isso está tão comum hoje em dia?
Trata-se de uma crise de autoridade, porque os pais estão com medo de que seus filhos sintam raiva deles. Há muitos pais que desejam serem considerados pelos filhos como “véio, parça, amigão” e isso é um grande problema. Essa relação linear, compromete a relação de hierarquia que deveria estar estabelecida para uma relação saudável entre pais e filhos, segundo a Dra. Joana.
De acordo com a psicóloga, pais e professores, devem ser efetivos na colocação dos limites a seus filhos/alunos, para que estes tenham referenciais consistentes e possam aprender o valor do NÃO, a importância de vivências frustrantes para suportar os nãos que a vida impõe sem ter que matar, que ser violento quando algo ou alguém lhe impedir o acesso, a convivência.
Quando as crianças se desenvolvem em liberdade sem limites, experimentam sentimentos de abandono e tornam-se crianças angustiadas, insatisfeitas, inseguras, agressivas, entre outros. Não ter limites não significa ser livre.
Os limites são como “gestos de amor”, pois dão referenciais para que a criança possa se pautar na vida de modo adaptado. Precisam ser justos, coerentes e efetivos. Uma vez colocado, deve ser mantido, para que não incorra na “síndrome da porta giratória”, isto é, hoje pode, amanhã não pode, promovendo na criança dúvidas e, por conseguinte, manipulações, explica Sakai.
Os limites são como pontos de referência dos pais de maneira constante e consistente, sempre levando em consideração a criança, possibilitando o questionamento, a opção, o respeito mútuo. Limites devem ser colocados quando necessário, caso contrário não dá à criança a possibilidade de errar e de acertar, de valorizar a própria experiência e a consequência lógica de seus comportamentos. Isto possibilitará condições de descobrir e formar a partir das próprias vivências, dos próprios valores, questionamento e posicionamentos. Desta forma, pensam por si mesmas, tem sentido crítico, consideram diversos pontos de vista, pois estão numa relação baseada no respeito mútuo, na cooperação e reciprocidade, na qual o adulto que a acompanha é apenas o facilitador e não o guia de seus passos, finaliza a Dra. Joana d’Arc Sakai.