Colunistas - André Garcia

Aventura Urbana: BMW F 700 GS

28 de Março de 2017

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Texto: André Garcia // Fotos: Acervo pessoal e divulgação BMW

Não é só a indústria automotiva que investe cada vez mais na categoria SUV, mas a indústria de duas rodas segue a tendência de veículos com certa aptidão para fora de estrada, mas, que talvez jamais saia do asfalto.

Assim é a F 700 GS, a mais urbana da linhagem GS da BMW, mas não faz feio em um off road.

Na Europa a F 700 GS substituiu a F 650 GS, também bicilíndrica que deu as caras por aqui entre 2008 e 2010 que devido ao preço foi substituída pela monocilindrica G 650 GS.

Esqueça, a F 700 GS nada tem haver com a G 650 GS a quem substituiu, apenas por ser a moto de entrada do fabricante, enquanto não chegar a G 310 R e GS .

O desing lembra a sua irmã F 800 GS, com sutis diferenças na  diminuta bolha de parabrisa, nas carenagens laterais e tenho a impressão que o bico é mais curto, além do menor curso de suspensão de 170mm (dianteira e traseira) e rodas de liga leve na dianteira de 19 polegadas e traseira de 17 polegadas.

Muito parecida com sua irmão maior F 800 GS. Oferecida em duas cores, a Laranja é a mais bonita

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ao montar o piloto de baixa de estatura como este que vos escreve, com 1,65 de altura, vai adorar o fato de alcançar os dois pés no chão, da leveza do conjunto com apenas 212 kg em ordem de marcha e ter o seu centro de gravidade mais baixo dado o tanque de combustível, o que facilita manobrar desligada ou em baixa velocidade, do bom conforto do banco bicolor estilo enduro, braços relaxados por conta do guidão largo e bem posicionado, punhos com peças bem encaixadas, bom toque, com tudo no lugar propiciando uma pilotagem bem intuitiva, nada de botões trocados ou invertidos como ocorria com a linha BMW em uma passado remoto, pedaleira bem posicionadas e perfeitos encaixe das pernas no falso tanque. O lampejador de farol alto da linha BMW devia ser adotado em todas as motos da concorrênica: no indicador esquerdo, sendo possível lampejar e deixar no alto no mesmo botão. Pode ser chatice de especialista em segurança de trânsito, mas é muito mais ergonômico, muito mais intuitivo e seguro.

Ao ligar, o som rouco característico do bicilíndrico da BMW, mas ao sair grata surpresa.  

Saindo da sede BMW, ainda no quarteirão me veio a lembrança do lançamento da F 800 GS na pista Pirelli em 2008: motor bravo, áspero, engasopava em baixa velocidade, mandava recado direto para acelerar.

Logo da BMW e GS é sinônimo de performance, conforto e aventura

Na F 700 GS, no trânsito já percebi que era possível andar em qualquer rotação entre 1ª a 4ª marchas em baixa velocidade, mas  a 3ª marcha se mostrou perfeita para utilizar no trânsito na faixa entre 2500 a 3500RPM. Impressionante: sem vibração, motor liso, torque disponível, engazopar ficou na lembrança. Aliás, a embreagem ficou macia e levemente pesada, achei no ponto, câmbio de 6 velocidades bem escalonadas e preciso. Não tive dificuldade em trafegar entre carros, salvo quando a faixa de rolamento estreita, mas isso ocorre com qualquer moto.

Daí comecei a prestar atenção nas suspensões 170mm na dianteira e traseira, na dianteira saiu a invertida da  F 800 GS, mais simples sem ajuste, com garfo telescópico de 41mm, traseira a mesma balança de alumínio, da irmã maior, com amortecedor centralizado e óbvio menor curso com ajuste de retorno de compressão, copiando bem o péssimo asfalto paulistano, quando se anda com garupa e ou pega um trecho sem asfalto, basta regular a suspensão traseira para peso extra e murchar o pneu para o trecho off road e notar o DNA GS.

Em trechos de serra com ou sem garupa, nota-se a rigidez do chassi em treliça com o motor integrado a ele que somado ao acerto de suspensão, roda de liga leve com dianteira de 19 polegadas, pneus Michelin Anakee 3, mostrou um conjunto muito bem equilibrado, onde o piloto aponta a moto vai como em trilhos, a mudança de direção impressiona e como faz curvas!!!!

