Colunistas - Rodolfo Bonventti

Eterna Memória - José Mauro de Vasconcelos

1 de Junho de 2015

O carioca José Mauro de Vasconcelos passou por muitas dificuldades quando menino, muitas delas retratadas em seu livro mais conhecido, o best seller “O Meu Pé de Laranja Lima”, um fenômeno de vendas no final da década de 60 e início da década de 70.

José Mauro foi ator e treinador de boxe antes de ser escritor
 

Essas dificuldades fizeram com que ele passasse a maior parte da sua infância sendo criado por tios em Natal, no Rio Grande do Norte.

 

Voltou para o Rio de Janeiro com 15 anos, disposto a se sustentar de qualquer forma e para isso fez um pouco de tudo, sendo garçom, treinador de boxe, operário, carregador de bananas, locutor de rádio e ator de cinema. Nessa última empreitada fez os filmes “Floradas na Serra”; “O Preço da Ilusão”; “Fronteiras do Inferno”; “Na Garganta Do Diabo”; “Mulheres e Milhões” e “A Ilha”.

O sonho de infância de José Mauro era ser um campeão de natação e ele chegou a participar de alguns campeonatos, mas logo percebeu que não teria muito futuro e nem como investir nesta carreira. Entrou na Faculdade de Medicina, mas abandonou o curso antes de começar o segundo ano.

 

De temperamento forte e muito inconstante, José Mauro de Vasconcelos resolveu escrever profissionalmente após ter viajado o Brasil de norte a sul. Ele trabalhou junto com os irmãos Villas-Boas percorrendo os rios da região do Araguaia, em uma luta em defesa dos índios, por alguns anos.

Os livros dele falavam de suas experiencias pessoais pelo Brasil
 

O primeiro livro foi o romance “Banana Brava”, que contava um pouco do dia dos garimpeiros, ainda na década de 40, e o resultado foi muito pequeno, com a crítica especializada nem tomando conhecimento do livro.

José Mauro de Vasconcelos como ator no filme "Na Garganta do Diabo"
 

Depois vieram “Barro Blanco”; “Longe da Terra”; “Vazante”; “Modelo 19”; “Arara Vermelha”; “Arraia de Fogo” e “Rosinha, Minha Canoa”, o primeiro sucesso literário, em 1962.

Elenco da primeira versão de "O Meu Pé de Laranja Lima" na TV Tupi
 

Com o sucesso desse livro ele deixou a carreira de ator de cinema que estava desenvolvendo, e passou a escrever não só romances, mas também roteiros de filmes.  Fez “Rua Descalça”  e em 1968 lançou “O Meu Pé de Laranja Lima”, um livro autobiográfico onde conta o choque que sofreu com algumas mudanças bruscas na sua vida e na vida da sua família.

O sucesso do livro foi tão grande junto aos jovens e crianças, que, na mesma proporção em que a obra “estourava” em vendas, ele era cada vez mais marginalizado pela crítica especializada, que sequer citava o autor ou a obra em suas matérias sobre literatura nacional.

 

 

As obras de José Mauro encantaram uma geração pela simplicidade e pelas aventuras que seus personagens viviam por esse Brasil afora. “O Meu Pé de Laranja Lima” teve três versões para a televisão (uma na Tupi e duas na Bandeirantes) e gerou um filme em 1970, enquanto “Rua Descalça” e “As Confissões de Frei Abóbora”, também se transformaram em filmes em 1971 e 1972 e “Arara Vermelha”, no final da década de 50.

O livro, lançado em 1968, se transformou em recordista de vendagem
 

Ele morreu de broncopneumonia aos 64 anos de idade em São Paulo e só foi reconhecido como um grande autor após o sucesso de “O Meu Pé de Laranja Lima” nas adaptações televisivas.

Sua obra mais conhecida foi adaptada como novela (3 vezes) e para o cinema (duas vezes)
 
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