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Texto: André Garcia // Fotos: Acervo pessoal e divulgação BMW
Não é só a indústria automotiva que investe cada vez mais na categoria SUV, mas a indústria de duas rodas segue a tendência de veículos com certa aptidão para fora de estrada, mas, que talvez jamais saia do asfalto.
Assim é a F 700 GS, a mais urbana da linhagem GS da BMW, mas não faz feio em um off road.
Na Europa a F 700 GS substituiu a F 650 GS, também bicilíndrica que deu as caras por aqui entre 2008 e 2010 que devido ao preço foi substituída pela monocilindrica G 650 GS.
Esqueça, a F 700 GS nada tem haver com a G 650 GS a quem substituiu, apenas por ser a moto de entrada do fabricante, enquanto não chegar a G 310 R e GS .
O desing lembra a sua irmã F 800 GS, com sutis diferenças na diminuta bolha de parabrisa, nas carenagens laterais e tenho a impressão que o bico é mais curto, além do menor curso de suspensão de 170mm (dianteira e traseira) e rodas de liga leve na dianteira de 19 polegadas e traseira de 17 polegadas.
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Muito parecida com sua irmão maior F 800 GS. Oferecida em duas cores, a Laranja é a mais bonita |
Ao montar o piloto de baixa de estatura como este que vos escreve, com 1,65 de altura, vai adorar o fato de alcançar os dois pés no chão, da leveza do conjunto com apenas 212 kg em ordem de marcha e ter o seu centro de gravidade mais baixo dado o tanque de combustível, o que facilita manobrar desligada ou em baixa velocidade, do bom conforto do banco bicolor estilo enduro, braços relaxados por conta do guidão largo e bem posicionado, punhos com peças bem encaixadas, bom toque, com tudo no lugar propiciando uma pilotagem bem intuitiva, nada de botões trocados ou invertidos como ocorria com a linha BMW em uma passado remoto, pedaleira bem posicionadas e perfeitos encaixe das pernas no falso tanque. O lampejador de farol alto da linha BMW devia ser adotado em todas as motos da concorrênica: no indicador esquerdo, sendo possível lampejar e deixar no alto no mesmo botão. Pode ser chatice de especialista em segurança de trânsito, mas é muito mais ergonômico, muito mais intuitivo e seguro.
Ao ligar, o som rouco característico do bicilíndrico da BMW, mas ao sair grata surpresa.
Saindo da sede BMW, ainda no quarteirão me veio a lembrança do lançamento da F 800 GS na pista Pirelli em 2008: motor bravo, áspero, engasopava em baixa velocidade, mandava recado direto para acelerar.
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Logo da BMW e GS é sinônimo de performance, conforto e aventura |
Na F 700 GS, no trânsito já percebi que era possível andar em qualquer rotação entre 1ª a 4ª marchas em baixa velocidade, mas a 3ª marcha se mostrou perfeita para utilizar no trânsito na faixa entre 2500 a 3500RPM. Impressionante: sem vibração, motor liso, torque disponível, engazopar ficou na lembrança. Aliás, a embreagem ficou macia e levemente pesada, achei no ponto, câmbio de 6 velocidades bem escalonadas e preciso. Não tive dificuldade em trafegar entre carros, salvo quando a faixa de rolamento estreita, mas isso ocorre com qualquer moto.
Daí comecei a prestar atenção nas suspensões 170mm na dianteira e traseira, na dianteira saiu a invertida da F 800 GS, mais simples sem ajuste, com garfo telescópico de 41mm, traseira a mesma balança de alumínio, da irmã maior, com amortecedor centralizado e óbvio menor curso com ajuste de retorno de compressão, copiando bem o péssimo asfalto paulistano, quando se anda com garupa e ou pega um trecho sem asfalto, basta regular a suspensão traseira para peso extra e murchar o pneu para o trecho off road e notar o DNA GS.
Em trechos de serra com ou sem garupa, nota-se a rigidez do chassi em treliça com o motor integrado a ele que somado ao acerto de suspensão, roda de liga leve com dianteira de 19 polegadas, pneus Michelin Anakee 3, mostrou um conjunto muito bem equilibrado, onde o piloto aponta a moto vai como em trilhos, a mudança de direção impressiona e como faz curvas!!!!
