O peso corporal não é o melhor parâmetro para se avaliar estado nutricional das pessoas, pois duas pessoas com mesmo peso e altura podem ter composições corporais totalmente diferentes. Por isso, é importante basear-se em algum método mais preciso para determinar a quantidade de gordura, água e massa magra do nosso organismo.
O exame de composição corporal por bioimpedância faz exatamente isso, e é imprescindível para o acompanhamento de variações de peso, como um programa de emagrecimento, ou de ganho de massa muscular.
A avaliação da composição corporal é um importante fator em qualquer programa de gerenciamento de peso, condicionamento físico ou na prevenção e tratamento de diversas doenças crônicas como Diabetes, Hipertensão Arterial, Dislipidemias e Cardiopatias.
Na análise da composição, dividimos o corpo humano em 2 partes: Massa Magra e Massa Gorda.
A Massa Magra é composta por músculos, ossos e órgãos vitais, sendo o principal responsável pela queima de calorias (a musculatura é o elemento quimicamente ativo do organismo). Portanto, quanto maior a massa magra, mais calorias o indivíduo estará queimando em repouso e durante a atividade física.
A Massa Gorda é composta pela gordura corporal. Uma certa quantidade de gordura corporal é essencial para algumas funções como proteção dos órgãos vitais contra choques mecânicos, isolamento térmico, produção de hormônios, metabolismo de algumas vitaminas e reserva energética. O excesso de gordura é prejudicial, por outro lado, é considerado um dos principais problemas de saúde na sociedade moderna, até mesmo entre as pessoas mais jovens e crianças, ou ainda com peso considerado normal.
Um dos objetivos da avaliação da composição corporal é determinar as quantidades de massa magra e massa gorda do organismo. Isto se torna importante ao imaginarmos dois indivíduos com o mesmo peso e estatura, porém com composições corporais diferentes. Em outras palavras, um indivíduo pode ser sedentário e apresentar uma elevada taxa de gordura corporal, enquanto que o outro pode ser ativo fisicamente e apresentar uma menor taxa de gordura e maior desenvolvimento muscular. Portanto, pode-se observar que o peso corporal não é o único indicativo do estado nutricional das pessoas, sendo importante basear-se em algum método mais preciso para determinar a composição corporal. E o excesso de gordura corporal está relacionado com um maior risco de desenvolvimento de doenças crônicas, com diabetes, hipertensão, doença cardiovascular, síndrome metabólica, síndrome de ovário policístico e até alguns cânceres.
A avaliação periódica da composição corporal por bioimpedância, à cada consulta de nutrição, permite ainda verificar a adaptação à prescrição nutricional e ajustá-la, de acordo com a evolução das medidas de gordura corporal e massa magra.
O método da bioimpedância elétrica baseia-se na condução de uma corrente elétrica de baixa intensidade pelo corpo do indivíduo. A massa magra conduz a eletricidade mais facilmente por possuir um elevado conteúdo de água (73% a 75%) e eletrólitos (potássio, sódio, cálcio), enquanto que a massa gorda oferece maior resistência (bioresistência) por apresentar um baixo nível de hidratação (<=10%). Desta forma, a corrente elétrica percorre com maior facilidade a massa magra do que a massa gorda.
Através da obtenção dos valores de gordura e massa magra é possível monitorar um programa de exercícios associados a uma alimentação balanceada para que esses valores de gordura e massa magra estejam proporcionais e adequados ao paciente.
O aparelho fornece também a água corporal total e a porcentagem de água em relação à massa magra. Com esses dados é possível estimar uma deficiência de líquidos no organismo (subhidratação ou desidratação) ou retenção hídrica.
Vantagens do exame de bioimpedância:
Podemos concluir que o teste de bioimpedância fornece todos os elementos necessários para realizar uma completa avaliação do estado nutricional, detectar distúrbios hídricos como uma retenção hídrica ou desidratação, e ainda monitorar um programa alimentar para se atingir o peso ideal. Ele ainda fornece os valores ideais de peso total, peso de gordura, peso da massa magra, percentual de gordura e peso a perder ou a ganhar.
Exame de Calorimetria Indireta
O exame de calorimetria indireta mede a taxa de metabolismo de repouso, permitindo ao avaliador quantificar exatamente quantas calorias o organismo gasta em estado de repouso, e se esse gasto está adequado em relação à média de indivíduos do mesmo sexo, idade e composição corporal. O exame permite ainda determinar quanto é necessário para manter, ganhar ou perder peso, através do consumo de oxigênio.
Fundamentação teórica:
A taxa metabólica de repouso (TMR) representa a quantidade de energia necessária para manter as funções básicas do corpo, como batimento cardíaco, respiração e temperatura corporal em estado de repouso. Essa energia é expressa em calorias por dia.
A calorimetria indireta (a medida da taxa metabólica) se baseia no fato de que para queimar 1 caloria é preciso 208,06 mililitros de oxigênio (ou requer um volume fixo de oxigênio). Por causa desta relação direta entre a queima calórica e o consumo de oxigênio, medidas de absorção do oxigênio (VO2) e a taxa de queima calórica estão diretamente relacionadas.
O exame de calorimetria indireta é realizado com um equipamento que contém um sensor de fluxo de ar, que mede o volume de ar expirado, e um sensor de oxigênio que mede a concentração de gás. Uma vez que a umidade e a temperatura relativa do ar estejam em condições apropriadas, o equipamento fornece os mais precisos resultados disponíveis em um analisador metabólico compacto.
A medida da taxa metabólica de repouso é um elemento extremamente importante na avaliação nutricional e no acompanhamento, no sentido de contribuir com dados imprescindíveis para a conduta na regulação, perda, ou mesmo ganho de peso.
Aplicações práticas do exame:
Periodicidade de realização dos exames:
O exame bioimpedância deve ser realizado em todas as consultas de nutrição, para verificar alterações de composição corporal.
A periodicidade de realização do exame de calorimetria indireta, por outro lado, deve ser determinada individualmente, segundo a evolução individual: alterações na composição corporal, no estilo de vida e presença de patologias.
Lara Natacci