Colaboradores - Fabiano de Abreu

Missaka, a Japa do Funk, revela que sofre preconceito por ser funkeira

5 de Maio de 2017
Foto: Luiz Kauffmann
A cantora Missaka, conhecida como a "Japa do Funk" e que está fazendo sucesso com o videoclipe da música "Mister DJ" no canal da produtora KondZilla no YouTube, fala sobre sua carreira e admite que sofre preconceito por ser funkeira.
 
"Meu primeiro nome é Francine e vivo de música há tempos na noite paulistana. Tenho minha banda de samba rock chamada Sambasonics, já fiz backing vocal para muitos artistas como Double You, Seu Jorge, Leonardo, Sidney Magal... Nesse mundo de viver de música percebi que como cantora crooner sobrevivi e satisfiz alguns sonhos, mas para realmente satisfazer os meus maiores cobiçados sonhos no Brasil preciso ser uma entreteiner (artista) e não cantora técnica. Claro que uma agrega valor à outra, mas não depende só disso para se ter reconhecimento. Desde pequena me inspirava em cantoras como Mariah Carey, Whitney Houston, Chaka Khan, Ella Fitzgerald e Beyoncé pela técnica vocal (melismas e tessitura vocal), mas para a música brasileira toda essa técnica não é muito aplicável. O Brasil quer ouvir o ritmo, saculejar, sentir o grave batendo solto no ínfimo (risos) e alguém ali à frente com o microfone incentivando-os a se soltarem. Por isso que hoje existe essa febre de MCs (mestre de cerimônias), ou seja, entreteiners”, explica a nipomorena.
 
“Já cantei todos os estilos na noite para pagar as contas, mas com o funk acredito que além de um carinho especial, um livre arbítrio, posso atingir todas as classes sociais. Sempre lutei contra o racismo desde quando cantava samba nas noitadas da Vila Madalena em São Paulo. As pessoas me viam, chegavam na ponta do palco e perguntava se ia cantar em japonês. Até começar a soltar a voz e perceberem o quanto brasileira eu era e sou. O preconceito é um achismo, pré-julgamento de algo que a pessoa não conhece. Ouçam meu funk e deixem de me pré-julgar”, esbraveja Missaka.
 
"O funk é universal pois engloba muitos estilos dentro dele como r&b, soul, funk carioca, samba, entre outros, além de polêmico, despojado, livre, atual realístico, sensual, simples, pop e dançante. Assumi o funk pois dentro de todas as personalidades que a Missaka já trabalhou o funk é a qual ela pode englobar todas suas facetas artísticas. Ter uma japa no funk é inédito e a pessoa olha por esse lado.  Missaka fala sobre empoderamento feminino, amor, sobre as raças e luta contra o preconceito. No meu videoclipe da música ‘Musa’ fiz questão de fazer com as drags queens mais poderosas do Rio de Janeiro que também sofrem preconceito”, completa a cantora.
 
"Já fiz parte do grupo de rap RZO e concorremos já ao VMB com o clipe e música ‘Respeito Oriental’. Sou parte integrante de um grupo de atores chamado ‘Coletivo Oriente-se’,ou seja , sempre na luta pela inclusão social. O Brasil é feito de multiraças. É preciso haver mais espaço para os orientais na mídia, assim como para outras etnias também”, acrescenta Missaka.
Comentários
Assista ao vídeo