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Garupa aprovou conforto do banco. Mas há vibração no apoio das mãos. |
O diminuto parabrisa na cidade é essencial, especialmente em dias de calor, mas na rodovia o piloto sente falta, nada exagerado, existe o deslocamento de ar do capacete a partir dos 90km/h, mas, a partir dos 120km/h o ruído aumenta consideravelmente, mesmo para quem usa protetor auricular que é meu caso e vez ou outra, vem sujeira no capacete.
Engana-se quem acha que falta motor com os 75cv de potência a 7000RPM, a F 700 GS acelera rápido, mas não tem o ímpeto das mais fortes como sua irmão F 800 GS.
Vai bem, sem vibração digno de nota até os 6000RPM, atingido essa rotação e daí pra cima a vibração incomoda bastante nas mãos, pés e países baixos pelo banco, remetendo-nos a origem desse bicilíndrico, mas aí, além da vibração incomoda você pode sofrer o incômodo de uma multa, então trabalhe com o motor até os 5500RPM e correndo menos risco de sofrer pontuação em seu prontuário.
Só à título de curiosidade, a 4500RPM em 6ª marcha, você está a 120km/h, se precisar diminuir a velocidade pode fechar o acelerador, deixar a velocidade cair até os 70km/h e meter a mão que o giro sobe sem engasgo ou pedindo redução. Passando por uma chicane, como tem nos pedágios, reduzindo para 3ª marcha a 30km/h, enfiando a mão, antes de mudar para 4ª marcha, você já estará à 110/120km/h. Realmente, o acerto do motor ficou irrepreensível.
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Punhos oferecem ergonomia e protetor de mãos em alumínio |
Infelizmente, não consegui realizar medições como gosto, com vários tanques de combustível, mas acredito que seja possível, dado as informações do computador de bordo, realizar médias de 19 a 24 km/l ou mais, tudo depende da mão direita e calibragem correta dos pneus.
Para parar, a BMW mais uma vez demonstra sua postura em relação a segurança, todavia, manteve os freios iguais a mais potente F 800GS: dois discos flutuantes de 300mm com duplo pistão flutuante na dianteira e disco simples de 265 mm com pistão flutuante simples na traseira com o ABS da Bosch muito bem ajustado com tato, potência e progressividade perfeitos.
O controle de tração não notei intrusividade fora de hora, no asfalto em momento algum foi utilizado, no pequeno trecho de cascalho e terra desliguei depois de notar que tornava a pilotagem incomoda.
A BMW está de parabéns oferecendo um produto da mais alta qualidade e segurança que agrada todos os perfis e gêneros de público, grandão ou baixinho, homem ou mulher, experiente ou inexperiente, a F 700 GS vai agradar e cumpre integralmente a sua proposta de aventura urbana, mas não decepcionando no off road. Se o feliz proprietário quiser encarar um off road de moderado para pesado, necessariamente vai ter que trocar os pneus, mas não tenho dúvida que ficará satisfeito.
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Painel oferece boa leitura, mas precisa mudar indicações de consumo e pressão pneus |
Nem tudo é perfeito: o painel apesar de proporcionar boa leitura de todas as informações, precisa ser descomplicado e se tornar mais intuitivo, já que o consumo não é medido por km/l, a pressão dos pneus não é em PSI, me parece que em BAR e para acionar tem que fazê-lo no painel.
Digno de nota, apesar da F 700 GS ser bem completa, não falei do aquecimento de manopla pois não usei, mas tem, oferecer muita segurança, boa tecnologia, vejo dois equívocos por parte da BMW: 1) consumidor compra cilindrada e sendo o mesmo motor, amansado, da F 800GS, entendo que podia ser denominada F 800; 2) Preço sugerido de R$ 39.950,00 se mostra um tanto salgado, quando temos na concorrência e vou me ater, tão somente, aos modelos com roda de liga leve de 19 polegadas na dianteira: Suzuki V-Strom 650 com preço sugerido de R$ 34 mil e Triumph Tiger 800 XR com preço sugerido de R$ 38.590,00. A comparação e o que cada uma oferece fica a critério do consumidor, mas há de se pensar, mesmo quando se trata de uma BMW.
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