Cultura - Teatro

Uma Noite Sem o Aspirador de Pó

8 de Outubro de 2015

Comédia dramática sobre solidão se

passa em instalação aberta ao público.

Com Susan Damasceno e Donizete

Mazonas. Texto inédito de Priscila Gontijo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O cenário reproduz apartamento de acumuladora. Os atores Suzan Damasceno e Donizeti Mazonas protagonizam espetáculo gratuito com

dramaturgia inédita de Priscila Gontijo. A estreia será no dia 16 de outubro. A dupla de atores também oferece oficina de interpretação na Oswald de Andrade

 

Para Nelson Rodrigues, “a pior forma de solidão é a companhia de um paulista”. Com moradores competitivos, o cotidiano em Sampa é acirrado. Sem tempo para nada, muita gente vive solitária no seu mundinho. Os protagonistas de Uma Noite Sem o Aspirador de Póde Priscila Gontijo(prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz e Fate - Fundo de Apoio ao Teatro do Rio de Janeiro) não fogem disso. Áurea, personagem de Suzan Damasceno (atriz de A Obscena Senhora D., de Hilda Hilst), que agora também assina a direção, e Manuel (Donizeti Mazonas, que fez Osmo, também de Hilst) moram sozinhos com seus gatos. Trazendo elementos do teatro do absurdo e do suspense, a comédia dramática estreia dia 16 de outubro, sexta-feira, 20h30, na Oficina Oswald de Andrade. Com sessões de quinta a sábado, às 20h30, a temporada gratuita segue até 12 de dezembro.

 

O projeto dá continuidade à parceria artística iniciada entre os três, os atores e a autora, no Centro de Pesquisa Teatral – CPT, do Antunes Filho. Ainda que inédito, o texto foi iniciado lá, em 2009, no Núcleo de Dramaturgia. 

 

A quinta peça da autora carioca fala sobre dois interioranos “invisíveis” na metrópole: uma acumuladora carente e um escritor medíocre. Eles são vizinhos num prédio com baixa vedação acústica. Por isso, ela consegue escutá-lo muitas vezes e acaba se apaixonando por ele, estabelecendo uma relação obsessiva e paranoica. Em clima de realismo fantástico, a história se passa no apartamento da Áurea. Composta por materiais descartáveis, pilhas de eletrodomésticos em desuso, a estrutura de ferro guarda ainda uma bateria. A cenografia de Andre? Cortez é uma instalação que remete às obras do artista contemporâneo suíço Thomas Hirschhorn e ficará aberta à visitação na Oswald de Andrade. O desenho de luz é de Hernandes de Oliveira.

 

Carente de interlocução e de laços afetivos, Áurea conversa com seu aspirador de pó, o João Augusto, e coleciona numa valise, a Josephine, uma família imaginária criada com retratos 3X4 de desconhecidos. Resistente à tecnologia e inábil socialmente, ela não se fixa em nenhum trabalho, apesar da sua dedicação. A personagem passa o tempo em casa com Tereza, uma tartaruga cega, e Otto, um gato arisco.

 

Quando Manuel aparece em sua porta para pedir um pouco de ração, ela não o deixa partir antes de provar todas as receitas que inventa. “Este encontro acidental é a força motriz do espetáculo e transformador para os personagens. Eles são loosers, a falta de ferramentas deles para se inserir na sociedade contemporânea cria o humor das cenas, através das situações patéticas da relação”, afirma a autora Priscila Gontijo.

 

A ideia é despertar no público reflexão sobre a apatia diante do outro, o apego crescente com os bichos de estimação e a substituição do afeto humano pelo virtual tão comum hoje em dia. “É uma história de amor torta, sombria entre duas pessoas com patologias sociais que estabelecem uma relação simbiótica, sem conseguir se entregar um ao outro”, complementa a diretora e atriz Suzan Damasceno.

 

Oficina de Interpretação

 

Os atores e diretores Suzan Damasceno e Donizeti Mazonas vão coordenar a oficina Dramaturgia do Ator entre 10 de novembro e 1º de dezembro, terças e quintas, das 15h às 18h, de graça, na Oficina Oswald de Andrade.

Os participantes serão estimulados a criar monólogos sobre a temática da solidão e do excesso de comunicação na sociedade atual. Os recursos dramatúrgicos são a improvisação e o fluxo de consciência. A condição física e intelectual do artista como base da criação e a respiração na construção da partitura emocional e física da personagem vão ser abordadas. O público-alvo são estudantes de teatro e interessados em geral com mais de 16 anos.

 

Duração: De 10 de novembro a 1º de dezembro, terças e quintas, das 15h às 18h.

Inscrições: 15 de outubro a 3 de novembro pelo site www.oficinasculturais.org.br/.

Seleção: análise de currículo e carta de interesse

25 vagas. Grátis.

