Colunistas - Rodolfo Bonventti

Era uma vez na TV: Muito bate papo informal e comida. A receita perfeita do Clube dos Artistas

22 de Dezembro de 2010



Os artistas gostam de contar as novidades em volta de uma mesa de bar. Os telespectadores adoram ouvir ou ver essas novidades, principalmente se temperadas com alguma fofoca, e também observar o que esses artistas estão bebendo ou comendo. Se boa música ou números de dança se misturarem a esse cenário, a receita está perfeita e o sucesso, garantido.

Foi mais ou menos essa a receita pensada pelo diretor musical e apresentador Julio Nagib (1929-1983), em 1952, e que deu origem a um dos programas de televisão mais vistos nas décadas de 50,60 e 70, o "Clube dos Artistas", levado ao ar semanalmente pela TV Tupi.



O cenário tinha várias mesas redondas, muitas flores, enfeites, garçons que serviam comidas e bebidas, muita música e convidados ilustres que tinham alguma novidade a contar ou a apresentar. Costurando esse bate papo informal, um casal de apresentadores que falava bem e era muito simpático.

A idéia logo conquistou a direção da TV Tupi e alguns produtores e jornalistas como Ayrton Rodrigues (1922-1993), que inicialmente ficou nos bastidores, exatamente na produção do programa, até assumir o seu comando, no final da década de 60.

Os primeiros apresentadores desse Clube foram justamente o autor da idéia, Julio Nagib. e a atriz Márcia Real, pela sua dicção perfeita e elegância. Julio logo seria substituído na apresentação pelo competente Homero Silva (1918-1981), considerado nessa época o mestre de cerimônias número 1 da emissora. Márcia Real ficaria à frente do programa por 10 anos e seria substituída por outra atriz, Cacilda Lanuza. Até que no final da década de 60, Ayrton e sua esposa, a também cantora e atriz Lolita Rodrigues, assumiram de vez o comando do programa.




O "Clube dos Artistas" começou no final de 1952 e durou na telinha até 1980. No início, tanto os apresentadores como seus convidados se exibiam em roupas de gala. Bem de acordo com a tradição dos melhores clubes de serviços da época.

No "Clube" não havia o pagamento de cachês para os artistas que se apresentavam. Uma rápida aparição no programa já era sinal de reconhecimento pelo público e de venda certa do disco ou do sucesso do filme ou da peça, ali lançados. Em alguns programas, o número de artistas que circundavam as mesas chegava a 50 ou 60. Algo impensável nos dias de hoje na nossa TV.

De maneira bem descontraída, em um ambiente caseiro, principalmente depois que Ayrton e Lolita assumiram a apresentação do programa, todos os convidados tinham espaço para falar, cantar, dançar ou até mesmo realizar uma performance temática.

Do outro lado da telinha, o público adorava o programa e lhe garantia uma audiência cativa em todas as noites das sextas-feiras. Até hoje, o "Clube dos Artistas" é um dos programas campeões de permanência no ar, afinal, foram quase 28 anos de exibição ininterrupta.

E na próxima semana, o primeiro seriado nacional conquista o público e faz de Eva Wilma uma estrela da telinha.

Comentários
Assista ao vídeo