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Ah, Os Especialistas!

9 de Novembro de 2018

Por Rodrigo Merli Antunes

Nesta semana, aconteceram tantas coisas, que fica até difícil escrever sobre um único assunto. Mais difícil ainda é não ficar surpreso com os comentários de alguns especialistas, em geral entrevistados pela grande mídia. Primeiro, foi a polêmica dos snipers no Rio de Janeiro e as afirmações de que um traficante com um fuzil nas mãos não representa perigo efetivo. Será? Penso diferente. Para essa gente, perigoso mesmo deve ser um bebê de até 03 meses de gestação, o qual pode ser abatido a qualquer momento. Já o traficante, de jeito nenhum! E o que dizer então dos comentários sobre a nomeação do juiz da LavaJato para o Ministério da Justiça? Muitos ficaram indignados e acharam inadmissível um magistrado largar a toga e assumir um cargo político. Já eu, não vi problema nenhum.

Errado mesmo me parece o contrário, ou seja, o cidadão ter estreitos laços políticos com esta ou aquela autoridade e, de repente, ser nomeado juiz até mesmo para que possa julgá-la no futuro. Mas isso os especialistas nem comentam. E a prova do ENEM então? Este ano, tivemos dialeto secreto de uma minoria e até mesmo um conto sobre uma possível vovó lésbica. Aff... Com todo o respeito aos comentaristas que adoraram o exame, creio que avaliações como esta não medem adequadamente o conhecimento de ninguém. Ou servem como manipulação comportamental dos jovens, ou como um filtro ideológico para selecionar alunos progressistas.

Não é a toa que o desempenho do Brasil nos testes internacionais de aprendizado é sempre desastroso. Por fim, tivemos ainda aqueles preocupados com a tal onda conservadora que tomou conta do país. Mas será que isso realmente preocupa? Roger Scruton sempre afirmou que os conservadores apenas gostam de proteger aquilo que é belo, culto e admirável. Resumindo, nada de alarmante. Preocupante mesmo deveriam ser os 63 mil homicídios por ano, os 13 milhões de desempregados e otras cositas más. Em outras palavras, está bem difícil acompanhar alguns órgãos de imprensa na atualidade. Por esta razão, inclusive, é que Joseph Conrad já criticava parte do jornalismo, aduzindo ser ele, às vezes, uma coisa escrita por idiotas para ser lida por imbecis. Ou, nos dizeres de Olavo de Carvalho, ser uma coisa que, em alguns momentos, oscila entre a psicose e a histeria.

Sobre o Autor: Rodrigo Merli Antunes é Promotor de Justiça do Tribunal do Júri de Guarulhos; Pós graduado em Direito Processual Penal e Autor de artigos e obras jurídicas.

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