Convidada para participar do Programa Cartão de Visita, com a apresentadora Débora Santilli, a procuradora do trabalho, Valdirene Assis, explica os impactos sociais e econômicos da desigualdade e da discriminação no ambiente de trabalho.
“A discriminação é preocupante porque se dá de forma estrutural e não permite um acesso adequado à saúde, educação, moradia, lazer e cultura às pessoas. Isso, seja por uma discriminação direta, de algum ato contra uma pessoa, seja pelos fenômenos sociais maiores, como os problemas econômicos, pois uma parcela significativa da população que poderia estar incluída, produzindo e gerando riqueza são talentos perdidos”, declara a procuradora.
Zacarias Pagnanelli, Valdirene Assis e Lidiane Shayuri |
Foto: Bianca Oliveira |
Valdirene está à frente da Coordenadoria Nacional de Promoção de Igualdade de Oportunidade e Eliminação da Discriminação no Trabalho (Coordigualdade) do MPT. Sua missão é combater a exclusão social e a discriminação no trabalho, fomentando a troca de experiências e discussões sobre o tema.
Um dos projetos colocados em prática pelo Ministério Público do Trabalho, em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), é a ação “Empregabilidade Trans – Cozinha & Voz”, que já está em sua segunda edição e promove a inclusão de homens e mulheres trans e travestis no mercado de trabalho, um grupo historicamente marginalizado.
Na primeira edição do projeto, realizado no segundo semestre de 2017, receberam o certificado 23 pessoas transexuais e travestis, e hoje 70% delas estão empregadas.
A entrevista abordou ainda diversos grupos de trabalhadores e trabalhadoras que são mais vulneráveis e sofrem com o problema de discriminação e do preconceito, entre eles as mulheres e os negros. A procuradora enfatizou a importância desta questão para a sociedade como um todo e não só para o indivíduo que sofre discriminação.
“O que nós precisamos de fato é de um momento de reflexão e de resgate dessa dívida histórica e isso sim é um componente que vai resultar em paz social. Porque o debate da questão da discriminação racial, se a gente considera que mais de 50% da população brasileira se declara negra, não é um debate da população negra, esse é um debate do Brasil e a paz social passa por essa discussão necessária”, explica Valdirene.
O combate ao assédio sexual no ambiente de trabalho também é uma das frentes da Coordigualdade. Neste ano, o MPT e a OIT lançaram uma campanha com o objetivo de conscientizar e promover a denúncia deste tipo de crime. A procuradora explicou que as denúncias são importantes para o avanço da igualdade de gênero no ambiente profissional, porém o percentual de pessoas que buscam seus direitos é muito pequeno, visto que 52% das mulheres declaram em pesquisas já terem sofrido esse tipo de assédio.