Nesta sexta-feira (17/08), o Juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal no Rio de Janeiro, e CEOs abordaram em painel combate à corrupção no Fórum de Compliance da Amcham, em São Paulo. CEOs da Petros, Takeda e Thomson Reuters debateram desafios da transparência empresarial.
O juiz Marcelo Bretas, que foi o convidado de honra do 5º Fórum, dividiu sua experiência como magistrado em casos de combate à corrupção no Rio de Janeiro, entre eles a Lava Jato e a Operação Fatura Exposta – que investiga fraudes no fornecimento de equipamentos ao Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO).
Juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal no Rio de Janeiro |
Segundo Bretas, a Polícia Federal está evoluindo. "Existe muita integração com órgãos estaduais e internacionais, o que evita gastos e facilita nas provas". O juiz enfatizou que não representa o setor judiciário, mas sim o seu trabalho profissional. "Acredito que a corrupção não vai acabar, mas sim diminuir. O judiciário tem colaborado com o momento que vivemos, sustentando as decisões. Hoje em dia conseguimos desmascarar a corrupção e conhecemos coisas que antes só ouvimos falar. O juiz tem que observar a parte social das leis, sabemos que temos outras pautas à serem adotadas e existe um sistema no Brasil paralelo que ninguém conhece, por exemplo algumas autoridades que não cumprem seu trabalho correto. O fórum privilegiado é muito ruim, pois passa um ar de impunidade de pessoas que estão nesse círculo de amigos envolvidos em investigações", comentou o juiz.
Bretas ainda citou o depoimento de um grande empresário que no final colaborou com o Ministério Público. "Ele nunca imaginou que iria passar por isso um dia e ainda abordou que empresas que participam de campanhas políticas são à porta de entrada da corrupção".
Os desafios e tendências de compliance foram detalhados pelos Compliance Officers Paulo Wanick (ArcelorMittal), Roberto Medeiros dos Santos (Neoenergia) e Fernando Ribeiro (UBS). Ana Paula Carracedo, diretora de compliance, risco e governança da Votorantim, foi a moderadora dos dois painéis.
Os protocolos de investigação de denúncias pelas autoridades brasileiras e americanas foram tema de Honazi Farias, professor do MBA de Gestão de Risco e Compliance da FIA, Pierpaolo Cruz Bottini, sócio do Bottini & Tamasauskas Advogados e do ex-promotor de Justiça dos EUA Daniel Fridman, sócio do escritório White & Case (EUA). Antonio Gesteira, diretor de prática forense da KPMG, moderou o painel.