Colunistas - Rodolfo Bonventti

Era uma vez na TV: A vilã da novela apanha na rua de uma telespectadora

23 de Novembro de 2011


Geórgia Gomide em Teresa, na TV Tupi

Em 1965, quando as novelas diárias ainda estavam engatinhando, apesar do já enorme sucesso conquistado por "O Direito de Nascer", os executivos da nossa tevê ainda não tinham ideia de que tipo de reações o público poderia ter perante o que via diariamente por aquela telinha.

A TV Tupi lançou, em 11 de janeiro de 1965, no seu horário nobre das 20h, a telenovela "Teresa", uma adaptação de Walter George Durst (1922-1997) com direção de Geraldo Vietri (1930-1996). Uma dupla perfeita para levar ao ar a história de uma moça pobre, mas muito inescrupulosa, cujo maior objetivo na vida era realizar um casamento com um milionário a qualquer custo, mesmo que para isso tivesse que prejudicar muita gente.

Era a primeira vez que a personagem feminina principal da trama era uma vilã, que passava a história toda mentindo e trapaceando. Para a difícil personagem foi escolhida uma jovem atriz brilhante e muito bonita: Geórgia Gomide (1937-2011), que se transformaria em uma das nossas principais atrizes de novela nos anos seguintes.

Ao lado de Geórgia, a Teresa do título da novela, estavam o pobretão amigo de infância que era apaixonado por ela, vivido pelo jovem ator, na época, Luiz Gustavo; um professor de meia-idade que também se apaixona por ela, interpretado por Rildo Gonçalves e, enfim, o milionário com quem ela sempre sonhou, interpretado pelo grande ator Walmor Chagas.


Walmor Chagas era o galã de Teresa

As donas de casa passaram a "odiar" a tal Teresa e uma delas, um dia, em plena Praça do Patriarca, no centro de São Paulo, não teve dúvidas em partir para cima da atriz Geórgia Gomide, que dava uma entrevista para uma rádio paulistana naquele momento. O resultado foi que a atriz levou uns tabefes, teve o rosto machucado e ainda ouviu poucas e boas da telespectadora, revoltada com o fato de ela, na novela, ter abandonado e rejeitado a família e o amigo de infância só por causa de dinheiro e poder.

Era a ficção ganhando contornos de realidade e levando o público a confundir uma coisa com a outra. A agressão à atriz foi o primeiro de vários incidentes com outros atores, que sempre sofriam quando interpretavam muito bem os seus vilões nas telenovelas, ao cruzarem com as telespectadoras nas ruas.


Geórgia em capa de revista de 1965

E, na próxima semana, um festival de música que ninguém esquece.

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