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Doença de Parkinson: Nova visão sobre o assunto

29 de Março de 2017
 
Saibam mais sobre os conceitos básicos e as novas visões sobre o assunto com a geriatra Roberta França:
 
O Parkinson é uma doença neurodegenerativa, ou seja, atinge áreas cerebrais importantes de forma progressiva e irreversível, motivo pelo qual ainda não temos, até o momento, a cura. Até pouco tempo atrás era considerada uma doença motora, onde a falta de dopamina era a responsável pelos distúrbios motores, característicos da doença: tremores, discinesias e quedas. Estudos mais recentes evidenciam que o Mal de Parkinson é uma doença multissistêmica, onde os sintomas pré-motores, antes pouco ou não considerados, são muito mais significativos e nos levam a um diagnóstico muito mais precoce, visto que, quando surgem esses sintomas "clássicos" para o diagnóstico, 80% da substância nigra (no cérebro) já morreu.
 
Achados precoces da doença parecem se manifestar até 15 anos antes dos sintomas motores, como perda do olfato, distúrbios comportamentais do sono REM e presença de sinucleina (marcador) na mucosa colônica intestinal na colonoscopia. Outra grande mudança de paradigma é o conceito de que a substância mais usada no tratamento da doença, a Levodopa, é a causadora das discinesias (movimentos involuntários) e, por conta disso, apesar de mais eficaz, é usada tardiamente. Estudos têm demonstrado que as discinesias são a "evolução natural" da doença e não o uso da substância em si.
 
Assim, como não é o tempo de doença que leva as comorbidades (complicações da doença), mas sim a idade biológica do paciente. Isso é uma grande notícia, pois mesmo os pacientes que iniciam precocemente a doença, entre 40/45 anos, só terão complicações do Parkinson depois de 70/75 anos (idade biológica). E, por fim, diferente do que era dito, o paciente com Doença de Parkinson não é necessariamente calmo, "pacato" e lento. Sabe-se hoje que parte desses pacientes cursam sim com ansiedade, depressão e desordens de controle de impulsos como compulsão por jogos e alimentar/hipersexualidade/compra patológica.
 
A conclusão é que, apesar de ser uma doença antiga, amplamente discutida e estudada, temos muito a aprender. Enquanto isso, o mais importante é ter um olhar atento, buscar um diagnóstico precoce e o tratamento mais adequado à cada paciente. E aos pacientes, deixo meu pedido: não tenham medo de procurar o médico por medo do diagnóstico. A pior angústia é a dúvida. A dúvida não faz os sintomas desaparecerem, o tratamento sim.
 
Cura? Ainda não, mas qualidade de vida... Essa você pode ter!
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