Colunistas - Rodolfo Bonventti

Coluna Eterna Memória - Janete Clair

28 de Abril de 2015

O sucesso das telenovelas globais se deve a um nome em especial: Jenete Stocco Emmer ou simplesmente Janete Clair, a grande dama ou maga das novelas das oito da noite na televisão brasileira, que a partir de 1969, quando escreveu “Véu de Noiva” para a emissora carioca, provocou um grande abalo na teledramaturgia tupiniquim.

A grande novelista na década de 40 na Rádio Tupi Difusora
 

Nascida em uma pequena cidade, Conquista, no interior de Minas Gerais, há exatos 90 anos, Janete descobriu o que queria fazer na vida quando a família se mudou para a cidade de Franca, no interior de São Paulo, e ela conheceu a carreira artística no rádio, cantando em francês e árabe em uma emissora local.

 

Mas foi ao passar em um teste para ser rádioatriz e locutora na Rádio Tupi-Difusora, na capital paulista, em 1943, que ela começou uma brilhante carreira artística. Foi nos corredores da Rádio Tupi que ela conheceu o rádioator Alfredo Dias Gomes com quem se casou em 1948, se transferindo para o Rio de Janeiro e para a Rádio América, onde Dias Gomes foi ser diretor de rádioteatro.

 

 

Incentivada pelo marido ela começou a escrever radionovelas e mudou seu nome artístico para Janete Clair. O sucesso na Rádio Nacional com suas radionovelas a tornou muito conhecida no Rio de Janeiro, mas não foi o suficiente para que lhe dessem uma oportunidade na televisão, e ela só venceu o preconceito em 1964, quando a TV Tupi do Rio aceitou realizar a novela “O Acusador”, com direção de Fábio Sabag e Jardel Filho no papel principal.

Com "Selva de Pedra" bateu todos os recordes de audiência
 

Mas foi somente quase três anos depois que, em 1967, Janete recebeu um convite de José Bonifácio de Oliveira, o Boni, para tentar salvar uma novela que custava muito para a emissora mas não dava audiência. Era “Anastácia, A Mulher Sem Destino”, uma daquelas adaptações totalmente fora da nossa realidade que dona Gloria Magadan tanto gostava naquela época.

O público a conheceu em "Anastacia, A Mulher Sem Destino"
 

Janete Clair não se fez de rogada e provocou um grande furacão que devastava a ilha em que a história era passada, eliminava grande parte do elenco e quase que começava de novo, agora dando um pulo de 20 anos e com um elenco bem reduzido. E essa “revolução” mostrou para a emissora que aquela autora não brincava em serviço e poderia trazer grandes trabalhos para a emissora.

 

E foi justamente Janete Clair quem provocou um furacão ainda maior na teledramaturgia da emissora, dois anos depois, junto com o diretor Daniel Filho, ao decretarem o fim do reinado de Glória Magadan com a estréia da primeira novela das oito com temática nacional e diálogos contemporâneos: “Véu de Noiva”, que entraria para a nossa teledramaturgia também por marcar a estréia de Regina Duarte na emissora.

 

A consagração chegaria para a novelista em 1970, quando ela escreveu seu trabalho mais longo (foram mais de 320 capítulos), a saga de “Irmãos Coragem”, um sucesso absoluto de audiência e de crítica. Logo em seguida, já que Janete Clair nunca foi de tirar longas férias do vídeo, ela viria com o misticismo de “O Homem que Deve Morrer”, onde ela e o ator Jardel Filho voltariam a se encontrar. Mas foi em 1972 que ela conseguiria a proeza de escrever uma novela que conquistaria quase 100% de audiência em um capítulo, “Selva de Pedra”, outro marco da nossa teledramaturgia, estrelada por Francisco Cuoco, Regina Duarte e Dina Sfat.

Com o marido Dias Gomes revolucionou as novelas da TV Globo
 

A partir daí, os sucessos às oito da noite na TV Globo estavam garantidos se a autoria da novela fosse de Janete Clair. E viriam “O Semideus”; “Fogo Sobre Terra”; “Pecado Capital”; “Duas Vidas”; “O Astro”; “Pai Herói”; “Coração Alado” e “Sétimo Sentido”.

Ela escreveu ao todo 18 novelas para a TV Globo
 

Ela também escreveria uma novela para o horário das 19h, que foi “Bravo”, em 1975, e outra para o das 22 horas, “Eu Prometo” que acabou sendo seu último trabalho, já que logo no início da confecção da novela Janete descobriu um câncer no intestino que a levou com a novela ainda no ar e com apenas 58 anos de idade, deixando o viúvo Dias Gomes e três filhos: Alfredo, Guilherme e Denise.

Com "Irmãos Coragem" se tornou a grande dama das oito da noite
 
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