 

Sobre Priscila Gontijo

Aos 39 anos, a dramaturga, roteirista e atriz carioca mora há 15 anos em São Paulo. Seu primeiro texto, Soslaio, com a Companhia da Mentira, da qual é uma das fundadoras, teve repercussão positiva de público e crítica (Prêmio Funarte Myriam Muniz de 2008). Os Visitantes, apresentado no Teatro Gláucio Gil, no Rio, ganhou o Prêmio Fate (Fundo de Apoio ao Teatro do Rio de Janeiro), em 2009. Desde então, escreveu outros textos, com destaque para o monólogo Antes do Sono, interpretado por Gabriela Flores, no Instituto Capobianco, em 2010. Em seguida, fez o roteiro do telefilme Irina, com Caio Blat e Maria Fernanda Cândido, exibido na TV Cultura em 2012. A peça Catraca com texto seu estreou em 2014 no Sesc Pompeia, com direção de Márcia Abujamra. É coordenadora de teatro do Programa Vocacional da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo e pesquisadora de texto do Esquentada Globo. No Rio, participou da companhia Os Privilegiados, dirigida por Antônio Abujamra. Em São Paulo, integrou o Centro de Pesquisa Teatral (CPT), do Antunes Filho, atuou em Medéia e Policarpo Quaresma e participou do Círculo de Dramaturgia. É formada em Licenciatura em Letras Português/Francês na PUC/SP. Filha de jornalistas e escritores mineiros, quando jovem conviveu com autores e trocou correspondência com Otto Lara Resende.

 

Sobre Suzan Damasceno

Em 2008 estreou A Obscena Senhora D, de Hilda Hilst, onde além da concepção foi responsável pela adaptação da obra, sob a direção de Rosi Campos e Donizeti Mazonas. Em 2010 a peça foi premiada pelo projeto Palco Giratório do Sesc, viajando em turnê nacional. Em 2012, estreou Menos Emergências, no 16° Festival da Cultura Inglesa, com direção de Juliana Galdino, circulando pelo Sesi e cumprindo temporada no Sesc, em 2013. Em 2014 adaptou e dirigiu Osmo, de Hilda Hilst, com interpretação de Donizeti Mazonas e Érica Knapp.

Integrou o Grupo Macunaíma/CPT (Centro de Pesquisa Teatral) de Antunes Filho, de 1998 a 2006. No período iniciou uma investigação de dramaturgia aliada à interpretação, que culminou no projeto Prêt-à-Porter. Criou, atuou e dirigiu quatro textos: Pela Janela no Primeiro Formato; Os Esbugalhados Olhos de Deus Prêt-à-Porter 4; Uma Fábula e O Poente do Sol Nascente Prét-à-Porter 5. Ainda no CPT, participou dos espetáculos Fragmentos TroianosMedéia I e Medeia II., ministrou aulas de interpretação e coordenou o grupo de dramaturgia.

 

Sobre Donizeti Mazonas

Diretor, dançarino e ator. Formado em Artes Cênicas pela Unicamp. Em 2003 fundou a Companhia da Mentira, da qual é ator e diretor. Juntamente com Wellington Duarte e Daniel Fagundes criou o Núcleo Entretanto, em 2007, onde se pesquisa dança-teatro-performance. Atuou em 2014 em Osmo, de Hilda Hilst, com direção de Suzan Damasceno; em 2012, com a Mundana Companhia de Teatro, fez Pais e Filhos e Menos Emergências, com direção de Juliana Galdino. Em 2009, esteve em Music-Hall, com direção de Luiz Paetow. Integrou o Centro de Pesquisa Teatral (CPT), coordenado por Antunes Filho de 1998 a 2002, participando de Prêt-à-Porter e 4.

Em 2008, dividiu a direção com Rosi Campos em A Obscena Senhora D. e dirigiu Soslaio, juntamente com Gabriela Flores. A parceria se repetiu em 2006/2005 em O que Você Foi Quando Era Criança?, de Lourenço Mutarelli. Em 2010, dirigiuOnde os Começos?, a partir da obra Teologia Natural, de Hilda Hilst. Em 2010, esteve em Rútilo Nada, a partir da novela homônima de Hilst, sob a direção de Daniel Fagundes. Em 2009, dirigiu Torso+Oco, para o 13° Festival da Cultura Inglesa; e em 2007, Récita... de um Movimento Só.

Em dança, fez Coisas que se Poderia Dizer no Fim (2013); e Desvio para o Chão (2012). Com o Núcleo de Improvisação, dirigido por Zélia Monteiro, de 2007 a 2013, participou de Por que Tenho essa Forma?, Área de Risco Espetáculos Imprevisíveis.

 

Ficha técnica

Texto: Priscila Gontijo. Direc?a?o: Suzan Damasceno. Concepção e interpretac?a?o: Donizeti Mazonas e Suzan Damasceno. Iluminac?a?o: Hernandes de Oliveira. Cenografia: Andre? Cortez. Figurino: Joana Porto. Trilha sonora: Suzan Damasceno. Músico:  William Costa. Realizac?a?o: Mannufatura Produc?o?es. 

 

Serviço

Uma Noite Sem o Aspirador de Pó. Estreia no dia 16 de outubro, sexta, às 20h30. Temporada: quinta a sábado, às 20h30, até 12 de dezembro. Oficina Cultural Oswald de Andrade: Rua Três Rios, 363, Bom Retiro. Bilheteria: Retirar ingresso meia hora antes da apresentação. Telefone: (11) 3222-2662 ou 3221-5558. Classificação etária: livre. Duração: 70 minutos. Capacidade: 30 lugares. Grátis.

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