O amor próprio é um sentimento puro, nascido da capacidade de reconhecer suas qualidades e suas limitações. Antes de tudo é amor. Não há nele características dominantes como ego e vaidade. Difere-se completamente do orgulho, que a todo tempo quer mostrar-se bom até mesmo “denominando” amor próprio o que não passa de prepotência.
Como posso amar a mim mesmo e não amar meu próximo? Achar-me superior a ele? Julgar que os erros dele são maiores que os meus? O verdadeiro amor, seja qual for substantivo que o acompanhe, não se retrai (isso é egoísmo) não se limita a alguns seres, (isso são afinidades), se coloca no lugar do outro e não atrai divisões ou facções, não se ensoberba, não se orgulha de estar certo quando isso pode custar a felicidade de alguém.
Coloca-se em primeiro lugar, mas não em único e nem por isso se torna o mais importante.
Se preocupa sim em fazer o certo, mas muito mais em fazer o bem.
Quando passamos por longos períodos de dor e rejeição buscamos o amor próprio como escudo para defender-se de nova rejeição. E na verdade a rejeição mais importante a ser combatida é a interna. Como você pode verdadeiramente se amar se suas atitudes mesquinhas o tornam desprezível?
O orgulho ensoberbe-se, é filho da gratidão como disse Cervantes.
O amor reconhece a importância de todos e sua real condição de dependente.
O orgulho emancipa. O amor liberta.
O orgulho julga. O amor afasta-se.
O orgulho olha de cima pra baixo. O amor olha com compaixão.
O orgulho diz: Você não precisa de aprovação!
O amor diz: Você precisa compreender a reprovação!
O orgulho bate no peito. O amor inclina-se.
O orgulho cria plateias. O amor cria espectadores.
O orgulho facciona. O amor deixa ir.
O orgulho intimida. O amor estará sempre de braços abertos.