Garupa aprovou conforto do banco. Mas há vibração no apoio das mãos.

O diminuto parabrisa na cidade é essencial, especialmente em dias de calor, mas na rodovia o piloto sente falta, nada exagerado, existe o deslocamento de ar do capacete a partir dos 90km/h, mas, a partir dos 120km/h o ruído aumenta consideravelmente, mesmo para quem usa protetor auricular que é meu caso e vez ou outra, vem sujeira no capacete.

Engana-se quem acha que falta motor com os 75cv de potência a 7000RPM, a F 700 GS acelera rápido, mas não tem o ímpeto das mais fortes como sua irmão F 800 GS.

Vai bem, sem vibração digno de nota até os 6000RPM, atingido essa rotação e daí pra cima a vibração incomoda bastante nas mãos, pés e países baixos pelo banco, remetendo-nos a origem desse bicilíndrico, mas aí, além da vibração incomoda você pode sofrer o incômodo de uma multa, então trabalhe com o motor até os 5500RPM e correndo menos risco de sofrer pontuação em seu prontuário.

Só à título de curiosidade, a 4500RPM em 6ª marcha, você está a 120km/h, se precisar diminuir a velocidade pode fechar o acelerador, deixar a velocidade cair até os 70km/h e meter a mão que o giro sobe sem engasgo ou pedindo redução. Passando por uma chicane, como tem nos pedágios, reduzindo para 3ª marcha a 30km/h, enfiando a mão, antes de mudar para 4ª marcha, você já estará à 110/120km/h. Realmente, o acerto do motor ficou irrepreensível.

Punhos oferecem ergonomia e protetor de mãos em alumínio

Infelizmente, não consegui realizar medições como gosto, com vários tanques de combustível, mas acredito que seja possível, dado as informações do computador de bordo, realizar médias de 19 a 24 km/l ou mais, tudo depende da mão direita e calibragem correta dos pneus.

Para parar, a BMW mais uma vez demonstra sua postura em relação a segurança, todavia, manteve os freios iguais a mais potente F 800GS: dois discos flutuantes de 300mm com duplo pistão flutuante na dianteira e disco simples de 265 mm com pistão flutuante simples na traseira com o ABS da Bosch muito bem ajustado com tato, potência e progressividade perfeitos.

O controle de tração não notei intrusividade fora de hora, no asfalto em momento algum foi utilizado, no pequeno trecho de cascalho e terra desliguei depois de notar que tornava a pilotagem incomoda.  

A BMW está de parabéns oferecendo um produto da mais alta qualidade e segurança que agrada todos os perfis e gêneros de público, grandão ou baixinho, homem ou mulher, experiente ou inexperiente, a F 700 GS vai agradar e cumpre integralmente a sua proposta de aventura urbana, mas não decepcionando no off road. Se o feliz proprietário quiser encarar um off road de moderado para pesado, necessariamente vai ter que trocar os pneus, mas não tenho dúvida que ficará satisfeito.

Painel oferece boa leitura, mas precisa mudar indicações de consumo e pressão pneus

Nem tudo é perfeito: o painel apesar de proporcionar boa leitura de todas as informações, precisa ser descomplicado e se tornar mais intuitivo, já que o consumo não é medido por km/l, a pressão dos pneus não é em PSI, me parece que em BAR e para acionar tem que fazê-lo no painel.

Digno de nota, apesar da  F 700 GS ser bem completa, não falei do aquecimento de manopla pois não usei, mas tem,  oferecer muita segurança, boa tecnologia,  vejo dois equívocos por parte da BMW: 1) consumidor compra cilindrada e sendo o mesmo motor, amansado, da F 800GS, entendo que podia ser denominada F 800; 2) Preço sugerido de R$ 39.950,00 se mostra um tanto salgado, quando temos na concorrência e vou me ater, tão somente, aos modelos com roda de liga leve de 19 polegadas na dianteira: Suzuki V-Strom 650 com preço sugerido de R$ 34 mil e Triumph Tiger 800 XR com preço sugerido de R$ 38.590,00. A comparação e o que cada uma oferece fica a critério do consumidor, mas há de se pensar, mesmo quando se trata de uma BMW.

Dados técnicos e acessórios, click aqui

Comentários
Assista ao vídeo