Há algum tempo não tínhamos a chegada de uma marca realmente nova ao cenário motociclístico brasileiro. Entre idas e vindas, KTM, Triumph e Ducati, por exemplo, sofreram com o efeito ‘boomerang’, mas recentemente fincaram os pés no País com suas subsidiárias. Agora é a vez da centenária Indian Motorcycle, primeira fabricante norte-americana de motos, a desembarcar oficialmente no Brasil com cinco novos modelos.
Elleonora Pagnanelli durante a última edição da Bike Week em Daytona |
Acreditando em um futuro promissor, a marca já estabeleceu com uma linha de montagem em Manaus (AM) – em parceria com a Dafra Motos –, a primeira fora dos Estados Unidos. A marca, que pertence desde 2011 ao Grupo Polaris, já escolheu os modelos que marcarão sua estreia no mercado nacional: Scout, Chief Classic, Chief Vintage, Chieftain e a Roadmaster. Os preços ainda não foram definidos pela fabricante, mas o lançamento oficial acontece durante o Salão Duas Rodas, que acontece entre 7 e 12 de outubro, no Anhembi, em São Paulo (SP).
“As Indian são motos com excelente ciclística, alto nível de tecnologia e acabamento, além de muito conforto. Não viemos para brincar. Estamos tratando o mercado brasileiro com muita seriedade e respeito. Acreditamos na qualidade e potencial de nossos produtos”, analisa Rodrigo Lourenço, diretor geral da Polaris do Brasil.
Em sua fase de implantação, a marca terá lojas exclusivas com showroom de produtos e oficinas completas. Inicialmente, a rede de concessionárias estará em quatro capitais: São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (BH), e Florianópolis (SC). Até 2016, a marca promete mais quatro concessionárias. “A meta para o primeiro ano é comercializar mil unidades. A Scout será nosso ‘carro-chefe’ e representará pouco mais de 50% de nossas vendas. Apesar da flutuação do câmbio, teremos preços bastante competitivos perante a concorrência”, explica Lourenço, diretor geral da Polaris do Brasil.
A Scout, por exemplo, deve ter preço cerca de 10% acima de sua principal concorrente, a Harley-Davidson Iron 883, que tem preço sugerido de R$ 34.900. Apesar de mais cara, a Indian Scout leva vantagem em desempenho, já que traz motor de V2, de 1.133 cc e refrigeração líquida.
Os outros modelos, integrantes das linhas Cruiser (Chief Classic), Bagger (Chief Vintage e Chieftain) e Touring (Roadmaster) terão, é claro, como principais concorrentes as motos Harley (linhas Dyna, Softail e Touring), mas também alguns modelos japoneses como, por exemplo, a linha Suzuki Boulevard, a Yamaha Midnight Star 950 e até mesmo a Honda Gold Wing.
Para Lourenço, apesar de a marca não estar até então no mercado brasileiro, a Indian exerce uma simpatia à primeira vista, seja por sua história, seja por seu logotipo. “AHarley, por sua vez tem carisma e o status de moto premium. Mas há espaço para as duas marcas conviverem em harmonia, porém dividindo o mesmo perfil de consumidor. Uma coisa é certa, a briga não vai ser fácil, mas há mercado para todos”, explica, com muito tato, o executivo da Polaris.
Segundo Rodrigo Lourenço, a Indian é destinada a um público que quer um produto exclusivo que proporcione novas experiência e boas lembranças. “Dessa forma, queremos que o motociclista pilote nossas motos e compare. Este cliente será nosso fiel depositário. Ou seja, estamos buscando clientes pré-dispostos a experimentar nossas motos”, comenta o diretor da Polaris, afirmando que estes motociclistas “vão gostar da experiência!”.
Além da questão puramente comercial, outro objetivo da Indian no Brasil é mostrar que a marca oferece produtos com boa dose de tecnologia embarcada, mas com uma boa dose de tradição em duas rodas. História que, aliás, ficou imortalizada no filme “Desafiando os Limites”, de 2005. A película mostra a história de vida do neozelandês Burt Munro(Anthony Hopkins) que passou anos reconstruindo uma Indian 1920. Apesar de todo tipo de dificuldade, a moto conquistou o recorde mundial velocidade no Deserto de Bonneville (EUA) em 1967.
Fundada em 1901, a Indian Motorcycles foi adquirida em 2011 pelo Grupo Polaris, fabricante de quadriciclos, UTVs, motos aquáticas, e de outra marca de motocicletas, aVictory Motorcycles. De lá para cá houve uma injeção de dinheiro da Polaris para renovar a Indian, porém mantendo sua identidade e características de marca. Conheça abaixo o line-up com o qual a Indian Motorcycle pretende ganhar mercado no Brasil. Tudo vai depender do preço das motos, de haver uma rede de concessionárias capaz de oferecer peças de reposição e assistência técnica adequada para conquistar a confiança do consumidor.
- Scout
Lançada em 2014 nos Estados Unidos, a nova Indian Scout faz uma releitura de um famoso modelo da marca nos anos de 1920, 30 e 40. Com um visual longo e baixo, a Scout é equipada com um novíssimo motor DOHC (duplo comando de válvula) V-Twin de 1.133 cm³ e oito válvulas, o primeiro propulsor da Indian com sistema de arrefecimento a líquido. Capaz de gerar 100 cavalos de potência as 8.100 rpm e torque máximo de 9.98 kgf.m aos 5.900 giros, conta ainda com injeção eletrônica de combustível e acelerador eletrônico “ride-by-wire”.
- Chief Classic
Com visual bastante clássico das motos do segmento cruiser, a Chief Classic traz as clássicas linhas das motos Indian: paralamas envolventes na dianteira e na traseira com uma boa dose de cromados. O modelo sai de fábrica com o novo motor ThunderStroke V-Twin de 111 polegadas cúbicas (1.811 cm³), criado pela Polaris para essa nova fase da Indian. A potência não é divulgada, mas o torque é de incríveis 14,1 kgf.m a 2.600 rpm. Freios ABS, sistema de ignição keyless e Cruise control são itens de série, ao menos nos Estados Unidos.
– Chief Vintage
Como já fica claro no nome, a Chief Vintage tem inspiração retrô nas clássicas baggers da marca – o termo bagger é utilizado para descrever as motos custom com malas laterais e para-brisa de série. No caso da Chief Vintage não é diferente: o modelo tem malas em couro e para-brisa removível. A propulsão fica por conta do mesmo V2 Thunder Stroke 111 de 1.811 cm³. O modelo traz os mesmo itens de série que a Chief Classic, ABS, ignição Keyless e Cruise Control.
- Chieftain
Mais uma bagger, a Chieftain, entretanto, tem carenagem fixa e malas laterais rígidas. O motor é o mesmo V2 de 1.811 cm³ com refrigeração a ar. Mas a Chieftain traz sistema de áudio na carenagem frontal e malas laterais com conexão Bluetooth. Além dos mesmos itens de conforto de série, a Chieftain traz o tradicional logo de um índio pintado no tanque.
- Roadmaster
Motocicleta mais completa e luxuosa do line-up da Indian, a Roadmaster é uma autêntica Touring: além da enorme carenagem frontal com painel completo, sistema de som etc, o modelo traz malas laterais e um top-case que incorpora encosto para a garupa. O parabrisa tem ajuste elétrico e os bancos são feitos em couro. O motor é o tradicional V2 de 1811 cm³. Vem para brigar de frente com a luxuosa Harley-Davidson Ultra Limited.