Mazzaropi em "Rancho Alegre" No fundo, uma casa de caboclo. Em frente a ela um banquinho com um caipira contando causos, piadas e cantando algumas modas dos rincões deste país, vez ou outra acompanhado de um sanfoneiro. Esse caipira, que tempos depois foi batizado como Jeca Tatu, era
Amácio Mazzaropi (1912-1981), e esse era o cenário de "Rancho Alegre", o primeiro programa da tv brasileira que misturava humor com música e que naquele longínquo 1950 já conquistava os telespectadores.
Mazzaropi trazia para a telinha da TV Tupi o mesmo programa que era um grande sucesso na Rádio Tupi desde 1946, e que ia ao ar todos os domingos, direto do auditório da rádio, no Sumaré. Nos primeiros programas "Rancho Alegre" pela TV, era só ele e o sanfoneiro, mas não demorou muito para que Cassiano Gabus Mendes incrementasse a atração com a participação da atriz e comediante
Geny Prado (1918-1998), que se transformaria na sua companheira inseparável no humor ingênuo e caipira tanto na tv como no cinema, e do também comediante
João Restiffe, que fez um pouco de tudo nos primeiros anos da Tupi, e é um dos raros pioneiros que ainda está vivo, com 86 anos. O sucesso foi tão grande que o programa ganhou dia e horário exclusivos: toda quarta-feira às 21h, e um patrocinador exclusivo.
Mazzaropi, Geny Prado e João Restiffe Ao lado de Mazzaropi, outro grande comediante vindo do rádio que também levou o riso fácil para a televisão, logo no primeiro dia, foi o impagável
Pagano Sobrinho (1910-1972). Ele tinha um humor muito espontâneo e natural e levava o público às gargalhadas sem precisar de nenhum recurso. Bastava ele, a câmera e suas histórias paulistanas típicas. Suas intervenções ficaram conhecidas como "As Paganadas" e se transformaram em um exemplo de como pode ser fácil o humor que brinca com o cotidiano e os personagens típicos de uma cidade grande.
Enquanto Mazzaropi e Pagano Sobrinho enfrentavam as câmeras sozinhos, com a cara e a coragem, um outro espaço humorístico ganhou força logo na primeira semana. Era uma sala de aula muito movimentada e divertida. Ainda não era a escolinha celebrizada por Chico Anysio anos depois na Rede Globo, mas uma precursora dela. Criada pelo redator e ator
Paulo Leblon (1911-1958), a "Escolinha do Ciccillo" foi um grande sucesso e reunia um time de comediantes onde se incluíam Xisto Guzzi, Simplício, João Monteiro, Geny Prado, Aldaísa de Oliveira, Nelson Guedes e o então ainda menino Walter Avancini.
Paulo Leblon Mas o humor adulto também deu espaço para o humor infantil logo no início da nossa televisão, com o surgimento dos primeiros palhaços e um circo muito divertido e irreverente. Mas isso a gente conta na semana que vem. Até lá!