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Entrevista com Antônio Salvador, vice-presidente de Gestão de Gente do Grupo Pão de Açúcar

15 de Agosto de 2013

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quais são os desafios de assumir a vice-presidência de Gente e Gestão de uma companhia da dimensão do GPA, o maior empregador privado do país?

Assim que comecei o processo de imersão no GPA percebi que não precisaria “reinventar a roda”, e sim priorizar e potencializar o que já temos. A companhia tem benefícios e iniciativas muito bacanas para o colaborador, com boas práticas em todos os negócios. Temos uma grande oportunidade ao identificar essas iniciativas, cruzá-las, elegendo as melhores para reproduzi-las em todo o grupo. Em outras palavras, aumentar a sinergia entre os negócios não apenas em áreas como logística e TI, por exemplo, mas também em gestão de gente, respeitando, claro, as características de cada negócio. Nesse sentido, o meu grande desafio será orquestrar esse movimento sempre com o objetivo de melhorar, cada vez mais, o índice de engajamento e a visão de grupo. A nossa premissa para o trabalho de gestão de gente continua sendo a de que a satisfação do colaborador significa um profissional mais motivado, que vai atender melhor nossos clientes. É essa engrenagem que está no centro do nosso trabalho de recursos humanos.

Como é criar uma cultura única em uma companhia com a dimensão do GPA e, ao mesmo tempo, não deixar que os diferentes negócios percam a identidade, a sua cultura própria?

O GPA é uma empresa com vários negócios e valores comuns. Todos os colaboradores do GPA, independentemente do formato para o qual trabalham, seguem uma linha mestre, que é tangibilizada pelos valores da companhia: Humildade, Disciplina, Determinação e Equilíbrio Emocional. O fundamental, então, é deixar essa base cada vez mais sólida e, a partir dela, cada negócio trabalha as suas especificidades, a sua forma de fazer. Especificidades que temos não apenas que respeitar, mas também estimular, já que é isso que faz com que cada formato tenha uma entrega única e relevante para o seu público. Em contrapartida, os colaboradores  devem ter a clara percepção que fazem parte de uma grande companhia e que,  mesmo  atuando em um formato de negócio hoje, há uma grande oportunidade de carreira no GPA. Essa mobilidade é um dos principais fatores de atração e de retenção de talentos da companhia, já que podemos oferecer uma carreira estimulante para nossos talentos.

Como é a estrutura da área de gestão de gente do GPA? Como isso funciona na prática?

A área de gente do GPA tem três dimensões: o corporativo, o negócio e o centro de serviços. No coorporativo que coordeno pessoalmente, temos as diretrizes e principais políticas do grupo. Nos negócios, temos diretores de Gente responsáveis por tocar a estratégia de gente de cada unidade e, no centro de serviços, temos as funções transacionais para todo o grupo, como folha de pagamentos e movimentação de pessoal. Para possibilitar a governança disso tudo, mantemos processos internos, além de uma rotina de encontros e um canal de comunicação ativo e aberto.

Um dos principais desafios do setor de varejo é mão de obra. Como o GPA lida com essa questão?

Na realidade não só para o varejo. Esse é um desafio para o Brasil como um todo. Mas a questão mais latente para o GPA é qualificação. Com mais de 150 mil colaboradores – cerca de 80% estão na operação das lojas – e quase dois mil pontos de venda espalhados por quase todo o Brasil, sabemos que não vamos encontrar todos os profissionais 100% preparados. Um dos principais desafios é preencher as vagas dos especialistas, como vendedores, padeiros, peixeiros e confeiteiros. Por isso, investimos em treinamento e capacitação internos. Ao prepararmos esses jovens para trabalhar na companhia, estamos oferecendo uma formação profissional que ele leva para a vida toda. Soma-se a isso o fato do setor ser, para muitos, a porta de entrada para o mercado de trabalho. É onde encontram a primeira oportunidade de emprego. Nesse sentido, temos um papel socioeconômico muito relevante e trabalhamos para que esses jovens percebam que o varejo é um setor que oferece muitas oportunidades de crescimento profissional. Para exemplificar, apenas em 2012, cerca de 30% dos colaboradores do GPA foram promovidos. É um setor muito dinâmico e que possibilita inserção social como nenhuma outra indústria.

Quais são os principais programas de capacitação do GPA?

No Varejo Alimentar (bandeiras Extra e Pão de Açúcar) temos, por exemplo, o programa“Eiros”, que visa a capacitação de padeiros, confeiteiros, açougueiros e peixeiros. O Assaí, atacado de autosserviço, tem o programa Trainee de Operações, que tem como objetivo preparar os chefes de seção para serem gerentes de loja. O programa tem duração de seis meses e mescla aulas práticas com teóricas de administração, gestão de negócio e pessoas e liderança. Após os seis meses, os alunos assumem como subgerentes para ganhar experiência e pode ser promovidos a gerentes de loja.  Na ViaVarejo, podemos citar, por exemplo, o Prove (Programa de Vendas), treinamentos que incluem técnicas gerais de vendas e aspectos comportamentais e que tem como objetivo melhorar a performance desses profissionais garantindo a excelência do atendimento ao cliente. Para garantir que o projeto tenha amplo alcance, a ViaVarejo possui centros de treinamentos regionais. Em outra frente, a empresa possui o programa de trainee interno “Líderes do Futuro”. Com duração de seis meses e conteúdo é focado em três pilares – Gestão de Pessoas, Negócio e Processos – o programa tem como objetivo reter os talentos internos e criar oportunidades de carreira. Iniciativas como essa são fundamentais para que o negócio cresça de maneira sustentável, com qualidade.

 

 

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