A questão da diversidade no mundo da moda está em alta, e mais do que nunca tem sido tema de debates que envolvem celebridades, modelos e grandes estilistas, que tem se unido em prol de uma passarela e uma indústria da moda mais inclusiva, diversa e aberta.
A modelo Naomi Campbell, vencedora do prémio Fashion Icon, é um dos rostos mais reconhecidos do mundo da moda e tem abordado este tema na indústria, defendendo a inclusão e a diversidade racial. A britânica de 49 anos foi a primeira modelo negra a ser capa da revista Vogue francesa, da Time Magazine e a aparecer na capa da edição de Setembro da Vogue norte-americana: “Finalmente a diversidade parece ter sido absorvida, mas agora esperamos que não seja apenas uma tendência, como as roupas que estão na moda durante uma estação, e fora de moda na outra, isso não pode acontecer.”
No Brasil, o influenciador digital e empresário do mundo da moda Douglas Rocha tem sido um dos defensores da inclusão, a favor da diversidade na moda. Douglas quer influenciar a sociedade através da moda, tomando a questão como ponto de partida para debater temas como esse: “eu quero que meu modo de vida e as coisas que compartilho nas redes sociais sejam boas inspirações para a sociedade, que eu possa ajudar de algum modo a causar impactos e mudanças positivas. Como sou ligado ao mundo da moda, a questão da diversidade é fundamental nesse contexto, pois infelizmente ainda existe pouca representatividade nas passarelas”.
Apesar dos dados oficiais apontarem para um Brasil miscigenado e com mais de 53% da população entre negros e pardos, Douglas Rocha aponta que no mundo da moda nem sempre essa diversidade está representada. Mas isso não se atém apenas a cor da pele: “a maioria das modelos são brancas, de traços finos e europeus, e bem magras. No entanto a realidade mostra que o brasileiro é um povo miscigenado, multi-racial e de diferentes biotipos. A grande maioria dos homens e mulheres não são ‘sarados' nem magérrimos como as modelos na passarela. A moda não deve também ser feita apenas para homens ou mulheres, não apenas binária, mas para todos, acompanhando todas as formas de expressão do ser. Meu intuito e bandeira sempre será a inclusão pela moda, não a exclusão. No entanto as coisas não acontecem da noite para o dia”.
Douglas também criou uma linha de roupas com foco na diversidade com conceito neuter wear: "eu não faço roupas para homens, ou roupas para mulheres, eu faço roupas para todos. Todos nós somos um, apenas um. Vai muito além do fast fashion, do mainstream, de estar enquadrado no sistema, de viver conforme o sistema manda. Eu busco representar a diversidade, na contramão do fast fashion, do consumismo desenfreado e das relações predatórias e preconceituosas de alguns players da indústria da moda”.
Fotos: MF Press Global