Colunistas - André Garcia

Curitiba para Morretes de trem

3 de Agosto de 2017

Passeio para se fazer com ou sem motocicleta, com ou sem crianças

Entrada da Graciosa. Foto tradicional e obrigatória. Texto: André Garcia // Foto: André Garcia

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Calma!!! a ida para Morretes foi de trem e a volta foi de moto.

Se você procura dicas para estadia, alimentação e o passeio de trem propriamente, relaxe, beba algo e leia.

Nos últimos doze anos, pelo menos duas ou três vezes por ano vou até Curitiba ou passo por ela sempre de moto, só em duas ocasiões de carro com a família toda (em 2005 e 2009).

Parada de sempre no Graal Buenos Aires. Foto: André Garcia

 

Ouço de tudo sobre a BR 116, mas basta educação, tenha ética (trate como gostaria de ser tratado) e aplique a prevenção, e você volta vivo para casa. Quer um exemplo: Serra do Cafezal: onde não permite ultrapassagem, não ultrapasse, respeite o faixa dupla. Fazer o contrário é suicídio. A pista é ruim, está há anos em reforma, é a principal rota de caminhões, mas de moto você consegue negociar e passar, ou seja, o caminhoneiro abre um pouco e sem cruzar a faixa dupla (o que configuraria ultrapassagem) você vai embora. Nesses doze anos, nessa viagem com minha esposa na garupa foi a primeira vez que um caminhoneiro me segurou até o trecho já duplicado. Tenha paciência. Da mesma forma agradeci o infeliz e braaaap, como diz Fausto Macieira… e fui embora.

A BR 116 é linda, tem longa retas e curvas, trechos de serras com 20 quilômetros de curvas para todos os gostos e sem fazer MotoGP, você curte muito a viagem e a máquina que está pilotando.

 

Curitiba

Conhecida como Capital do Meio Ambiente ou ainda como cidade modelo, é agradabilíssima com inúmeros pontos turísticos, gastronomia variada para todos os gostos e bolsos com uma hospitalidade ímpar.

Veja outras fotos no link no final do texto. Foto: André Garcia

 

Chegamos na sexta-feira e nos hospedamos no Mercure 7 de Setembro por estar perto da estação ferroviária onde embarcaríamos as motos, impreterivelmente às 6:30 horas, e para andar a pé, sair sem necessidade de longos deslocamentos. Mas tem várias opções de hotéis, também, para todos os gostos e bolsos. Apesar de ser associado Accorhotels, fiz minha reserva pelo Booking. Ponto negativo no Mercure foi a cobrança de estacionamento para moto igual de automóvel, há vários outros que nem cobram, e bebidas e comes na suíte é, literalmente, o olho da cara.

Praça Japão: Foto: Alides Rasabone Garcia

 

Feito o check-in, saímos para almoçar e conhecendo o lado “Tiranossauro Rex” da esposa, a levei em um restaurante que oferecia um bom corte argentino.

Saimos a pé, e 2,6 km de caminhada, parando na Praça do Japão para fotos e contemplação, almoçamos bem, fomos bem atendidos, preço justo e voltamos de táxi.

 

Passeio de trem

As motos são colocadas no vagão às 6:30 horas. Foto: André Garcia

Resumidamente, a linha ferroviária foi construída entre 1880 e 1885 com mão de obra paga no total de 9 mil homens, já que os proprietários eram abolicionistas. Lembre-se que a Lei Áurea foi assinada em 1888.

A pedra fundamental foi lançada por D. Pedro II em 05 de julho de 1880, mas a construção já acontecia desde janeiro ou fevereiro do mesmo ano, segundo historiadores.

Hora do embarque. Dois casais, duas motos. Foto: Guia turistico do nosso vagão

 

Durante e depois da viagem é difícil imaginar como há mais de 130 anos atrás houve tecnologia para tal empreendimento. Coisa de maluco, visionário, especialmente, quando se passa pela Ponte São João com um vão central de 70 metros de altura, e viaduto do Carvalho.

4 amarras de 200 kg cada é mais que o suficiente. Foto: André Garcia

São trinta pontes, treze túneis, cada túnel escavado levava uma eternidade, pois na época eram 35 (trinta e cinco) centímetros por mês. 

 

Todas estruturas metálicas foram projetadas no Brasil e produzidas na Europa por ordem numérica. Pela ordem numérica quando chegava no Brasil, já se sabia onde seria instalada.

 

A via foi construída de Paranaguá para Curitiba em meio a penhascos, encostas de montanhas, abismos e não podendo ultrapassar 3% de inclinação, ou seja, cada 100 metros percorridos, você que está indo sentido litoral, desce apenas 3 (três) metros.

