Colunistas - Zacarias Pagnanelli

Programa Cartão de Visita discute casos de suicídio na adolescência

10 de Maio de 2018

Na gravação do Cartão de Visita desta semana, a jornalista Débora Santilli recebeu três convidados, de áreas distintas, para discorrer sobre o tema “Suicídio na Adolescência”: a jornalista Cleisla Garcia, o doutor Neury Botega, especialista no tema, e o desembargador Reinaldo Cintra Torres de Carvalho.

Des. Reinaldo Cintra Torres de Carvalho, Débora Santilli, Cleisla Garcia e Dr. Neury Botega
Foto: Karina Lajusticia

Como um assunto tão duro e contundente, antes tratado como um tabu pela imprensa, desperta tamanha curiosidade da sociedade e cada vez mais assombra famílias de todas as classes sociais?

A jornalista Cleisla Garcia conta como surgiu a ideia da série Suicídio - Alerta aos Jovens, exibida pela Record, que acabou despertando seu interesse em escrever o livro “Sobre Viver”.

Neury Botega, doutor em Saúde Mental pela Universidade Estadual de Campinas, afirma que existem várias razões para o aumento das estatísticas e fala sobre os fatores de risco para o suicídio juvenil.

“ O suicídio tem um tremendo impacto numérico e pessoal e não pode ser explicado de uma maneira simples”, diz o psiquiatra.

Os profissionais concordam que, além dos transtornos mentais, dos problemas que acompanham a humanidade, o processo de virtualização e de dependência química têm influenciado grandemente jovens à pratica do suicídio.

“Nunca estivemos tão conectados e, ao mesmo tempo, nunca tão solitários. Somos um dos povos do planeta que mais passamos tempo no celular, o que significa ¼ de vida que não estamos olhando no olho, que estamos longe das pessoas que amamos, que não temos o toque”, afirma Cleisla Garcia.

Já o desembargador Reinaldo Cintra Torres de Carvalho, da 7ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e vice coordenador da Coordenadoria da Vara da Infância e Juventude do TJSP, falou sobre o trabalho do Poder Judiciário na tentativa de prevenir o suicídio e citou a área da Justiça que auxilia as famílias, a criança e o adolescente ao desenvolvimento mais produtivo.

“O que faz o sistema de Justiça é, ao detectar o problema, tentar criar e fornecer todos os meios para àquela família, para àquela comunidade, para cuidar da pessoa que tem o intuito, eventualmente, de tirar a própria vida. Posteriormente, você sai de uma área protetiva da infância e juventude e vai para a área criminal, para saber o que ocorreu”.

Durante a entrevista, um alerta aos pais e educadores: Observe a mudança de padrão de conduta!!! A mudança de comportamento pode ser um sinal não de suicídio, mas de depressão, de dependência química ou outro fator que pode levar ao suicídio.

Cleisla, Dr. Neury e o Des. Reinaldo Cintra destacaram a importância de se compartilhar os números reais para que se possa investir em uma política pública, em um plano de prevenção, e a importância de se detectar sinais de risco e encaminhar essas pessoas aos especialistas.

De acordo com o boletim epidemiológico sobre suicídio, divulgado em setembro de 2017 pelo Ministério da Saúde, Cerca de 11 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos no Brasil. Segundo a pesquisa, esta é a quarta maior causa de mortes entre jovens de 15 e 29 anos.

Ao final, Neury Botega atentou para o ROC - REPARE no risco, OUÇA com atenção e CONDUZA até o atendimento.

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