A Lava-Jato é reconhecida hoje com a maior iniciativa de combate a corrupção e lavagem de dinheiro da história do Brasil. Desde o seu início em 2014, a Operação cumpriu mais de mil mandados de busca e apreensão, de prisão temporária, de prisão preventiva e de condução coercitiva, visando apurar um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou bilhões de reais em propina.
O procurador da República, Deltan Dallagnol é um dos integrantes da força-tarefa organizada pelo Ministério Público Federal e coordena investigações da Lava-Jato em Curitiba, Paraná. Especialista em crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, Dallagnol tornou-se uma das principais vozes da Operação que já recebeu uma série de prêmios, inclusive o reconhecimento internacional da Global Investigations Review (GIR) em 2015, na categoria órgão de persecução criminal ou membro do Ministério Público do ano.
Nesta semana, o procurador reuniu-se com o colunista Zacarias Pagnanelli e falou sobre o combate à corrupção no Brasil. Apesar de acreditar que a Lava Jato é um passo o caminho certo, Dallagnol afirmou que apenas o fortalecimento da sociedade civil tem a condição de fazer com que o Brasil avance contra a corrupção. Nesse sentido, as eleições de 2018 são um marco fundamental na história do nosso país.
“Por meio dessa campanha o eleitor brasileiro, o cidadão, tem a oportunidade de mudar o estado de coisas no Brasil, o que faz do voto, no ano de 2018, a arma do brasileiro contra a corrupção”.
Deltan Dallagnol e Zacarias Pagnanelli |
Foto: Karina Lajusticia |
Sobre a conscientização do voto e a escolha do candidato, o procurador da República defende três requisitos fundamentais que independem de ideologias: um passado limpo, o compromisso com a democracia e o apoio ao pacote anticorrupção proposto pela Transparência Internacional, pela Fundação Getúlio Vargas e por várias outras instituições da sociedade civil.
“A ideia básica é: se nossos representantes, ou a maioria dos nossos representantes, não vai aprovar um grande pacote anticorrupção, então vamos colocar no Congresso Nacional pessoas comprometidas com a sua aprovação. Se não mudarmos as condições que favorecem a corrupção, o que acontecerá será simplesmente a troca de rostos corruptos do poder”.
O pacote de medidas de combate à corrupção propõe mais de 80 sugestões de proposições legislativas, como emendas constitucionais e projetos de lei. Entre os temas colocados em debate estão a criminalização do chamado caixa 2, a regulamentação do lobby, além da criação de um Sistema Nacional de Combate à Corrupção e Controle Social e de facilitadores para a participação popular no processo de produção das leis. A proposta é considerada pela Transparência Internacional, organização que divulga anualmente o Índice de Percepção de Corrupção, como o maior pacote anticorrupção do mundo.