 

Antes do primeiro túnel vegetação campestre. Foto: A. Garcia

Você sai de Curitiba a 889 metros de altitude do nível do mar, chega a 955 metros e depois de passar o primeiro túnel e deixar para trás a nascente do Rio Iguaçu, o maior em extensão com 457 metros, a paisagem campestre muda radicalmente para mata atlântica, com rios, cachoeiras, penhascos, encostas de tirar o folêgo. Detalhe: mata Atlântica que vai do Estado do Espírito Santo a Santa Catarina, mas é no Estado do Paraná onde se encontra mais preservada, representando apenas 5% do total brasileiro.

6:30 horas da manhã estávamos na frente do vagão para embarcar as motos, ainda escuro, muita neblina, cerca de 12º (doze graus) de temperatura. Havia trânsito em volta da Ferroviária e para minha surpresa os agentes de segurança já permitiam as motos passarem e indicavam onde ir, subindo por uma guia não rebaixada e literalmente passando por dentro do saguão da ferroviária.

R$ 49,90 o jogo com 4

 

1ª dica: é necessário levar quatro amarras com catraca para amarrar as motos. Quando sai de casa na sexta-feira, fui até Barueri buscar um jogo para meu amigo e para mim. O pessoal da Serra Verde é muito gente fina e dá todo auxílio para embarcar e prender a moto, atendimento nota 10. Fica aqui meu muito obrigado ao Breno, chefe do trem e demais funcionários.

Só é possível embarcar 4 (quatro) motos por viagem, já que só um vagão é disponibilizado para o carregamento. No dia, só foram duas motos.

A saída do trem estava programada para às 8:15 horas, mas houve atraso e saímos às 8:50 horas.

Durante o trajeto de pouco mais de quarenta quilômetros o deslumbramento pela natureza e paisagens é total, sinceramente, não tem fotos ou vídeos que consiga demonstrar o quanto é bacana esse passeio. É necessário sentir a pequena ansiedade de embarcar e ter o privilégio de ver as poucas mais de mil pessoas chegarem e embarcando, o trem apitar, a saída, o adeus, a emoção das crianças, o sacolejo, o cheiro da mata, a natureza vista pelos próprios olhos que foto alguma consegue refletir igual e digno de show de rock: o desembarque das motos, o vestir dos equipamentos, o som dos motores e o sair, passou a impressão que ninguém respirava na pequena estação de Morretes.

Passou o 1º túnel, mata Atlântica. Foto: A.Garcia

Curiosidade: no dia, o trem estava na capacidade máxima com 24 vagões, 1 vagão de carga e 2 locomotivas, formando o que denomina-se uma composição com 350 metros. Outro privilégio, foi viajar no último vagão da composição.

Outra curiosidade: dado o tamanho da estação de Morretes, o desembarque foi feito em três fases, depois de todas as pessoas desembarcadas, a composição voltou para desembarcar as motos.

2ª dica: faça o passeio de trem sem a preocupação de pegar vôo ou voltar de carro ou moto dado algum compromisso. Explico: como disse, saímos atrasados, a linha ferroviária é a principal e única linha de escoamento de soja, carne e outros produtos para o Porto de Paranaguá, mesmo com os milhares de caminhões que seguem para o porto, sem o trem não dariam conta, o trem carrega milhões de toneladas a mais de produtos. Infelizmente, houve a quebra de um trem de carga e apesar de toda agilidade das empresas concessionárias, somado as paradas necessárias quando se cruzava com trens de carga no sentido oposto, a chegada que era , programada para 12 horas, ocorreu às 14:30 horas.

Andar de trem é voltar no tempo

3ª Dica: Especialmente quem for com crianças, faça uma mochila com pequenos lanches ou guloseimas, suco, água, refrigerante. Explico: No trem de acordo com a classe comprada você ganha um kit lanche com bebida e pode comprar água, refrigerante e até cerveja, mas acaba. E no caso de sair do “script” como ocorreu, é bom estar preparado.

Curiosidade sobre o Porto de Paranaguá: por estar virado para Meca, é o único porto do Brasil por onde sai carne bovina e ovina para Arábia Saudita e outros países de religião muçulmana. Aliás, o Estado do Paraná tem várias propriedades de gado e carneiro só para suprir a demanda dos árabes, com cortes e cuidados que seguem a tradição daquele povo, que seguem de trem em câmaras frigoríficas até Paranaguá.

Litorina para quem faz questão do conforto. Foto: A.Garcia

 

Por fim, cabe esclarecer e isso está no site da Serra Verde, a única possibilidade de levar moto é no trem. Se você quiser algo mais luxuoso no próprio trem tem cabines, a partir de 4 pessoas, ou pode optar pela Litorina que é automotriz (dois motores diesel com 262 cv de potência cada) construído todo em aço inoxidável na Filadélfia e operando desde 1962 no Brasil, com ar refrigerado, serviço de bordo, comissário de bordo e tem condição técnica de parar no mirante do Santuário da Nossa Senhora do Cadeado construído no meio da serra em 1965, ponto que o trem passa batido.

