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Cafeicultores do Cerrado Mineiro apostam no mercado interno

20 de Julho de 2013

Com 465 cooperados, a Expocaccer lançou a própria marca de café especial há seis anos. No início industrializava apenas 50 quilos por mês e, em 2012, saltou para 275 quilos, volume que deve aumentar em torno de 45% até o final deste ano. “Quando lançamos o Dulcerrado queríamos sensibilizar os empresários de Patrocínio, principalmente os donos de restaurantes e hoteis, sobre a importância de oferecerem um café de qualidade a visitantes que vinham conhecer a produção local”, conta Sérgio Dornelas, superintendente da Expocaccer.

O que era uma estratégia institucional logo se mostrou um bom negócio e o Dulcerrado, que atualmente é encontrado em embalagens de 500 gramas (moído e em grão) chegou às prateleiras de supermercados, lojas de conveniência e a cafeterias da região, além de ser comercializado para escritórios e consumidores finais nas principais capitais do Sudeste e também em Brasília.

Para consolidar a marca, a Expocaccer encomendou um diagnóstico para verificar o nível atual de gestão do negócio e o mercado-alvo a ser alcançado no processo de expansão. Em paralelo, estuda o reposicionamento da marca, que vai ganhar novas embalagens e uma estrutura logística adequada ao mercado de cafés especiais.

O lançamento da nova fase do café Dulcerrado, que demandou investimentos da ordem de R$ 100 mil, está previsto para setembro deste ano, quando o produto já será oferecido em embalagens de 250 e 500 gramas, nas versões torrado e moído, e de um quilo, apenas o torrado, para espresso.

“No primeiro ano nosso foco serão lojas de especiarias, como cafeterias e supermercados gourmets da nossa região e do Sudeste, onde está o principal mercado consumidor de cafés especiais”, informa Dornelas. Uma parceria com um clube de assinatura de produtos especiais deve abrir, até o final deste ano, segundo o executivo, um canal de vendas online para a marca.

“Construímos, junto com os produtores da Região do Cerrado Mineiro, uma estratégia de negócio focada em mercados de consumo qualificado. Esse trabalho vem contribuindo para agregar valor aos produtos da região e para a expansão do negócio de industrialização de cafés especiais”, destaca Marcos Geraldo Alves da Silva, analista do Sebrae Minas.

O mercado externo não está nos planos iniciais de expansão das vendas. Ao contrário do café in natura, que em grande parte é exportado, o grão industrializado enfrenta barreiras econômicas e fiscais para chegar aos grandes mercados consumidores mundiais. “Para exportarmos o Dulcerrado vamos precisar encontrar um parceiro comercial para cuidar da distribuição do café no exterior”, explica o executivo.

Vitrine regional

No primeiro semestre de 2014, a Expocaccer planeja inaugurar uma cafeteria que levará a marca Dulcerrado. “Nela serviremos exclusivamente o nosso café e temos a intenção de investir no modelo de franquia”, adianta Dornelas. O empreendimento deve consumir cerca de R$ 1 milhão.

A cooperativa também estuda o aporte de mais R$ 1 milhão para instalação de uma minitorrefadora em Patrocínio. A expectativa é que a indústria comece a operar no segundo semestre de 2015, com capacidade inicial de processar 6 mil quilos de café por mês.

Mercado em expansão

O café Dulcerrado é uma seleção de grãos especiais, em micrololotes de café 100% arábica, com indicação geográfica e selo da Região do Cerrado Mineiro. “No momento em que os 465 cooperados da Expocaccer entregam o café para a cooperativa fazemos um trabalho de separação e degustação para industrialização dos microlotes”, explica Dornelas.

Os grãos selecionados têm como características, segundo a Expocaccer: peneiras de 17 acima, bebida estritamente mole, com pontuação superior a 83 pontos na escala da Specialty Coffee Association of America (SCAA) - associação norte-americana que classifica as características do café considerado especial -, torra média, aroma intenso, adocicado com sabor de caramelo, com notas achocolatadas, acidez moderada e cítrica, corpo intenso licoroso, amargor de chocolate, retrogosto longo com aromas de frutas cítricas.

A produção de cafés especiais no Brasil alcançou, na safra de 2012, 2,5 mil sacas de 60,5 quilos. Dessas, segundo a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), mil foram consumidas no mercado interno, onde a demanda por este tipo de produto cresce a uma taxa superior a 10% ao ano. O consumo dos demais tipos aumenta em torno de 2%, segundo a Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC).

A Região do Cerrado Mineiro, além de ser uma das principais produtoras do país, é referência internacional em qualidade. Atualmente, cerca de 70% da produção - estimada em cinco milhões de sacas (60 kg) por ano - é exportada para países da Europa, da Ásia e dos Estados Unidos. O grão é beneficiado na região e enviado para fora do Brasil ainda verde, sem passar pelo processo de industrialização.

O café da região é avaliado em 75 pontos acima no ranking estabelecido pela SCAA. Com 3.500 cafeicultores, a área produtora, que envolve 4.500 propriedades cafeeiras em 55 municípios, foi a primeira do país a receber o selo Indicação de Procedência (IP), chancelado pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), que garante a proteção da origem das safras.

O Sebrae Minas oferece capacitação e assistência gerencial aos produtores ligados à Expocaccer, acesso facilitado a certificações que facilitam a melhoria da qualidade do produto e dos processos, além de estímulo à internacionalização do grupo.

 

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