Colunistas -

Consciência Negra

19 de Novembro de 2018

Por Rodrigo Merli Antunes

Zumbi dos Palmares morreu dia 20 de novembro, data em que várias cidades brasileiras prestam uma homenagem aos afrodescendentes. E, muito embora eu não tenha nada contra o feriado, e muito menos contra esse tributo aos negros, é fato que a data escolhida me parece um pouco equivocada. Ao contrário do que muitos historiadores retratam, Zumbi não só mandava capturar escravos de fazendas vizinhas para que viessem a trabalhar de forma forçada no Quilombo dos Palmares, como também sequestrava mulheres e executava todos aqueles que quisessem fugir do local.

Como se tal não bastasse, evidências ainda dão conta de que a hierarquia era muito rígida entre ele e os demais, sendo necessário que os que chegassem à sua presença se colocassem de joelhos e o chamassem de “majestade”.

Por fim, tem-se que havia cobrança de impostos no tal povoado, e que os inadimplentes poderiam ter suas propriedades saqueadas, seus canaviais incendiados e seus escravos sequestrados. Para quem duvidar do que estou dizendo, sugiro então a leitura de Edison de Souza Carneiro, Flávio dos Santos Gomes e Andressa Barbosa dos Reis, os quais, em suas obras, desbancam alguns mitos do maior “herói” negro da história do Brasil. Na realidade, o que muitos historiadores marxistas fizeram nas últimas décadas foi transformar Zumbi em um líder comunista que teria conseguido dirigir uma suposta sociedade igualitária.

Assim, colocaram em seus livros que longe do quilombo nada dava certo (havendo classes oprimidas e opressoras), ao passo que dentro dele tudo era maravilhoso (igualdade social, abundância de alimentos etc). No entanto, como visto, isso é uma grande falácia. Em resumo, na minha modesta opinião, o dia da consciência negra deveria ser o 13 de maio, por exemplo, data em que a abolição da escravatura foi sacramentada, ou, então, o dia 14 de novembro, data do falecimento da Princesa Isabel, responsável pela assinatura da Lei Áurea. Mas, aí, acho que eu estaria a querer demais, né? Ao contrário de Zumbi, a princesa era branca, rica e extremamente católica, algo que a ditadura do politicamente correto jamais aceitaria. Entre a branca que oficializou o fim da escravidão, e o negro que tinha escravos, acabamos optando por este último.

Fazer o quê, né? 

Sobre o Autor:

 

Rodrigo Merli Antunes: Promotor de Justiça do Tribunal do Júri de Guarulhos; Pós graduado em Direito Processual Penal e Autor de artigos e obras jurídicas

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