Com a chegada do verão e o aumento da incidência do sol, a preocupação com o câncer de pele volta a crescer. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima cerca de 180 mil novos casos de câncer (melanoma e não melanoma) no Brasil para 2016. Ainda segundo o instituto, o câncer de pele é o mais frequente no país, correspondendo a 30% de todos os tumores malignos registrados.
A doença se desenvolve a partir do crescimento anormal e descontrolado das células que compõem a pele. De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, a radiação ultravioleta é a principal responsável pelo desenvolvimento de tumores cutâneos, e a maioria dos casos está associada á exposição excessiva ao sol ou ao uso de câmaras de bronzeamento.
Apesar do grande número de casos, o câncer de pele não melanoma tem baixa taxa de mortalidade e pode ser curado se detectado precocemente. Por isso, é necessário procurar imediatamente um dermatologista caso perceba pintas ou sinais suspeitos.
Confira abaixo o bate-papo sobre o assunto com a dermatologista Rossana Spoladore:
- Quais os cuidados que devemos ter com a pele no verão?
Os cuidados básicos com a pele devem ser mantidos, ou seja, limpeza, hidratação e uso de proteção solar. Devido aos movimentos rotacionais da Terra, no verão, os raios ultravioletas estão mais fortes e chegam mais diretamente à superfície do Planeta. Dessa forma, os cuidados com o uso de protetores solares devem ser redobrados.
- O câncer de pele é o mais recorrente? Os dados são preocupantes?
Na verdade, o câncer de pele é o primeiro em aparecimento de casos novos no mundo. Estima-se que a cada ano surjam entre 2 a 3 milhões de casos novos no mundo. No Brasil, estima-se entre 150 a 180 mil casos novos no ano de 2016.
- O que fazer quando se expor a muito sol?
O cuidado inicial é justamente controlar a exposição solar, usando sempre corretamente o protetor solar e evitando os horários em que os raios ultravioletas são mais incidentes (10h às 15h).
Quando acontece uma queimadura solar pelo excesso de exposição, os cuidados devem ser: compressas locais frias e hidratação da pele com uso de hidratantes pós sol, além de beber muito líquido. Pode ser necessário procurar avaliação médica para medicar a dor ou corrigir alguns distúrbios que podem aparecer, como a desidratação, febre e mal estar.
- Quais são os principais fatores de risco do câncer de pele?
Além da exposição solar frequente e repetida, como em casos de pessoas que trabalham expostas ao sol, aqueles que apresentam antecedentes de queimaduras solares, histórico familiar de câncer de pele, tipo de pele: uma pessoa clara, com olhos, cabelos e pele clara tem mais probabilidade de desenvolver um câncer de pele do que uma pessoa mais morena.
- É apenas o sol que causa câncer de pele?
Não. O comportamento da pessoa em relação à exposição solar também influencia, bem como a característica genética e tabagismo também são fatores que podem estar relacionados ao desenvolvimento de câncer de pele. Outros tipo de radiação como bronzeamento artificial também podem ser relacionados a alguns casos de câncer de pele.
- Que tipo de sintoma o câncer de pele desenvolve?
Muitas vezes é assintomático, o que é ainda mais preocupante. Mas, podem aparecer feridas que não cicatrizam ou pequenas tumorações que aumentam de tamanho rapidamente, mas que nem sempre causam dor ou coceira. Também pode aparecer alterações de cor, tamanho ou formato em lesões já existentes. Dessa forma, faz-se importante a avaliação médica de lesões que aparecem rapidamente ou que sofrem alterações.
- O que a senhora acredita que é o mais importante sobre a conscientização do câncer de pele?
Infelizmente, muitas vezes só aprendemos pela dor. A Sociedade Brasileira de Dermatologia desenvolve anualmente campanhas de prevenção de câncer de pele, nas quais a população é atendida e tratada gratuitamente. A mídia tem publicado muito sobre o assunto. As operadoras de saúde se preocupam em orientar os clientes em relação aos cuidados com o sol. Mesmo assim, se visitarmos uma praia ao meio dia, provavelmente ela estará lotada. Somente quando as pessoas percebem que alguém próximo está com o problema é que se preocupam com os cuidados. Acho que devemos continuar com as campanhas de prevenção e orientação, buscando apoio da sociedade de especialidade para sensibilizar os órgãos governamentais em relação a ações mais efetivas, assim como isenção de impostos dos protetores solares e desenvolvimento de novas tecnologias, como tecidos e sabões que tenham proteção UV.
- O que mais gostaria de acrescentar sobre o assunto?
Prevenção é a solução. Sabemos o que causa o câncer de pele, sabemos quem tem a maior probabilidade de desenvolver um câncer de pele. Basta agirmos.