Colunistas - Bem Estar e Saúde

Linda e Madura

10 de Maio de 2017
 

Hoje vamos aprender um pouco sobre autoestima aos 50 anos
com a Consultora em Saúde e Educação Sexual, 
LEILA CAMPOS

 

Em meu consultório recebo um número cada vez mais crescente de mulheres em busca de consultoria em sexualidade, apresentando um quadro elevado de baixa autoestima associada à menopausa. Essas mulheres, na faixa etária de 45 a 53 anos, relatam quadros de diminuição da resposta sexual, irritabilidade, distúrbio no ritmo sono-vigília, diminuição da libido, secura vaginal, ganho de peso localizado, tristeza profunda, ansiedade, fadiga e até mesmo depressão, além das famosas “ondas” de calor, cabelos mais finos e ralos. Consequentemente, a perda da autoestima, pois todos esses itens acabam refletindo na autoimagem.

Primeiro vamos entender um pouco mais sobre climatério e menopausa, que não são sinônimos. Climatério é uma fase de limites imprecisos na vida feminina; compreende a transição do período reprodutivo para o não reprodutivo. Menopausa, ao contrário, tem data para começar: a da última menstruação da vida. (https://drauziovarella.com.br/mulher-2/gravidez/climaterio-e-menopausa/­)

Embora os termos se confundam, em geral, ao nos referirmos à “menopausa”, estamos na verdade, relatando os sinais físicos e emocionais que ocorrem no período Perimenopausa, mais conhecida como climatério. É durante esse período que as mulheres começam a sentir todos estes sintomas, que na verdade são sinais de que a menopausa se aproxima, mas ainda não chegou. Nesse período os ciclos ficam irregulares e espaçados, justamente por conta da transição do período reprodutivo para o não reprodutivo. A menopausa corresponde à data da última menstruação e quando esta tiver ocorrido há pelo menos um ano. Se dentro desse período não ocorrer nova menstruação, aí sim, a mulher está na menopausa.

Outro ponto também muito importante a ser considerado é que, independente do climatério, com o avançar da idade outros sinais vão se fazendo presentes e eles também, se não forem bem trabalhados, contribuem para que a mulher perca sua autoestima. Um dos primeiros sinais são os cabelos que teimam em ficar brancos, mas isso dá para disfarçar com uma coloração. Outros aspectos também relacionados à idade também podem ser amenizados, mas o danado do climatério, esse sim pode transformar a vida de qualquer mulher num verdadeiro baixo astral.

Vejam alguns dos relatos mais comuns de mulheres que estão vivenciando esse ciclo natural de suas vidas.

Fui na ginecologista e ela me disse que está havendo um desequilíbrio na produção dos meus hormônios estrogênio e progesterona pelos ovários” - Na verdade essa é a grande mudança que ocorre no corpo da mulher no período do climatério.

Estou tendo muita dificuldade para manter meu peso ideal e o meu corpo está tomando um formato diferente”.

“Quando me olho no espelho cada vez mais percebo minhas bochechas caídas”

“Tenho me sentido muito cansada, vivo com olheiras e percebo minhas pálpebras caídas. Meus cabelos estão ficando finos e ralos”.

Esses são os sintomas físicos que minhas clientes mais relatam e que, por si só e, diga-se de passagem, já seriam o suficiente para baixar a autoestima de qualquer mulher, não é mesmo? Infelizmente a autoimagem também fica bem abalada. Percebo isso quando elas relatam que não chamam mais a atenção como antes, parecendo que ficaram invisíveis de uma hora para outra; não são mais paqueradas como antes e como se não bastasse, os amigos dos filhos, bem “marmanjos” olham para você e dizem: “Oi tia, tudo bem? ” E você ainda tem que fazer cara de paisagem, abrir um sorriso amarelo e dizer com toda naturalidade aparente, mas querendo agarrar o pescoço dele.

Recentemente uma cliente relatou que seu marido disse que ela estava com a aparência e algumas atitudes da mãe dela. OK! Nada contra parecer com a mãe. Isso também não é ruim (ela fez questão de enfatizar), só que a mãe dessa cliente tem 70 anos e é ranzinza pra caramba, e minha cliente tem 49 anos. O que dói é perceber isso de vez em quando e eu também tenho me sentido muito irritada e sem paciência, não consigo dormir direito, completou ela.

Podemos observar no relato, que as queixas relacionadas às transformações físicas são muito parecidas e o problema aí é manter o controle hormonal. Para isso é muito importante a consulta ginecológica regular para verificação e reposição hormonal, se for esse o diagnóstico. Mas os problemas psicológicos resultantes dessas alterações físicas e condições gerais são bem mais difíceis e penosos e requerem fibra, determinação e sobretudo ter a exata consciência de que a vida não acabou com a aproximação da menopausa e ela não é sinônimo de velhice, que impõe clausura e solidão e para quem o sexo não existe mais.

Engana-se profundamente quem pensa dessa forma. Não é só possível encontrar o equilíbrio físico e mental como também é essencial manter a vida sexual plena em qualquer idade. Em certos momentos, como o período do climatério dá mais trabalho, sendo necessário melhorar o foco e aumentar a determinação para melhorar a autoimagem e reconquistar a autoestima.

Muitas de minhas clientes dizem que se tivessem uma condição financeira boa, fariam plástica, outras fariam “lipo”, frequentariam uma clínica de estética e por aí vai. Mas uma pergunta que faço sempre e que as deixam reflexivas é: E o seu interior? Quem vai tratar? Existe algum comprimido de autoestima à venda na farmácia?

Mas afinal, dá para mudar tudo isso? Dá para manter a autoestima mesmo no climatério e pós-menopausa? Como encarar essa fase com mais alegria e tirar proveito desse novo ciclo da sua vida?

A resposta é sim. Sim é possível reconquistar a autoestima e viver esse novo ciclo da vida com total satisfação da experiência sexual. Para começar aprenda a aceitar o seu corpo, mas isso não significa que você não deva fazer mudanças positivas e se esforçar para mantê-lo em boa forma.

Aprenda a se valorizar, a se amar. A maturidade traz em si a experiência e sabedoria de vida. Use-a a seu favor, reflita assertivamente sobre suas possibilidades e crie espaço para a inovação e criatividade.

Amar é muito bom, podendo e devendo ser vivenciado em qualquer idade, sem que existam restrições de faixa etária. A maturidade traz emoções e atitudes mais completas no relacionamento, em todas as fases do processo.

A sexualidade é energia que motiva encontrar o amor, contato e intimidade. Sinta-se bela interiormente e deixe essa energia resplandecer sobre seu corpo e impregnar todo espaço ao seu redor. Mantenha uma comunicação aberta, franca e sincera. Fale sobre sexo, converse sobre possibilidades, crie alternativas favoráveis, fortaleça suas fantasias. Sonhe, sorria, seja feliz e que essa felicidade seja de dentro para fora a contagiar todos que de ti se aproximar. Viva porque ainda há muito a viver.

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