Apesar da deterioração das condições de mercado, representada especialmente pela aceleração da valorização do dólar (moeda à qual as companhias aéreas tem até 60% de seus custos atrelados) ante o real (somente entre junho e julho a alta foi de 4,5% e supera 18% em 12 meses), as companhias aéreas associadas à ABEAR (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) – AVIANCA, AZUL, GOL, TAM e TRIP – fizeram a lição de casa gerencial e, durante um mês tradicionalmente de produtividade intensa, apresentaram números recorde de oferta, demanda e passageiros transportados no mercado doméstico na série histórica monitorada pela ABEAR, desde outubro de 2012. Quase sete milhões de viagens nacionais foram realizadas em julho.
“Dezembro, janeiro e julho são normalmente os melhores meses para a aviação comercial. Bem da verdade que o meio do ano concentra em 31 dias o movimento que no final do ano tende a se dissipar em 61 dias. Mas ainda assim é notável que consigamos fazer frente à velocidade com que as dificuldades vem se avolumando. E daqui até o fim de 2013 esses desafios serão ainda maiores”, põe em perspectiva o presidente da ABEAR, Eduardo Sanovicz. “Razão pela qual cresce a importância de um esforço conjunto, incluindo companhias e seus colaboradores, passageiros, autoridades públicas do setor, Congresso, governadores, enfim, toda a sociedade, para que preservemos essa conquista que é continuidade da expansão do transporte de massa por via aérea para a maior parte dos brasileiros que desejem deslocar cargas e viajar a lazer ou negócios”, avalia o executivo.
Para evidenciar essa realidade, no recente encontro com representantes da Secretaria de Aviação Civil (SAC), Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), Ministério do Trabalho e Ministério do Turismo, em Brasília, a ABEAR compartilhou estudo que analisa a trajetória dos principais itens de custo das empresas e a evolução das tarifas no transporte doméstico de passageiros entre 2002 e o 2o trimestre de 2013. No período, enquanto a inflação oficial acumulada variou em 82% (IPCA), os custos totais se elevaram 61%, ao mesmo tempo em que o yield (valor médio pago por passageiro por quilômetro voado) da tarifa doméstica registrou queda de 26%. Nesse intervalo, enquanto custos sob a gestão das companhias, como as despesas com arrendamento de aeronaves e manutenção caíram 7%, custos externos acumularam alta acima da inflação, tais como os referentes ao combustível (117%) e tarifas aeroportuárias (94%).
Dados operacionais – Em relação aos mais recentes indicadores de desempenho das empresas aéreas, a variação anual, utilizando-se como base os dados da ANAC do mesmo mês de 2012, segue positiva: houve um aumento na oferta de 6,0% (de 9,7 bilhões de ASK, ou assento-quilômetros oferecidos, para 10,3 bilhões ASKs) e um aumento na demanda de 4,8% (de 7,7 bilhões de RPKs, ou passageiros-quilômetros transportados, para 8,1 bilhões de RPKs), registando-se uma ligeira queda no fator de aproveitamento de 79,7% para 78,8% de ocupação. “Esses dados mostram que os brasileiros estão cada vez mais habituados ao transporte aéreo e apontam que o setor ainda deve registrar crescimento ao final de 2013”, interpreta o consultor técnico da ABEAR, Adalberto Febeliano. Relativamente ao ano passado, a AVIANCA expandiu sua demanda em 47,2%, a AZUL em 30,6% e a GOL em 1,1%. TAM e TRIP viram suas demandas diminuírem, respectivamente em 1,1% e 13,7%. “Isso vai ao encontro da tendência que já destacamos anteriormente de menor concentração do mercado, além de revelar que as empresas de menor porte tem tido menos dificuldades em lidar com as condições adversas dos últimos 12 meses”, acrescenta Febeliano.
Variação mensal – O ritmo mensal da oferta teve forte aceleração, crescendo 12,7% ante o mês de junho. O número de passageiros transportados variou em patamar semelhante: foram 6,95 milhões em julho contra 6,26 milhões embarcados em junho, num crescimento de 11,0%. A demanda, por sua vez, cresceu 15,4% em relação a junho, elevando o fator de aproveitamento médio das aeronaves em 1,8 ponto percentual, passando de 76,9% para 78,8%. A AVIANCA obteve o melhor desempenho, com 85,4% de aproveitamento, seguida na ordem por TAM (84,4%), AZUL/TRIP (80,6% e 76,8%) e GOL (71,23%). Em relação à participação de mercado das empresas, a TAM continua na liderança do setor, com 41,9% de share, seguida pela GOL, com 33,7%, por AZUL/TRIP, com 17,3%, e pela AVIANCA, com 7,1%.
Internacional – Na análise anualizada, o mercado internacional cresceu um pouco menos do que o doméstico em julho: a demanda evoluiu somente 3,3%, apesar da oferta ter se expandido em 8,8%. Esse descompasso reduziu o load factor para 79,8%, 4,3 pontos percentuais abaixo de julho de 2012. “Esse aspecto já pode nos indicar um impacto da alta do dólar, que se acentuou a partir do final de maio, pelo lado do consumidor”, interpreta Adalberto Febeliano.
A variação mês a mês mostra uma evolução natural mais favorável. Registrou uma expansão da oferta em 9,1% e da demanda em 14,8%, elevando o fator de aproveitamento em 4 pontos percentuais, passando de 75,8% para 79,8%. Foram 426 mil os passageiros embarcados em voos internacionais em julho, contra 358 mil no mês anterior. A TAM detém 85,2% do mercado e a GOL, 14,8%. A primeira teve aproveitamento de 82,2% em seus voos internacionais em julho, e a segunda 68,2%. Ao todo, pouco mas de 426 mil pessoas viajaram em voos internacionais das associadas ABEAR no mês de julho.
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