Colunistas - Rodolfo Bonventti

Era uma vez na TV: O irreverente Chacrinha chegou à TV para confundir e não para explicar

30 de Março de 2011



Foi em uma palestra sobre alcoolismo, na Faculdade de Medicina de Recife, em 1936, que o jovem estudante José Abelardo Barbosa de Medeiros (1916-1988), descobriu que seu poder de convencer e agradar as pessoas era grande e não podia ser desperdiçado.

E foi assim que ele abandonou a faculdade no terceiro ano e embarcou para o Rio de Janeiro. Em 1939, ele já era locutor da Rádio Tupi do Rio de Janeiro e o José Abelardo se transformava em Abelardo Chacrinha Barbosa, que só na segunda metade da década de 1950 passaria a ser apenas Chacrinha.

O programa que lhe concedeu o apelido que iria manter pelo resto da vida foi o "Rei Momo na Chacrinha", lançado em 1943 na Rádio Fluminense. No início da década de 1950, criou no rádio o seu "Cassino do Chacrinha" e foi nele que lançou vários artistas como a jovem Celly Campello (1942-2003) com o seu "Estúpido Cupido".



Chacrinha chegou à televisão em 1956, na TV Tupi do Rio, participando como um xerife no programa "Rancho Alegre". O sucesso foi imediato e em 1957, ele já comandava na emissora carioca a sua "Discoteca do Chacrinha".

Com a mistura de calouros, cantores, jurados, fantasias e uma bagunça organizada no palco, Chacrinha chegou a ser uma unanimidade nacional em termos de animação de auditório. Criou frases antológicas que até hoje definem o que se faz em televisão. Foi ele o autor de "Quem não Comunica, se Estrumbica"; "Na televisão nada se cria, tudo se copia", ou então, "Eu vim para confundir e não para explicar".

Da TV Tupi do Rio ele passou para a TV Rio, foi para a TV Globo em 1968, passou pela TV Tupi de São Paulo, voltou para a Globo em 1982 e ainda teve uma passagem pela TV Bandeirantes. Criou "A Discoteca" e depois "A Buzina do Chacrinha".

Durante muitos anos, os programas de Chacrinha foram patrocinados pela Casas da Banha, e foi a partir desse patrocínio que ele teve a ideia de passar a distribuir bacalhaus, abacaxis e outros alimentos para a platéia.

Também chamado de Velho Guerreiro, Chacrinha criou as dançarinas que ajudavam a enfeitar o programa. Elas se transformaram nas chacretes e criaram uma "moda" na tv brasileira a partir dos anos 70. As mais famosas foram Rita Cadillac, Índia Amazonense, Fernanda Terremoto, Lucinha Apache, Sarita Catatau e Lia Hollywood, entre muitas outras.



Um ano antes de morrer, Chacrinha teve duas grandes alegrias: ser homenageado no carnaval carioca pela Escola de Samba Império Serrano e ter recebido o título de professor honoris causa da Universidade do Rio de Janeiro.

E, na próxima semana, o glamour e o humor no "Noites Cariocas".

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