*Por Daniel Toledo
No fim de janeiro houve um embate político entre o presidente interino da Venezuela Juan Guaidó e Nicolás Maduro. Eles estão em conflito desde 2013 por conta de uma série de problemas. Só na última semana, houve 30 mortos por conta dessa desordem no país.
No dia 28 de janeiro, Donald Trump decidiu entrar para essa briga e foi para cima da Venezuela, bloqueando mais de sete bilhões de dólares de ativos da petrolífera venezuelana que tem uma subsidiária nos Estados Unidos. Ou seja, são sete bilhões de dólares a menos no orçamento de uma nação que já está em um caos total.
Um pouco antes desse posicionamento do presidente americano, alguns de seus principais porta-vozes estavam participando de uma reunião com os representantes do governo dos Estados Unidos. E durante esse encontro, o conselheiro de Segurança Nacional, John Bolton, ao tirar uma foto, deixou aparecer uma anotação em seu caderno que dizia para enviar cinco mil soldados para a Colômbia. Eu tenho certeza que isso foi proposital, por conta das pressões costumeiras que o Trump gosta de fazer.
Mas não parou por aí, porque a Petróleos de Venezuela S.A (PDVSA) faz exportação para vários países do mundo, mas um de seus principais compradores são os Estados Unidos, que detém 41% de tudo o que a petrolífera vende. Vocês têm ideia do que é um embargo desse tamanho? Os Estados Unidos bloquearam os ativos da empresa e ao mesmo tempo parou de comprar dela.
A primeira ministra da Inglaterra Theresa May bloqueou a reserva de ouro porque Maduro teve a genial ideia de mandar as reservas de ouro da Venezuela para o Banco da Inglaterra, cerca de 600 milhões de euros. A ministra deixou esse valor disponível para o Guaidó, o principal confrontante do governo Maduro.
Resumida essa história, vamos ao ponto que quero chegar. Existem diversos acordo militares entre Brasil e Estados Unidos, além de um estreitamento militar Brasil e Itália há algum tempo, o que não tem nada a ver com a posse de Jair Bolsonaro. Apesar de eu ser seu eleitor e defender a direita brasileira, esse mérito não deve ser direcionado ao novo presidente, que ainda assim facilitou essa relação que vem sendo negociada desde 2011, através de algumas trocas de tecnologias.
No meu ponto de vista, se Maduro realmente assumir um posicionamento de defender o seu governo, isso vai causar um problema muito sério. O general Mourão já disse que o Brasil não vai entrar em divididas políticas, e muito menos em conflitos armados. Mas isso, até a página dois, porque se formos pensar na questão do Guaidó, mesmo que ele tenha disponibilidade financeira por conta dos 600 milhões de euros, mas não significa que ele tenha acesso a aquisição de tecnologias inovadoras.
Por este motivo, não acho que ele vá buscar equipamentos bélicos para eventual guerrilha interna em país de primeiro mundo. E os Estados Unidos, por mais que tenham costume em armar seus aliados contra quem ocasionalmente são seus rivais, não acho que vão doar para alguém algum sistema de segurança.
Esse embate na Venezuela pode gerar, num primeiro momento, uma parceria bélica com o Brasil, como também estreitar a relação do Guaidó com o Bolsonaro. Além de que, na hora que isso se resolver, vai existir uma enxurrada de oportunidade para os brasileiros se projetarem dentro da Venezuela para reconstrução, alimentação, área agrícola e afins.
Mas o cenário está muito tenso, mas acredito que a gente não entre em um embate de disputa política desse tamanho, com uma iminente guerrilha, para a ponto de acontecer e se perdurar muito tempo. Então, provavelmente, as coisas devem se resolver ainda esse ano.
*Daniel Toledo é advogado especializado em direito internacional, consultor de negócios e sócio fundador da Loyalty Miami. Para mais informações, acesse: http://www.loyalty.miami ou entre em contato por e-mail contato@loyalty.miami. Toledo também possui um canal no YouTube com mais de 62 mil seguidores https://www.youtube.com/loyaltymiami com dicas para quem deseja morar, trabalhar ou empreender nos Estados Unidos. A empresa agora possui sede em Portugal e na Espanha.