Praticamente todos os estaleiros nacionais e internacionais que atuam no Brasil permitem que os clientes deixem suas embarcações os mais pessoais possíveis, alterando um detalhe aqui ou ali para garantir que o novo barco satisfaça completamente o gosto do proprietário. Boa parte dessas mudanças se restringe à decoração da lancha: cor do casco, material e cor do estofado, tapetes, pisos, tom da madeira dos armários, o mármore etc. Mas tem alguns estaleiros que vão além na missão de garantir que o seu barco fique realmente a seu gosto.
A Cimitarra, por exemplo, conquista os clientes, pois permite que eles brinquem de casinha. O estaleiro gaúcho permite alterações em todos modelos de sua linha. As lanchas cabinadas podem ter a planta de sua cabine alterada, um quarto pode sair para que a sala fique maior, o espaço gourmet pode virar um solário de popa, as camas podem ser menores, os armários maiores, uma geladeira grande pode ficar no lugar do refrigerador de apenas 80 litros. A lista de possibilidades é extensa e o limite das mudanças é a estrutura da embarcação, que não pode ser modificada.
A Sea Ray, do Brunswick Boat Group, também não faz mudanças que comprometam a estrutura de seus barcos, incluindo alterações no layout, pois isso pode influenciar no desempenho das embarcações. Nas embarcações com 35 pés ou mais, é possível fazer pequenas customizações, como o tamanho e altura dos armários e disposição de aparelhos eletrônicos, como a televisão na cabine. O mesmo acontece com as lanchas Solara, da HF Marine.
Já a Império Yachts permite mais alterações na disposição dos móveis, instalação de equipamentos, e pode até fabricar peças e móveis personalizados para os clientes. O modelo DM 340 do estaleiro, por exemplo, tem duas camas de casal a meia nau, mas um cliente já pediu que as camas fossem unidas numa só e uma antepara fosse colocada para dividir a cabine em dois cômodos.
E, seguindo a mesma postura, a Triton também permite mudanças no layout de suas lanchas, mas só nos modelos maiores, como a Triton 345 e a Triton 360, além de customizar os móveis das embarcações. “A grande maioria [dos clientes] quer deixar o barco com ‘a sua cara’, e a Triton é muito aberta para isso,” comenta Allan Cechelero, do Marketing da Way Brasil, estaleiro responsável pela produção das lanchas Triton.
A Fibrasmar aceita modificações como a colocação de porta mero (plataforma de apoio na popa que aumenta espaço e alonga o barco), chuveiro na popa, novos armários, fechamento de armários e alterações nas escadas, sendo que a colocação de armários e instalação do chuveiro de popa são os mais pedidos pelos clientes.
A Maxima Yachts oferece a possibilidade de alterações na disposição das cabines na lancha Max 380, que atualmente está sendo reconstruída e será relançada, com algumas mudanças feitas a partir de pedidos de clientes. A francesa Beneteau também trabalha com a possibilidade dos clientes mexerem no arranjo das cabines, mas apenas nas lanchas com mais de 50 pés e desde que as alterações não interfiram no prazo de entrega da embarcação. Marcio Evangelista, diretor comercial da Beneteau Brasil, ressalta que o estaleiro é reconhecido pela qualidade, acabamento e confiabilidade de seus barcos. “As mudanças, normalmente, são muito pequenas. Somos procurados justamente pela tradição, design e qualidade de nossos barcos”, afirma o diretor.
Já a Ventura, pensando na possibilidade dos clientes optarem por um diferente arranjo da cabine da sua lancha V410, permite que eles escolham entre ter um ou dois banheiros a bordo. No caso de optarem por um banheiro só, o espaço ganha duas portas, sendo que uma dá acesso à cabine principal.
E a argentina Segue Yachts vai uma pouco mais além, mas apenas para os maiores barcos da linha, com 55, 58, 72, 86 e 94 pés. As modificações podem ser desde a inclusão de mais um ambiente, como um banheiro, ou a exclusão de um para ampliar outro. Até a ampliação do cockpit de popa e alterações na configuração do fly. O estaleiro já atendeu ao pedido de um cliente que queria uma banheira no fly de sua Segue 72. “Muitos dos proprietários de lanchas se tornaram nossos clientes Segue pelo fato de poder ter essa liberdade na personalização dos seus barcos,” comenta Maurício Barreto, sócio proprietário do Yacht Center Group, que representa a Segue Yachts no Brasil.
Quanto custa
O preço cobrado pelas modificações do projeto da lancha depende da complexidade do trabalho, mas muitas vezes os estaleiros incluem o serviço como cortesia, especialmente quando se trata das embarcações maiores, como a Sea Ray faz em casos de alterações mais simples.
A Cimitarra não cobra nada pela mudança nas cores, mármore, estofados, madeira e tapeçaria, mas os projetos mais complexos encarecem um pouco o custo da embarcação, por causa material e da mão de obra a mais. A Triton também cobra apenas pelas alterações no layout.
A Império Yachts cobra a mais pelas peças moldadas ou específicas, porém, se gostarem das alterações do clientes, incorporam-nas ao projeto e não cobram nada. “É uma realidade que todos os clientes desejam ter seus bens com o seu toque especial, assim é com suas casas, seus carros e com a sua embarcação não é diferente. Muitos clientes já faziam isso fora do estaleiro, o que demandava mais tempo e dinheiro,” comenta Bruno Marchenta, Diretor Geral da marca. “O estaleiro Império não só entende seus clientes, como também incentiva essa personalização disponibilizando uma equipe de consultoria com engenheiros, arquitetos e técnicos especializados,” completa.