O Brasil é um país que tem sido assolado por uma onda de violência. O número de crimes, em especial nas capitais e regiões metropolitanas, bate recorde a cada ano, o que faz com que a sociedade cobre cada vez mais ações da Polícia e das autoridades.
O Delegado de Polícia Thiago Garcia revela que tem procurado reabilitar criminosos através da persuasão e do viés motivacional na aplicação da Lei, com uma visão humanizada: "Em alguns casos acontece sim de eu conversar com aquele que chega na Delegacia por ter cometido um crime. Embora não conste nenhuma determinação na lei de que eu tenha de fazer isso, penso que é importante realizar um trabalho social como Delegado de Polícia, sob a ótica humanitária. Assim procuro entender e orientar a pessoa para que não volte a delinquir, ainda mais se for um jovem ou alguém que cometeu o primeiro delito, para aplicar mais do que a letra fria da lei”.
O Dr. Thiago Garcia revela que esta abordagem humanizada no entanto ainda é uma prática incomum no Brasil: “no Direito Penal ainda não é muito comum essa visão humanitária. Não é possível tratar com o mesmo rigor uma pessoa que furta um bombom e um político que desvia milhões ou um empresário desonesto que prejudica milhares de pessoas. É desproporcional. Esse é um exemplo de como a Justiça pode ser aplicada pelo Delegado. A Justiça começa na Delegacia de Polícia”.
Como exemplo, o Delegado desenvolve uma situação hipotética para expor seu ponto de vista: “No caso de um furto de um bombom no mercado, eu teria de prender a pessoa em flagrante pela prática do crime. No entanto, como Delegado, eu posso deixar de prendê-la se considerar o fato como insignificante, pois a sua prisão causaria um problema social. O comerciante que teve o bombom furtado não teve seu patrimônio lesado, mas se eu colocar essa pessoa na cadeia, vou colaborar para a superlotação carcerária, sem contar que este delinquente ficará em contato com outros criminosos muito mais perigosos. Uma das finalidades do princípio da insignificância é evitar que isso ocorra".