Colunistas - Rodolfo Bonventti

Era uma vez na TV: Para driblar a censura, cinema com Brigitte Bardot sem roupa

14 de Setembro de 2011


Álvaro Moya

A TV Excelsior foi a emissora que mais sofreu com o regime militar imposto a partir de 31 de março de 1964, tendo que retirar do ar alguns programas que representavam um bom faturamento para a emissora.

Um pouco antes, a emissora já enfrentava problemas com a censura e precisou de muita habilidade para enfrentar a situação. E tudo por causa de uma sessão de cinema chamada "Cinema em Casa", que insistia em trazer filmes europeus um tanto quanto audaciosos demais para a então sociedade brasileira.

Em seu livro "Gloria in Excelsior", Álvaro Moya, então um dos principais executivos da emissora, conta que a censura proibia a maior parte dos filmes europeus que a emissora comprava para exibir em horário nobre, achando-os muito liberais para os nossos costumes. Os filmes ainda eram exibidos com som original e legendas, embora pouco tempo depois o governo do marechal Castelo Branco tenha obrigado a dublagem em todos eles.

Mas, no final do governo Jânio Quadros, a confusão era muito grande, já que a censura estadual estava desativada e a censura federal ainda não havia sido criada oficialmente. Foi a oportunidade que Álvaro Moya encontrou para programar todos os filmes europeus, principalmente franceses e italianos, que haviam sido barrados anteriormente pelos censores.

E foi assim que, no "Cinema em Casa", a sessão diária da TV Excelsior, para a surpresa dos telespectadores tupiniquins, Brigitte Bardot fez um belo strip tease em "Desfolhando a Margarida"; Marina Vlady apareceu nua da cintura para cima em um carro em outro filme; enquanto Gina Lolobrigida era pura sensualidade em uma comédia italiana que abusava da sexualidade.


Brigitte Bardot na década de 1960

Diretores como Píer Paolo Pasolini, Federico Fellini e Michelangelo Antonioni eram assíduos freqüentadores do "Cinema em Casa" que provocou muita polêmica na época, mas era um recordista de telefonemas para a emissora. Normalmente, homens jovens que queriam saber se naquele dia ia passar um filme "daqueles" com a Brigitte Bardot sem roupa.

E, na próxima semana, um pool de emissoras garantiu a Copa de 1962 na TV.

Comentários
Assista ao vídeo