 

Almoço em  Morretes

Morretes  foi fundada em 1721, se tornou município, se desmembrando de Antonina em 1841 e cresceu economicamente graças ao Erva Mate e aos imigrantes italianos, sírios, alemães e japoneses que misturados aos caboclos formaram essa bela cidade, hoje com 13 mil habitantes.

Sorriso da esposa dispensa legenda. Foto: Carlos Alberto TexTexano

O que me chama atenção é que já fui várias vezes para Morretes e nunca vi sujeira nos rios, o principal e maior, o rio Nhumdiaquara que significa peixe empoçado. É normal ver crianças brincando à sua beira.

Minha sugestão: vá no restaurante Madalozo (já fui em outros, então posso falar) e se farte no Barreado. Ah!!! Não tem nada a ver com o Madalosso da Santa Felicidade que serve comida italiana, são famílias distintas.

Dica: Pega leve no Barreado para aguentar o que vem depois.

Começa na salada verde com bacon (salada deixei para o coelho..rs..rs..rs, fui só no bacon), maionese, mexilhões ao vinagrete, o prato principal é servido em um prato fundo, aquela carne desfiada que logo te conquista pelo cheiro e depois pelo sabor que misturado a farinha de mandioca se torna um manjar dos deuses. Em seguida vem camarões, peixes, mais mexilhões, salmão ao molho de maracujá, tudo com arroz branco, banana à milanesa, croquetes, ... almoço para ninguém colocar defeito. Vale a pena pagar pelo rodízio.

Muitos rios. Fauna e flora preservadas. Foto: André Garcia

Feliz ou infelizmente, sou celíaco e minha esposa e amigos, sabiam que só ia comer o barreado, fiquei quietinho, já estava tudo bom demais, mas, quando o “maître” percebeu que não comia peixes e camarões a milanesa, sabendo o motivo, veio tudo grelhado, até banana. Tive que pedir para parar de mandar porque não cabia mais.

Bom...minha esposa não jantou.

A comida é excelente e o atendimento lhe faz se sentir na casa da avó.

Antes de montar na moto, vá dar uma volta a pé por Morretes, tome sorvete de gengibre (especialidade da região) há quem diga ser uma delícia. É!! não coube o sorvete.A voltinha foi para alívio abdominal ou acelerar a digestão.

A moto  pode deixar no estacionamento do próprio restaurante.

Subindo a Graciosa

Historiadores narram que a estrada da Graciosa foi aberta em forma de picada em 1625 por índios, sua primeira melhoria ocorreu só em 1721.

Conjunto Marumbi. Destino de montanhistas. Foto: Alides R.Garcia

Mas, só em 1853 o Presidente da então Província ordenou melhorias para comportar a passagem de carroças e o Engenheiro Antônio Rebouças, o mesmo que idealizou a ferrovia Paranaguá - Curitiba, a concluiu em 1872.

O que faz desta estrada especial?

Sua história, está, literalmente, encravada na mata Atlântica, seu pavimento que mistura asfalto, paralelepipedo e pedras que datam o século XIX, sua beleza e seu formato de serpente ou sua sinuosidade atrelado a sua aderência às vezes quase inexistente dado ao clima úmido nos 365 dias do ano. Se no verão ou inverno seco é liso, na garoa ou chuva ou neblina é terrível. E por volta das 17:40 horas quando iniciamos a subida, o tempo fechou, ficou nublado, a temperatura despencou e pegamos trecho molhado e trecho seco. Óbvio que o trecho molhado era nas pedras e não no asfalto. Quando terminou o trecho de serra, o tempo abriu novamente.

Momento que passamos na ponte São João com 113 metros de extensão.Foto: A.Garcia

 

A Serra da Graciosa demanda controle da motocicleta, se andar rápido cai ou causa acidente com outro veículo, já que escorrega muito, se andar devagar e não tiver habilidade cai. E como sempre, você cruza com quem caiu porque estava abusando e com quem caiu porque, infelizmente ainda não desenvolveu habilidade em andar devagar. Nota: nos treinamentos que faço em empresas, gosto de aplicar uma corrida, onde o último é o vencedor. Mas só ganha quem cruzar a linha sem colocar os pés no chão. Enquanto subia a Graciosa lembrei da brincadeira.

 

Minutos depois, vista da ponte São João. Veja foto ampliada. Foto: A.Garcia

 

No início da subida, senti que a luta seria árdua com a MT09/TRACER, já que estava no modo “STD”, passei para o “B” e ficou tudo muito fácil. Ahhh!! Yamaha!!! Nessas horas que você valoriza a tecnologia, a leveza, o chassi, a ciclística e por aí vai...click aqui e leia a avaliação da Tracer.  Há curvas, cujo ângulo e inclinação é maior do que seu cotovelo, se fechar seu braço apontando a mão para o rosto, à título de exemplo. E confesso que adoro essa serra. Meu único receio é por ser pista simples de sentidos opostos e algum jumento invadir sua mão ou pista.

