Os artistas gostam de contar as novidades em volta de uma mesa de bar. Os telespectadores adoram ouvir ou ver essas novidades, principalmente se temperadas com alguma fofoca, e também observar o que esses artistas estão bebendo ou comendo. Se boa música ou números de dança se misturarem a esse cenário, a receita está perfeita e o sucesso, garantido.
Foi mais ou menos essa a receita pensada pelo diretor musical e apresentador Julio Nagib (1929-1983), em 1952, e que deu origem a um dos programas de televisão mais vistos nas décadas de 50,60 e 70, o "Clube dos Artistas", levado ao ar semanalmente pela TV Tupi.
O cenário tinha várias mesas redondas, muitas flores, enfeites, garçons que serviam comidas e bebidas, muita música e convidados ilustres que tinham alguma novidade a contar ou a apresentar. Costurando esse bate papo informal, um casal de apresentadores que falava bem e era muito simpático.
A idéia logo conquistou a direção da TV Tupi e alguns produtores e jornalistas como Ayrton Rodrigues (1922-1993), que inicialmente ficou nos bastidores, exatamente na produção do programa, até assumir o seu comando, no final da década de 60.
Os primeiros apresentadores desse Clube foram justamente o autor da idéia, Julio Nagib. e a atriz Márcia Real, pela sua dicção perfeita e elegância. Julio logo seria substituído na apresentação pelo competente Homero Silva (1918-1981), considerado nessa época o mestre de cerimônias número 1 da emissora. Márcia Real ficaria à frente do programa por 10 anos e seria substituída por outra atriz, Cacilda Lanuza. Até que no final da década de 60, Ayrton e sua esposa, a também cantora e atriz Lolita Rodrigues, assumiram de vez o comando do programa.
O "Clube dos Artistas" começou no final de 1952 e durou na telinha até 1980. No início, tanto os apresentadores como seus convidados se exibiam em roupas de gala. Bem de acordo com a tradição dos melhores clubes de serviços da época.
No "Clube" não havia o pagamento de cachês para os artistas que se apresentavam. Uma rápida aparição no programa já era sinal de reconhecimento pelo público e de venda certa do disco ou do sucesso do filme ou da peça, ali lançados. Em alguns programas, o número de artistas que circundavam as mesas chegava a 50 ou 60. Algo impensável nos dias de hoje na nossa TV.
De maneira bem descontraída, em um ambiente caseiro, principalmente depois que Ayrton e Lolita assumiram a apresentação do programa, todos os convidados tinham espaço para falar, cantar, dançar ou até mesmo realizar uma performance temática.
Do outro lado da telinha, o público adorava o programa e lhe garantia uma audiência cativa em todas as noites das sextas-feiras. Até hoje, o "Clube dos Artistas" é um dos programas campeões de permanência no ar, afinal, foram quase 28 anos de exibição ininterrupta.
E na próxima semana, o primeiro seriado nacional conquista o público e faz de Eva Wilma uma estrela da telinha.