 

De volta a Curitiba

Minha intenção para depois do passeio, era visitar algumas atrações de Curitiba, que são inúmeras, tanto de moto, quanto utilizando a mesma agência que vende os ingressos para o trem, que disponibiliza uma variedades de opções de passeios por Curitiba para, praticamente, todos os pontos turísticos. O atraso refletiu na impossibilidade de outros passeios. Felizmente, fica para uma próxima oportunidade. Duas noites em Curitiba é muito pouco. Voltaremos!

Fendas inexplicáveis, Rio Ipiranga. Foto: André Garcia

Passamos em frente ao Museu Oscar Niemeyer, mas estava lotado dado a evento de cerveja e já estávamos cansados, a noite caia e a temperatura idem.

No domingo cedo, antes de ir embora, meu amigo, agora gripado, Tex me levou  para visitar a Ópera de Arame inspirada na Ópera de Paris, com toda estrutura tubular, que comporta 2400 pessoas e está encravada em uma pedreira desativada, o que propicia boa acústica. Fotos e tchau Curitiba!

Tex ainda perguntou se queríamos visitar mais algum lugar e minha esposa falou que adoraria, mas queria chegar cedo em casa.

Emendei: Amorzinho a volta é sempre mais rápido.

E foi!

Vista do terraço do restaurante Madalozo. Foto: Alides R.Garcia

 

Rumamos para São Paulo e mais uma viagem que dá aquele aperto gostoso no coração quando se lembra do som enfurecido do motor, mudanças de marchas, desce uma ou duas + RPM subindo + entrada de curva + aceleração + saída de curva, dos cutucões da esposa (tá bom, foi só na ida que fui o tempo todo no modo “A”, na volta vim no “STD”), mais curvas... e porque não, também, de toda magia que o trem propicia.

 

A moto

Poderia falar mais um monte de coisas da Yamaha MT09/TRACER, mas seria redundante. É uma baita moto e agora, utilizado em uma viagem com garupa e malas só corrobora com tudo que já disse na sua avaliação, click aqui para ler, com o aumento da convicção de que vale ter uma na garagem pela polivalência, confiabilidade e baixa manutenção, apesar das questões que apontei que necessitam de melhoria e faz falta em uma viagem como: ajustes da suspensão traseira sem ferramenta e do parabrisa durante a pilotagem. É um produto que vou continuar indicando e hoje com grana no banco e dado a minha necessidade, compraria uma com certeza.

Chegada em Morretes. Fotos: Alides Rasabone Garcia

 

As malas laterais que a Yamaha me emprestou em um primeiro momento me chocou, já que não consegui retirá-las, elas são fixas e arrancá-las dão trabalho, porque não sai só a mala, mas com um suporte que a mantém bem fixadas. Achei estranho, prefiro as malas que saem, mas minha esposa tem razão, elas são muito práticas dado ao saco impermeável para arrumar as roupas. A dificuldade para arrumar tudo foi zero. E minha esposa gostou ainda mais, porque ela consegue carregar; só o saco com as roupas permanece leve, já, se fosse as malas propriamente, só eu carregaria ou ela odiaria fazer esforço físico.

Outro detalhe que chamou atenção: pilotei nos corredores de São Paulo e Curitiba com as malas como se elas não existissem. Como ficam próximo da largura do guidão (sua referência para passar em corredores), talvez passe um pouquinho, a tocada fica tranquila. Na estrada não influiu em nada na dinâmica da moto. Se as pedaleiras estivessem com pinos, já estaria eu aqui pedindo desculpas de novo para a Yamaha. O consumo de gasolina em relação a avaliação aumento, afinal há mais arrasto aerodinâmico: pior consumo ficou em 13,88 km/l  e o melhor em 16,5 km/l.

Estranho, mas prático. Fotos: André Garcia

 

A mala de tanque é formidável e o suporte que a prende é obra prima, achei bem caprichado. O mecanismo para soltar a mala é genial. Um mala dessa, para quem não carrega notebook é perfeito para o dia a dia para não levar mochila nas costas.

Fica aqui meus agradecimentos ao amigo irmão Carlos Alberto, vulgo TexTexano ou Júnior como sua mãe o trata e sua esposa Glória que nos acompanharam no passeio para Morretes e nos guiaram por Curitiba.

Agradecimentos a Yamaha pelo empréstimo da MT09/Tracer com todos os acessórios.

Veja mais fotos clicando aqui

 

Última parada: Graal Petropen em Registro/SP. Muitos motociclistas viajando. Foto: André Garcia
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